A Conferência do Clima da ONU arranca na segunda-feira, em Bona, na Alemanha. Cerca de 25 mil pessoas - segundo a Greenpeace e a WWF - protestaram na cidade neste sábado pedindo mais esforços pelo meio ambiente.
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Os manifestantes, alguns deles vindos de França e da Holanda, reuniram-se no centro de Bona neste sábado (04.11). No local, a organização não-governamental Greenpeace montou uma instalação com o globo terrestre onde se podia ver uma central termoelétrica a carvão e a cara da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, entre nuvens escuras e um apelo: "Fim ao carvão, Senhora Merkel!".
"É preciso um acordo sobre o carvão, a energia fóssil mais nociva de todas", disseram manifestantes de todas as idades ao lado de centenas de organizações como a Oxfam, o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), e a própria Greenpeace.
Também como forma de protesto, cerca de 800 ciclistas pedalaram cerca de 30 quilómetros de Colónia até Bona, que será palco da Conferência do Clima entre 6 e 17 de novembro. Até agora, anão se registaram problemas e os protestos foram pacíficos, segundo um porta-voz da polícia.
Mudaças climáticas
A COP23 reunirá cerca de 23 mil pessoas provenientes de 197 países. A principal tarefa é promover a luta contra as mudanças climáticas e as suas consequências para o planeta.
Ambientalistas e especialistas esperam que os políticos percebam a urgência de ações e mais esforços concretos para se reduzir as emissões de gases que provocam o efeito de estufa em larga escala - e pedem mais compromissos.
Segundo o especialista em alterações climáticas Filipe Duarte Santos, a COP23 tratará de definir um calendário para que os países estabeleçam metas para evitar o aquecimento global. Sem objetivos mais ambiciosos de redução das emissões de gases com efeito de estufa, não será possível cumprir o Acordo de Paris, diz Duarte Santos.
Acordo de Paris
O Acordo de Paris foi assinado em dezembro de 2015, durante a COP21, e entrou em vigor em novembro de 2016. Os países que ratificaram o acordo são responsáveis por 55% por cento das emissões globais de gases.
O objetivo do acordo é reduzir as emissões de modo a limitar o aumento da temperatura média do planeta aos 2º Celsius. A partir desse nível, fenómenos climáticos como as ondas de calor ou de frio, as secas ou as grandes inundações tornam-se mais frequentes e intensos, consideram cientistas.
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Entretanto, relatórios recentes divulgados por entidades internacionais revelam que a situação piorou. O diretor do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA), Erik Solheim, afirmou ser "catastrófica" a distância entre as promessas nacionais para reduzir emissões de gases com efeito de estufa e aquilo que é realmente necessário para manter o aquecimento abaixo de dois graus.
Durante a COP22, no ano passado, em Marraquexe, todos os Estados reafirmaram a continuação do acordo - exceto os EUA. Em Bona, este ano, deverão ser reiterados os compromissos já conseguidos.
Será a primeira vez que os representantes de quase 200 países encontram-se depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado, em junho, a sua saída do Acordo de Paris sobre redução de emissões de gases por considerá-lo "prejudicial ao seu país".
África exige justiça ambiental
Cientistas dizem que a Terra poderá aquecer até quatro graus até ao fim do século. A África já sofre com o aquecimento global. Caso não se combata a alteração do clima, as consequências serão desastrosas.
Foto: Getty Images/AFP/S. Maina
Há cada vez menos água em África
Segundo o Banco Mundial, basta um aquecimento do clima de dois graus centígrados para que caia menos um terço de chuva em África. O que terá como consequência um aumento das secas. Na seca extrema de meados de 1990, os pastores etíopes perderam cerca de metade do seu gado.
Foto: Getty Images/AFP/S. Maina
Chuva a mais
Futuramente as chuvas poderão aumentar no leste da África. Mas serão chuvas torrenciais concentradas em poucos dias e não regulares e distribuídas pelo ano. Em 2011, a cidade portuária tanzaniana Dar-es-Salam foi surpreendida por fortes quedas de chuva, que submergiram bairros inteiros. Pelo menos 23 pessoas morreram, outras 10 000 tiveram que abandonar as suas casas.
