Encontro dos jovens da UNITA, de 8 a 10 de novembro, em Luanda, está a despertar a atenção. Nas redes sociais multiplicam-se os comentários sobre eleição do secretário-geral. À liderança da JURA concorrem 8 militantes.
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Nelito Ekikui, de 28 anos, é o deputado mais jovem da legislatura 2017/2022 e está entre os oito militantes da Juventude Unida Revolucinária de Angola (JURA) que se candidataram à liderança do braço juvenil da UNITA, o maior partido da oposição angolana.
Considerado um dos favoritos, Ekikui faz várias promessas: "Pressionar e agir em nome do jovem de Angola com vista à sua formação, promoção, afirmação na sociedade, no acesso ao ensino médio, técnico profissional gratuito, no acesso às universidades, ao primeiro emprego e habitação a luz à luz do artigo 81 da Constituição de Angola."
O candidato também promote "promover a JURA como fiscalizadora número um na implementação e efetivação das políticas públicas da juventude até ao consumidor final: o jovem."
Na corrida está também o secretário-geral cessante: Aly Mango. O deputado no Parlamento angolano também é apontado como favorito, por conhecer os cantos à casa. "O que nos leva mais uma vez a recandidatar-nos tem a ver com afirmação, tem a ver com a defesa dos menos equipados, proteção e promoção do jovem angolano", afirma.
Uma mulher na corrida
Entre a lista de candidatos destaca-se um outro nome: Elsa Pataco. É a única mulher que concorre à liderança da JURA. E a presença feminina pode ser um dos motivos por detrás do particular interesse da sociedade angolana neste congresso.
Congresso do braço juvenil da UNITA dá que falar em Angola
Nas redes sociais, por exemplo, é possível ver cidadãos sem filiação partidária a manifestarem a sua intenção de voto. Casos como o da jornalista Luísa Rogério, que escreveu no Facebook que votaria em Elsa Pataco, apesar de não ser jovem nem da UNITA.
"Além dos jovens, tem despertado a atenção das mulheres. Temos uma candidata, Elsa Pataco, que vem trazer um ar fresco às eleições, quer para a juventude da UNITA quer para a juventude de outros partidos em geral", explica o analista político Augusto Báfuabáfua.
Durante muito tempo, a juventude angolana não falava de política. Já o dizia Valdemar Bastos, na música "Velha Xica": Xe menino não fala política, não fala política, não fala política.
Hoje, o contexto é totalmente diferente, destaca Augusto Báfuabáfua. "É uma juventude muito diferente daquela que tivemos há dez ou vinte anos atrás. Cresceu nos últimos anos, nas últimas décadas com uma Angola em paz. Grande parte desta juventude também já nasceu numa Angola democrática", lembra.
"Acaba de me matar": jovens angolanos protestam contra o Governo nas redes sociais
Devido à falta de estrutura para lidar com os efeitos da chuva, pelo menos dez pessoas morreram em Luanda. Esta situação levou os cidadãos a iniciarem no Facebook uma onda de protestos denominada "Acaba de me matar".
Foto: Guenilson Figueiredo
Perdas após mau tempo
A morte de uma criança de quatro anos desencadeou a onda de protestos nas redes sociais, com os cidadãos a partilhar imagens fingindo-se de mortos e com a mensagem "Acabam de nos matar", uma forma de repudiar a não resolução dos problemas da população por parte do Governo. Ariano James Scherzie, 19 anos, participou na campanha que rapidamente se tornou viral.
Foto: Ariano Scherzie
Sonhos estão a morrer
Botijas de gás, livros, computadores e blocos de cimento estão entre os objetos usados pelos jovens para protestar contra o que dizem ser más políticas públicas. Indira Alves, 28 anos, lamenta a situação do seu país. "Estou a morrer. Desde as condições de vida até aos sonhos, não é possível o que temos vivido nesta Angola", conta a jovem que abandonou os estudos para trabalhar.
Foto: Indira Alves
Chamar atenção das autoridades
Anderson Eduardo, 24 anos, quis "atingir pacificamente a atenção de alguém de direito a fim de acudir-nos". Decidiu participar no protesto devido ao descontentamento com a governação em Angola. "Eles nos pedem para apertar o cinto, se contentar com o bem pouco, e ao mesmo tempo tudo sobe de preço, alimentos, vestuários, electrodomésticos, e o salário não sobe”, conta o engenheiro informático.
Foto: Anderson Eduardo
Em nome dos colegas e pacientes
Cólua Tremura, 24 anos, conta o porquê de ter participado no protesto: "A minha motivação foram os meus colegas que cancelaram a faculdade por causa da crise, os colegas que morreram antes de realizarem o sonho de serem médicos, os pacientes que apenas vão ao hospital quando estão graves. Acredito que [o protesto] não alcançou os resultados previstos, que era chamar a atenção do Governo".
Foto: Cólua Tremura
Sem reações
Lucas Nascimento, 20 anos, viu no mau tempo e na falta de estrutura razões para aderir ao protesto. O jovem quis dar apoio a uma jovem da região que perdeu a casa num desabamento provocado pelo mau tempo. "Acaba de me matar quer dizer que nós já estamos mal e o Governo está acabando de nos matar", explica. "Até aqui, não notamos nenhuma reação do Governo, talvez possa ser ignorância ou desleixo".
Foto: Lucas Nascimento
Falta justiça
Guenilson Figueiredo, 20 anos, entrou na onda de protestos e teme as consequências que ela pode trazer aos cidadãos que participaram. "Não posso falar muito sobre este protesto, porque nós vivemos num país onde a justiça só funciona contra os pobres".