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Conselho de Segurança da ONU discute situação no Sudão

20 de junho de 2011

No dia 9 de Julho, o sul do Sudão deve tornar-se independente. À medida que a data se aproxima, aumenta a inquietação.

Mais uma vez o Conselho de Segurança da ONU se ocupou nesta segunda feira (20) com a situação no Sudão.Foto: picture-alliance/dpa

Os membros do Conselho discutiram a sugestão de enviar uma força de paz para a região fronteiriça entre o norte e o sul do Sudão, onde se vive em clima de grande tensão. Há muitos conflitos em aberto. Só na semana passada foram mortas quase 100 pessoas no sul do Sudão e mais de 100.000 fugiram das suas terras. Desde o fim da guerra civil há seis anos que a situação não era tão grave.

O secretário geral da ONU Ban ki Moon e o ex-presidente norte-americano Jimmy Carter tentaram sem êxito mediar no conflito entre o norte e o sul do Sudão.Foto: AP

Região de Abyei cobiçada por causa do petróleo

O centro dos incidentes é a cidade de Abyei, cuja região está ocupada desde maio por tropas do norte. Tanto o governo de Cartum como os líderes de Juba, a futura capital do sul do Sudão, reinvindicam aquele território. Andrews Atta-Asamoah, do Instituto de estudos sobre segurança, em Nairobi, comenta que "em Abyei deveria ter-se realizado em Janeiro passado um referendo, no mesmo dia em que se fez o referendo no sul do Sudão". Mas o especialista afirma que como não se conseguiu chegar a acordo sobre quem é que tinha direito de votar, o referendo acabou por não ter lugar. E conclui ao afirmar que "desde então vive-se em conflito permanente sobre o estatuto de Abyei”.

A maioria da população de Abyei pertence à tribo dos Dinga-Ngok. Também habitam ali nómadas do norte que vivem da criação de gado. Os dois grupos temem ficar em desvantagem depois da cisão do país. É uma disputa pela terra e pela água e no caso de Abyei, sobretudo pelo petróleo. Além disso o norte do Sudão é muçulmano e o sul cristão. Mas Marina Peter, duma Associação alemã que se interessa pelo sul do Sudão, afirma que há outros motivos para o conflito:

“Por enquanto há muitas questões ainda em aberto, sobretudo relacionadas com a segurança, com o novo traçado das fronteiras ou a distribuição das riquezas", disse. E segundo Marina Peter "os dois lados querem que as negociações que se vão iniciar em breve, levem em conta os seus interesses” afirmou.

Omar al Bashir, presidente do Sudão tentou impedir a cisão do país. O fracasso dos seus esforços enfraqueceu a sua posição interna.Foto: dapd

A cisão afeta o presidente Omar al Bashir

O presidente sudanês Omar al Bashir perdeu prestígio internamente com a cisão do seu país. 99% dos sudaneses do sul votaram em janeiro passado a favor da independência. O Sudão, que era até agora o maior país africano, perde assim cerca dum terço do seu território e os maiores campos de petróleo. Mas apesar de tudo a separação no dia 9 de Julho não deve estar em perigo, segundo Andrews Atta-Asamoah do Instituto de estudos sobre a segurança, em Nairobi...

“É possível que o estatuto de Abyei não seja definido até Julho. Isso significa que a nova república do sul do Sudão vai herdar um problema que será uma fonte de conflitos constantes com o Norte” conclui o especialista.

Marina Peter também pensa que a violência não vai acabar em breve no Sudão. O que é que a comunidade internacional pode fazer? Exercer pressão para pôr termo aos combates e apoiar um processo de democratização a longo prazo...

“A comunidade internacional tem de dizer claramente aos dois lados que a ajuda prometida só será dada depois de acabar a guerra". E cita como exemplo "o perdão das dívidas e a promessa feita pelos EUA, de tirar o Sudão da lista dos países que apoiam o terrorismo internacional. Isto são alguns instrumentos de pressão” afirmou.

Autor: Gönna Kettels / Carlos Martins
Edição: António Rocha

99% dos habitantes do sul do Sudão votaram a favor da independência. Na foto, um cartaz de acolhimento no aeroporto de Juba, a futura capital do terrtório. O sul do Sudão será o 193º país do mundo.Foto: DW/Degen
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