Foto: cc-by-sa-Muddyb Blast Producer
Colheitas falhadas
Em África cerca de 90% dos produtos agrários são cultivados por pequenos agricultores. Caso não se reforce marcadamente a sua resistência contra o aumento de secas e enchentes, mais 20% pessoas do que hoje vão passar fome, alerta a Organização das Nações Unidas.
Foto: Getty Images/AFP/A. Joe
Riscos para a saúde
Já hoje a alimentação deficiente por causa de colheitas fracas representa um problema em muitos países. Muitas pessoas mudam-se para os bairros de lata das grandes cidades, onde doenças como a cólera se espalham rapidamente. Um aumento da temperatura poderá fazer disparar a incidência de doenças como a malária, inclusive nos planaltos africanos, onde, até agora, a maleita não existe.
Foto: Getty Images/S. Maina
Extinção das espécies
O aumento da temperatura influencia eco sistemas completos. Muitos animais e plantas não se conseguem adaptar suficientemente depressa. Segundo um relatório do Conselho Mundial do Clima, entre 20% a 30% de todas as espécies estão ameaçadas de extinção por causa da mudança do clima.
Foto: CC/by-sa-sentouno
O Kilimanjaro sem neve
A manta de neve do monte Kilimanjaro tem 12 000 anos. Nos últimos 100 anos derreteu mais de 80% do seu gelo. Caso prevaleçam as condições atuais, o gelo no Kilimanjaro desaparecerá entre 2022 e 2033, calcula uma equipa de cientistas do Estado federado do Ohio, nos Estados Unidos da América. A seca e a falta de chuva levam a que o gelo derreta rapidamente.
Foto: Jim Williams, NASA GSFC Scientific Visualization Studio, and the Landsat 7 Science Team
Só quando a última árvore for abatida ...
A mudança do clima deve-se, sobretudo, aos carros, centrais de energia e fábricas na Europa, América e Ásia. Mas o abate de árvores em muitas florestas africanas, por exemplo, para produzir carvão vegetal, aumenta o CO2 na atmosfera e contribui para o esgotamento dos solos. Em tempos, um terço da superfície do Quénia era floresta, hoje são apenas 2%.
Foto: Getty Images/AFP/T. Karumba
Muda a muda cresce a floresta
Hoje, muitas pessoas já se aperceberam da necessidade de medidas para contrariar este desenvolvimento nefasto. Há algumas décadas, cidadãos empenhados no Quénia começaram a plantar novas árvores, contribuindo para que a superfície florestal crescesse para 7%. As árvores impedem que a chuva leve a preciosa terra arável e retiram os gases de efeito de estufa da natureza.
Foto: DW/H. Fischer
Proteção através da diversidade
As monoculturas são vulneráveis a secas e animais daninhos. Se forem plantadas diversas frutas lado a lado, a colheita fica assegurada, mesmo que uma espécie falhe. Segundo o Programa Ambiental das Nações Unidas, a agricultura ecológica aumenta também bastante mais a resistência às consequências da mudança do clima do que a agricultura convencional.
Foto: Imago
Menos palavras, mais ação
Reservas subterrâneas de água da chuva, seguros contra o risco de colheitas falhadas: há muitas maneiras de, pelo menos, amenizar as consequências do aquecimento global. A assistência ao desenvolvimento e a protecção do clima não podem ser separadas, exigiram, recentemente, os delegados numa conferência das Nações Unidas. Mas não houve promessas concretas de assistência.
Foto: picture alliance/Philipp Ziser
Paris desperta expectativas
“Justiça ambiental, já!” exigiram os manifestantes na Conferência do Clima das Nações Unidas em Durban, na África do Sul, em 2011. Agora o mundo aguarda a conferência que se realiza em Paris no fim de 2015. Está planeada a assinatura de um acordo global sobre o clima, com o objetivo de limitar o aquecimento global a dois graus centígrados e reduzir as consequências nefastas da mudança do clima.