COP-28: Angola espera que promessas sejam cumpridas
Lusa
24 de novembro de 2023
Angola espera que as promessas de financiamento para combater as alterações climáticas sejam cumpridas, para que os países possam alavancar as suas ações e planos de adaptação, disse a ministra do Ambiente.
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Ana Paula de Carvalho falava à agência Lusa sobre as expetativas à volta da Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP-28), que se realiza no dia 30 deste mês no Dubai, disse que Angola tem já aprovada a Estratégia Nacional das Alterações Climáticas (ENAC 2022-2035), que será apresentada durante a COP-28.
"Esperamos que as promessas sejam cumpridas, primeiramente, as promessas de financiamentos para que possamos alavancar muito mais aquilo que são as ações que temos em curso e também os planos de adaptação e outros", disse a ministra.
A governante angolana sublinhou que esta estratégia é a base para as ações, que têm sempre como ponto de partida um diploma que estabelece as balizas.
A ministra do Ambiente de Angola disse ainda que o Governo vai elaborar um Plano Nacional de Adaptação, processo já em curso, com ações direcionadas para a adaptação às alterações climáticas.
"É muito transversal, abrange vários ministérios, cada um com a sua ação, de formas a diminuirmos a contaminação de gases com efeito estufa", acrescentou.
À lupa: África na rota das alterações climáticas
07:09
Seca no sul de Angola
Sobre os efeitos das alterações climáticas em Angola, Ana Paula de Carvalho disse que a seca no sul do país é o principal rosto desse problema, lembrando que África é o continente que menos polui, mas é um dos mais afetados.
"É visível a questão da seca no sul de Angola é um efeito das alterações climáticas", salientou, lembrando que Angola, tal como o restante continente africano, não está entre os países mais industrializados.
"Então não somos os que mais poluímos, mas já sofremos, já vivemos na pele este fenómeno", observou.
Na COP-28, Angola vai aderir a uma iniciativa para utilização do metano e apresentar um projeto do hidrogénio verde, contando igualmente com um pavilhão de 72 metros quadrados.
África luta contra as alterações climáticas
Nenhum continente sofrerá mais com as alterações climáticas do que África. Mas os países afetados não vão ficar à espera de braços cruzados: criaram as suas próprias iniciativas para combater as consequências.
Foto: picture-alliance/dpa/N. Bothma
África luta contra as alterações climáticas
Os países industrializados são os principais responsáveis pela produção de gases de efeito de estufa, que contribuem para as alterações climáticas. Mas as principais vítimas estão no hemisfério sul. Enquanto África sofre com a seca, as tempestades, a erosão e a desertificação, os africanos estão a lançar iniciativas para combater as alterações climáticas.
Foto: picture-alliance/dpa/N. Bothma
20 milhões em fuga das alterações climáticas em África?
Na Beira, em Moçambique, os efeitos já se fazem sentir. O nível das águas do mar está a subir e as inundações destroem bairros inteiros. Segundo a Greenpeace, todos os anos fogem das consequências das alterações climáticas mais do dobro das pessoas que fogem da guerra e da violência. Especialistas estimam que haverá cerca de 20 milhões de "refugiados do clima" africanos dentro de uma década.
Foto: DW/A. Sebastiao
Desafiar a força do mar
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), o nível do mar deverá subir de 40 a 80 centímetros até 2100. Mas a Beira quer proteger-se das inundações e, para isso, construíram-se novos canais e cancelas: quando a maré sobe, a cancela fecha-se para proteger a parte baixa da cidade. Em caso de chuvas fortes, a cancela abre-se e auxilia na drenagem da água.
Foto: DW/J. Beck
A "Grande Muralha Verde"
As areias do deserto do Saara continuam a avançar para sul, destruindo os terrenos agrícolas da África Subsaariana. Onze países estão a tentar travar a desertificação com um "muro" de floresta com 7,750 km de comprimento e 15 km de largura. As raízes das árvores estabilizam e ventilam o solo, permitindo a absorção de água. O projeto também significa novos meios de subsistência para os habitantes.
Foto: Getty Images/AFP/F. Senna
Prevenir a erosão
Cada vez mais agricultores deixam de poder trabalhar os seus campos por causa da erosão e da desertificação. Com um sistema de irrigação especial, Souna Moussa, do Níger, torna o seu solo fértil novamente. A técnica tem vários séculos, mas foi totalmente esquecida. Os especialistas também recomendam o cultivo de culturas mais tradicionais, que se adaptam melhor às terras.
Foto: DW/K. Tiassou
Energia hidroelétrica em vez de carvão
Muitos governos africanos apostam na água para garantir o fornecimento de energia nos seus países e estão a ser construídas novas infraestruturas. A energia hidroelétrica é amiga do ambiente, mas alguns projetos são controversos: por vezes, destroem-se vastas áreas de floresta e deslocam-se comunidades inteiras para abrir espaço para a construção de barragens.
Foto: Getty Images/AFP
Energia limpa para África
Até 2030, a eletricidade chegará a todo o continente africano. Este ambicioso objetivo foi estabelecido por 55 chefes de Estado e de Governo africanos na Conferência do Clima de Paris, em 2015. A Iniciativa para as Energias Renováveis em África pretende alimentar a rede elétrica africana com 300 gigawatts de eletricidade limpa por ano. Parques eólicos como este, na Etiópia, são apenas o começo.
Foto: Getty Images/AFP/J. Vaughn
Autossuficiência
Cada vez mais pessoas em África geram a sua própria energia - e não dependem mais da rede elétrica pública ou de geradores. A queda do preço da energia solar torna a eletricidade renovável mais acessível, seja no fornecimento de energia a hospitais e escolas com painéis solares ou na iluminação de casas com pequenas lâmpadas alimentadas por energia solar.
Foto: Solar4Charity
Garrafas de plástico em vez de tijolos
Em África, a reciclagem não conquistou apenas o mundo da moda: já chegou ao setor da construção. Na Nigéria, constroem-se casas com garrafas de plástico usadas que, de outro modo, seriam deitadas fora, contribuindo para o aumento da poluição. Estima-se que, a cada minuto, seja comprado um milhão de garrafas de plástico em todo o mundo.
Foto: DARE
A jovem heroína do ambiente da Tanzânia
Gertrude Clement, de 16 anos, está empenhada na proteção do ambiente. Uma vez por semana, a adolescente da Tanzânia apresenta um programa ambiental na sua estação de rádio local. "Espero que os meus ouvintes estejam a fazer alguma coisa para mudar a situação - para proteger o ambiente e manter a nossa água limpa", disse à DW. Na foto, Gertrude fala na Assembleia Geral da ONU, em abril de 2016.
Foto: picture-alliance/ZUMAPRESS/N. Siesel
Procuram-se especialistas do clima
Para que África consiga enfrentar as alterações climáticas, é preciso entender melhor os seus efeitos a nível local e regional. O Centro Científico para as Alterações Climáticas da África Austral, criado por Angola, Namíbia, Botsuana, África do Sul, Zâmbia e Alemanha está a trabalhar para isso. A organização quer reduzir o impacto das alterações climáticas na agricultura e nos recursos hídricos.