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Impasse prolonga-se até às últimas horas da cimeira do clima

Marcio Pessôa | com agências
13 de dezembro de 2019

A comunidade científica diz que é urgente tomar medidas concretas, mas a Conferência do Clima das Nações Unidas, em Madrid, chega ao último dia com definições essenciais pendentes.

Foto: picture-alliance/dpa/T. Brégardis

A Conferência do Clima da ONU mostrou ao mundo governos que andam a duas velocidades: Uns querem acelerar e aumentar a ambição, outros "querem escudar-se na letra pequena" para não sair do que se debate há quatro anos. As palavras da ministra espanhola do Meio Ambiente, Teresa Ribera, sintetizam posturas governamentais que geram o impasse que está a revoltar ambientalistas, empresários e sindicalistas em Madrid.

A 25ª Conferência das Partes (COP25) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas está à beira de um fracasso histórico. Os mais otimistas dizem que a cimeira internacional terminará esta sexta-feira (13.12) com o melhor resultado possível, mas muito aquém do que os cientistas dizem ser necessário para evitar um futuro devastado pelo aquecimento global.

A diretora da organização ambientalista Greenpeace, Jennifer Morgan, apontou culpados. "Neste momento, há países como a Austrália, Brasil e Arábia Saudita que só querem completar as suas agendas e arruinar o Acordo de Paris, carregando-o com tantos subterfúgios que não conseguirá ser eficaz", disse. 

Morgan considerou "inaceitável" a versão mais recente de um rascunho de resolução final em que se admite retirar o apelo às nações para "aumentarem o nível de ambição em 2020, em resposta à emergência climática", uma das ideias em que mais se tem insistido em torno da COP25.

Greta Thunberg pediu celeridade e medidas concretas na COP25Foto: Reuters/J. Barbancho

Pendências

Prazos para os países chegarem à neutralidade carbónica - ou seja, não emitirem mais CO2 do que são capazes de absorver no seu território - contribuições para o fundo climático verde, perdas e ganhos com medidas de combate às mudanças climáticas e a regulação do mercado de licença de emissões eram pontos sem consenso até ao último dia da cimeira.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, desafiou os países a emitirem "mensagens ambiciosas". E alertou que é preciso coordenar esforços, pedindo o "espírito de compromisso" necessário para uma "conclusão satisfatória" dos regulamentos do Acordo de Paris.

Durante uma das suas intervenções no plenário da COP25, Guterres lembrou que cabe aos países mais poluentes tomarem a dianteira, cumprir e reforçar os seus compromissos para limitar o aquecimento global até ao fim do século a 1,5 graus acima do que se verificava na era pré-industrial.

A posição europeia

A maioria dos países da União Europeia definiu alcançar a chamada "neutralidade climática" até 2050. Segundo, Isabel Calaá, porta-voz do Governo espanhol, o acordo foi apoiado por todos os países, exceto a Polónia, cuja economia "depende quase exclusivamente do carvão".

O chefe da delegação britânica na COP25 disse à AFP, após a vitória eleitoral de Boris Johnson, que o Reino Unido fará da luta contra as mudanças climáticas a sua "prioridade" em 2020.

Claire O'Neill informou que o primeiro-ministro sublinhou o compromisso legal do país de alcançar a neutralidade de carbono. "Estou sob a sua autoridade e esta será a nossa prioridade global no próximo ano", comunicou O'Neill, que presidirá à COP26 em 2020 em Glasgow, na Escócia.

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