O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), com Daviz Simango, lidera os destinos da cidade da Beira há 15 anos. Chegou a hora da FRELIMO ou da RENAMO? Campanha para as autárquicas de 10 de outubro entrou no nono dia.
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O atual autarca da Beira e cabeça de lista pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, mostra-se otimista em renovar a sua liderança em mais um mandato de cinco anos. Durante um "showmício" no bairro de Macurrungo, nos arredores da cidade da Beira, o atual edil falou na língua local "chindau", para dizer à população que, nenhum partido vai arrancar o poder ao MDM.
Mas segundo o analista, Sérgio Andrade, a popularidade de Daviz Simango na Beira já foi maior do que é atualmente. "O povo da Beira está um bocado cansado, porque são 15 anos que Daviz está no poder, são 15 anos em que, praticamente, as coisas ficaram piores do que eram antes", afirma.
Promessas da FRELIMO
Simango parece ter poucas hipóteses de conseguir a reeleição na edilidade mais importante do MDM. Os dois candidatos adversários - o secretário-geral da RENAMO, Manuel Bissopo, e a secretária-permanente do governo provincial, Augusta Maita - mostram-se mais fortes do que nunca.
03.10.18 Campanha Beira - MP3-Stereo
A cabeça de lista da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Augusta Maíta, diz ser este o momento oportuno para os munícipios votarem na mudança das condições de vida. "O nosso programa de governação prevê iluminar todas estradas para permitir que a população ande à vontade", assegura.
A candidata da FRELIMO também promete resolver o problema do assentamento urbano, que não é observado no bairro da Munhava, por exemplo. "O que iremos fazer é, identificar onde ainda há espaços seguros para construção e criar as condições de infraestruturas básicas, para que as pessoas possam construir as suas habitações", diz.
RENAMO quer resgatar autarquia
A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) também pretende resgatar esta autarquia, que há anos governou. Manuel Zeca Bissopo parece ser outro candidato forte nesta campanha e tem arrastado multidões por onde passa.
"A cidade da Beira é da RENAMO. Dia 10 de outubro, vamos ganhar com maioria esmagadora. Prova disso é esta massa humana toda de hoje, mesmo não sendo fim de semana", disse Bissopo num ação de campanha no início da semana.
Até ao momento, a situação é considerada calma, embora tenham sido detidos três cidadãos em três autarquias da província de Sofala. Houve feridos e apedrejamentos quando as caravanas da FRELIMO e do MDM se cruzaram na autarquias da Gorongosa. E em Marromeu, a RENAMO denunciou o uso da força policial para intimidar membros da oposição.
A dura vida dos trabalhadores informais de Moçambique
O trabalho informal é fonte de renda de muitos moçambicanos. Seja vendendo produtos ou serviços, a prática de atividades nas ruas é o ganha-pão de muitas famílias, mas impõe uma série de dificuldades e riscos.
Foto: DW/B. Jequete
Lavagem de carros
Por falta de emprego, muitos jovens decidiram atuar como empreendedores. Alguns ganham a vida a lavar carros nas ruas, bermas e esquinas da cidade de Chimoio, capital provincial de Manica. Muitas viaturas já não vão para as empresas que atuam no setor, porque os jovens oferecem o serviço a preços baixos, conquistando assim os clientes.
Foto: DW/B. Jequete
Água difícil de encontrar
Os lavadores de carros, que fazem do seu ganha-pão a atividade de lavar viaturas nas ruas, passam imensas dificuldades para encontrar uma fonte de abastecimento de água ou um poço tradicional. Percorrem longas distâncias para encontrar um local onde possam adquirir a água necessária para o trabalho, muitas vezes longe da zona de cimento.
Foto: DW/B. Jequete
Iniciate em ação
Salvador Manuel, de 26 anos de idade, diz ser novo na atividade de lavagem de viaturas nas ruas. "Eu não fazia nada, e um dia meu amigo convidou me para lhe ajudar a lavar carros aqui na cidade. Tive muita vergonha nos primeiros dias, mas tempos depois engrenei-me e agora já faço sozinho o trabalho," revela.
Foto: DW/B. Jequete
Odor desagradável
As principais ruas e avenidas da cidade ficam alagadas, resultado da lavagem das viaturas. Como não há sistema de esgoto, a água acaba formando pequenas poças que tendem a exalar um odor desagradável. O fato leva a edilidade a voltar as costas para os empreendedores. Caso sejam interpelados pelos fiscais, são aprendidos os materiais usados no trabalho como forma de desencorajar a prática.
Foto: DW/B. Jequete
Gravar a matrícula
Carlos Vasco, de 34 anos de idade, prefere dedicar-se à gravação da matrícula de viaturas e motorizadas. Ele diz estar a ganhar um "bom dinheiro" com o trabalho, suficiente para sustentar sua família. Há quem financie os estudos e outras necessidades com esta atividade. Alguns possuem formação académica, outros ainda estão a frequentar o ensino superior.
Foto: DW/B. Jequete
Roupas usadas
Em Chimoio, a roupa usada é vendida nos passeios, à beira das estradas e debaixo de árvores de sombra. Os empresários da urbe estão contra a atividade, devido à concorrência. "Na rua", os clientes também encontram boa roupa e a preço baixo. No entanto, quando os fiscais aparecem, recolhem toda a mercadoria – um risco diário para quem opta pela atividade.
Foto: DW/B. Jequete
Vender alimentos
Muitas vendedoras de alimentos alegam ter abandonado os mercados por "falta de movimento". Dizem que os clientes já não se fazem sentir nos mercados. Esta camada vende tomate, tubérculos, verduras, pepinos, feijões, entre outros produtos. A má conservação dos produtos atenta a saúde pública. Outro problema é que ocupam os passeios, obrigando os cidadãos a circular nas faixas de rodagem.
Foto: DW/B. Jequete
Vidas em risco
Produtos são vendidos também na via pública. Para além das principais artérias da cidade, muitos vão de estabelecimento em estabelecimento a oferecer os seus produtos, conquistando a clientela. Outros, caminham mesmo entre os carros, na esperança de encontrar os seus clientes em pleno trânsito e, ao mesmo tempo, colocando a própria vida em risco.
Foto: DW/B. Jequete
Recarga de telemóvel
A maior parte dos vendedores de cartões de recarga de telemóvel na cidade de Chimoio são adolescentes e jovens que perambulam pelas artérias da cidade. Muitos pernoitam nas ruas e trabalham sem folgas. Estão sempre atentos à chamada dos clientes, alguns destes automobilistas – o que tem gerado um número de acidentes.
Foto: DW/B. Jequete
À espera de um emprego
A atividade informal mais concorrida é o comércio - trabalho pelo qual optam, enquanto aguardam por um emprego formal. Muitos estão a investir o lucro para pagar os estudos, além do próprio sustento. Não é novidade encontrar um jovem com curso superior a vender nas ruas de Chimoio. Alguns têm vergonha de fazer o negócio e acabam se envolvendo em atos criminosos ou com as drogas.