Conselho de Segurança da ONU condena violência no Sudão
Lusa | AFP | tms
12 de junho de 2019
O Conselho de Segurança da ONU condenou "firmemente" a violência no Sudão e apelou aos militares no poder e aos grupos de protesto que trabalhem juntos pela transição do poder para os civis.
Publicidade
Os membros do Conselho de Segurança da ONU apelaram ao fim imediato da violência contra civis e salientaram a importância do respeito pelos direitos humanos. O apelo foi feito num comunicado divulgado na noite de terça-feira (11.06). "Os membros do Conselho condenaram firmemente a recente violência na República do Sudão", lê-se na declaração.
Desde a dispersão violenta de um acampamento da oposição, no passado dia 3, frente ao Quartel General das Forças Armadas em Cartum, 118 pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas, segundo uma comissão de médicos próxima do movimento de protesto, a maioria durante esta violenta dispersão.
Trabalho em conjunto
"Os membros do Conselho apelaram a todas as partes para que continuem a trabalhar em conjunto em busca de uma solução consensual para a atual crise", refere o texto.
Os diplomatas do Conselho de Segurança assinalaram que o comunicado preparado pela Alemanha e pelo Reino Unido encontrou alguma resistência por parte da China e da Rússia, que não queriam emitir uma condenação.
O movimento de protesto sudanês concordou na terça-feira em retomar as negociações com os militares para encontrar uma saída para a crise, segundo mediadores etíopes.
A Aliança para a Liberdade e a Mudança (ALC), principal força dos protestos, também pediu aos sudaneses para "voltarem ao trabalho nesta quarta-feira", depois de mais de três dias de desobediência civil. Esta campanha havia sido lançada após a repressão aos manifestantes e para retomar as negociações com os generais.
Mediação norte-americana
Nesta quarta-feira (12.06), o secretário de Estado adjunto para assuntos africanos, Tibor Nagy, pretende reunir-se com os generais e líderes de protestos em Cartum, informou o Departamento de Estado norte-americano. Também deverá discutir a crise sudanesa com líderes da União Africana, na Etiópia.
"Nagy pedirá a cessação dos ataques contra civis e instará as partes a trabalhar para criar um ambiente propício" para que as negociações sejam retomadas, disse o Departamento de Estado.
Os Estados Unidos lideram os pedidos por uma transição conduzida por civis, mesmo quando seus aliados árabes, como o Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, apoiam os generais.
Desde dezembro, o Sudão vive uma revolução popular sem precedentes que conduziu à deposição, em abril, do Presidente Omar al-Bashir, substituído por um Conselho Militar Transitório.
Apesar da mudança, os manifestantes continuaram nas ruas, reclamando uma transferência de poder para os civis, enquanto decorriam negociações. As negociações entre os movimentos de contestação e a Junta Militar fracassaram em 20 de maio, com as duas partes a quererem assumir a liderança do período de transição de três anos.
Países africanos que mais violam a liberdade de imprensa
Gana é o país africano mais bem classificado no "<i>Ranking</i> Mundial da Liberdade de Imprensa" dos Repórteres sem Fronteiras. A Eritreia é o pior em África e, a nível mundial, só é melhor que a Coreia do Norte.
Foto: Esdras Ndikumana/AFP/Getty Images
Eritreia - posição 179º lugar
A liberdade de imprensa é considerada "não existente". Em 2001, uma série de medidas repressivas contra <i>media</i> independentes levaram a uma onda de detenções. O Presidente Isaias Afeworki é visto como um “predador” da liberdade de imprensa e usa os meios de comunicação nacionais como seus porta-vozes. Escritores, locutores e artistas são censurados e a informação é escondida dos cidadãos.
Foto: picture-alliance
Sudão - 174º lugar
Na capital Cartum, pratica-se a chamada “censura pré-publicação". O Governo detém jornalistas arbitrariamente e interfere abertamente na produção de notícias. A "Lei da Liberdade de Informação de 2015" é vista como uma outra forma de exercer controlo governamental sobre a informação pública. Os jornalistas têm de passar por um teste e obter uma permissão para trabalhar.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
Burundi - 159º lugar
Repressão estatal contra a liberdade de imprensa e intimidação de jornalistas é comum no país. <i>Media </i> controlados pelo Estado substituem cada vez mais estações de rádio independentes, depois de a maior parte delas ter sido forçada a fechar, após uma tentativa de golpe de estado há três anos. Centenas de jornalistas fugiram do país desde 2015. Na foto, protesto de jornalistas no país.
Foto: Esdras Ndikumana/AFP/Getty Images
República Democrática do Congo - 154º lugar
Defensores dos <i>media</i> falam em jornalistas mortos, agredidos, detidos e ameaçados desde que Joseph Kabila sucedeu ao pai na presidência do país em 2001. Orgãos de comunicação internacionais queixam-se que o Governo interfere nos sinais de rádio ou corta mesmo a transmissão. Protestos da oposição levaram as autoridades a interromper ou cortar o acesso à Internet.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
Suazilândia - 152º lugar
Esta monarquia absoluta tem a reputação de obstruir o acesso à informação e impedir os jornalistas de fazerem o seu trabalho. Os <i>media</i> estão sujeitos a leis restritivas e repórteres são frequentemente chamados a tribunal pelo seu trabalho. Auto-censura é comum. Um editor saiu recentemente do país depois de fazer uma reportagem sobre negócios obscuros ligados ao Rei Mswati III (na foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Etiópia - 150º lugar
O Governo tem uma mordaça sobre os órgãos de comunicação e os jornalistas trabalham sobre condições muito restritivas. Com a Eritreia, este país tem uma das mais altas taxas de jornalistas detidos na África subsariana. Na foto, o jornalista etíope Getachew Shiferaw, que foi condenado a 18 meses de prisão por ter falado com um dissidente.
Foto: Blue Party Ethiopia
Sudão do Sul - 144º lugar
Os jornalistas são obrigados pelo Governo a evitar fazer cobertura do conflito. Órgãos de comunicação internacionais denuciaram casos de assédio e foram banidos deste jovem país, onde pelo menos 10 jornalistas foram mortos desde 2011. Na foto, dois jornalistas do Uganda que tinham sido detidos por autoridades no Sudão do Sul.
Foto: Getty Images/AFP/W. Wudu
Camarões - 129º lugar
O Governo chamou às redes sociais uma “nova forma de terrorismo”, e bloqueia frequentemente o acesso às mesmas. Emissões de rádio e televisão foram bloqueadas duas semanas em março, durante o período eleitoral. Jornais que publicam conteúdos que desagradam políticos no poder são banidos e jornalistas e editores são detidos.
Foto: picture alliance/abaca/E. Blondet
Chade - 123º lugar
Os jornalistas arriscam-se a detenções arbitrárias, agressões e intimidações. Nos últimos meses, o Governo tem vindo a reprimir plataformas de <i>social media</i> e ciber-ativistas. A Internet tem estado bloqueada no país desde 28 de março, no seguimento de um “apagão” da Internet devido a manifestações da sociedade civil e protestos dos órgãos de comunicação num chamado “dia sem imprensa”.
Foto: UImago/Xinhua/C. Yichen
Tanzânia - 93º lugar
Críticos dizem que o Presidente John Magufuli tem vindo a atacar a liberdade de expressão deliberadamente, desde que tomou posse em 2015. Jornalistas foram presos ou dados como desaparecidos. Orgãos de comunicação social foram fechados ou impedidos de publicar durante longos períodos de tempo. Leis que podem ser usadas contra os <i>media</i> foram apertadas.