1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Cooperação externa trava caso Manuel Vicente, diz PGR

Lusa
6 de fevereiro de 2025

A PGR de Angola admite dependência da cooperação internacional para concluir o processo-crime contra Manuel Vicente. Segundo Pitta Grós, a recolha de provas enfrenta desafios, exigindo paciência e serenidade.

Ex-vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente
PGR angolana dependente da cooperação internacional para concluir processo contra Manuel Vicente Foto: Getty Images

O Procurador-Geral da República (PGR) de Angola disse hoje que este órgão "continua dependente" da cooperação internacional para concluir o processo-crime contra o ex-vice-Presidente angolano Manuel Vicente, admitindo que esta nem sempre corresponde ao desejável.

De acordo com Hélder Pitta Grós, a PGR continua a trabalhar no processo que envolve o ex-presidente da petrolífera estatal angolana Sonangol, garantindo que o trabalho decorre com "paciência e serenidade".

"Estamos a trabalhar nesse processo, ir recolhendo a prova nem sempre é fácil. Sabem que o engenheiro Manuel Vicente está no exterior, esses crimes financeiros são cometidos em vários países, temos de depender muito da cooperação de outros países, das informações que possamos receber e esses países também têm as suas estratégias, têm as suas políticas e nem sempre correspondem na medida em que nós precisamos", afirmou o magistrado em resposta à Lusa, no final de uma palestra sobre "O Início da Luta de Libertação Nacional", organizada pela PGR.

"Isso é um conjunto de situações que fazem com que não tenhamos sempre notícias para dar, mas temos de ter paciência e serenidade para trabalhar", salientou.

Luanda Leaks: UE promete tolerância zero para dinheiro sujo

04:12

This browser does not support the video element.

Imunidade expirada

Desde 2022 que as autoridades angolanas assumiram estar a trabalhar num caso contra Manuel Vicente, que gozou de imunidades legais para os titulares de cargos públicos durante cinco anos, após a sua saída do executivo, na altura liderado pelo ex-chefe de Estado José Eduardo dos Santos, que expiraram em setembro de 2022.

Em 2018, Portugal iniciou um processo conhecido como "Operação Fizz", em que o ex-vice-Presidente angolano era acusado de ter corrompido o procurador português Orlando Figueira, causando um "irritante" entre os dois países, tensão que se resolveu depois de o caso relativo a Manuel Vicente ter sido transferido para Angola.

Sobre o antigo homem forte da petrolífera estatal angolana e 'número dois' do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, já falecido, recaem suspeitas de estar ligado a esquemas de corrupção e branqueamento de capitais quando exercia funções na Sonangol.

Combate à corrupção

Pitta Grós assegurou, por outro lado, que o combate à corrupção em Angola não abrandou, apontando os processos investigativos e detenções de altos funcionários da Administração Geral Tributária (AGT) e do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME), que disse resultarem de um trabalho conjunto entre a PGR e o Serviço de Investigação Criminal (SIC).

Angola: A luta contra a corrupção falhou? 

08:11

This browser does not support the video element.

Funcionários seniores da AGT foram detidos nos últimos dias, por alegado envolvimento num esquema fraudulento de reembolsos de IVA envolvendo um desvio de 7 mil milhões de kwanzas (7,3 milhões de euros).

 As autoridades angolanas detiverem, em finais de janeiro, o diretor do gabinete do diretor-geral do SME e a chefe de departamento dos Recursos Humanos do mesmo órgão, por alegados crimes de associação criminosa, recebimento indevido de vantagem e corrupção passiva por fortes indícios de envolvimento num esquema fraudulento de enquadramento irregular de candidatos na instituição.

Sobre estes casos, o PGR angolano assegurou que o órgão já está a trabalhar nestes processos, os quais "ainda estão em segredo de justiça".

"Ainda estamos na fase de investigação, instrução preparatória e vamos aguardar com paciência que as coisas aconteçam. Estamos a trabalhar com celeridade, com muita objetividade para que possamos, no mais curto espaço de tempo, darmos uma satisfação à sociedade", garantiu à Lusa.

Criptomoedas clandestinas

Em relação aos crimes de mineração de cripto moedas em Angola, um processo que tem resultado na detenção de vários cidadãos angolanos e estrangeiros, sobretudo asiáticos, e na desativação de várias casas e estaleiros clandestinos, Hélder Pitta Grós assegurou que "em breve" alguns processos serão remetidos a tribunal.

"Infelizmente, como pensávamos que no nosso país não tínhamos esse tipo de atividades [mineração de cripto moedas], também não estávamos preparados em equipamentos, em tecnologias próprias (...). Só agora é que estamos a trabalhar nesse sentido, na aquisição desse equipamento, já temos magistrados formados nestas áreas. Agora começaram a trabalhar e acreditamos que dentro de pouco tempo vamos ter já alguns processos introduzidos em tribunal", concluiu o procurador angolano.

JES vs JLO: O "Último Banquete" em Angola

05:54

This browser does not support the video element.

 

Saltar a secção Mais sobre este tema

Mais sobre este tema