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COP26: Compromisso para reduzir emissões de metano em 30%

AFP | cvt
2 de novembro de 2021

Dezenas de países comprometeram-se hoje a reduzir as emissões de metano em pelo menos 30% nesta década. Uma centena de países, entre eles Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, assinaram pacto para acabar com desflorestação.

Schottland COP26 in Glasgow | Joe Biden
Iniciativa é liderada pelo Governo de Joe BidenFoto: Erin Schaff/The New York Times/AP Photo/picture alliance

A iniciativa de reduzir as emissões de metano - o gás com efeito de estufa mais potente - em pelo menos 30% nesta década é liderada pelos Estados Unidos e pela União Europeia. Especialistas dizem que pode ter um poderoso impacto a curto prazo no aquecimento global.

"Uma das coisas mais importantes que podemos fazer até 2030, para manter [a temperatura de] 1,5ºC ao alcance, é reduzir as nossas emissões de metano o mais rapidamente possível", disse o Presidente dos EUA Joe Biden, esta terça-feira (02.11), referindo-se ao objetivo central do Acordo de Paris de 2015.

O chefe de Estado norte-americano chamou o compromisso, que até agora foi assinado por quase 100 nações, de um "divisor de águas" que abrangeu os países responsáveis por cerca de metade das emissões globais de metano.

A chefe da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, disse que o corte do metano "abrandaria imediatamente as alterações climáticas". "Não podemos esperar até 2050. Temos de reduzir as emissões rapidamente e o metano é um dos gases que podemos reduzir mais rapidamente", afirmou von der Leyen.

Cimeira de alto nível

Os chefes de Estado e de Governo de vários países estão reunidos desde ontem em Glasgow, na Escócia, para uma cimeira de alto nível de dois dias, que a anfitriã Grã-Bretanha espera que dê início a uma ambiciosa ação climática durante a COP26, que decorre até 12 de novembro.

Os organizadores dizem que a diplomacia do vaivém e as negociações meticulosas que se seguirão serão cruciais para a continuação da viabilidade do Acordo de Paris, e o seu objetivo de limitar os aumentos de temperatura entre 1,5ºC e 2ºC.

Embora o primeiro dia da cimeira tenha sido marcado por muita retórica e promessas climáticas mornas, os anúncios desta terça-feira foram amplamente acolhidos pelos ativistas.

Foto: picture-alliance/blickwinkel/McPHOTOs

Metano: Dezenas de vezes mais poluente que o CO2

Décadas de negociações têm sido focadas na redução das emissões de dióxido de carbono (CO2). No entanto, o metano (CH4) é mais de 80 vezes mais potente que o CO2 e as suas fontes, tais como minas de carvão a céu aberto e a criação de gado, têm recebido relativamente pouca atenção até ao momento.

A Agência Internacional de Energia estima que a indústria de combustíveis fósseis tenha emitido 120 toneladas de metano em 2020 e que grande parte destas emissões poderá ser facilmente evitada.

Um relatório da ONU do início deste ano mostrou que "as medidas de metano disponíveis" poderiam ver os níveis de CH4 reduzidos em 45% até 2030.

Isto reduziria 0,3ºC do aquecimento projetado, pouparia a vida de cerca de 250 mil pessoas de mortes por poluição atmosférica e aumentaria o rendimento global das colheitas em 26 milhões de toneladas, segundo o Programa Ambiental da ONU.

Kat Kramer, líder de política climática da Christian Aid, disse que a terça-feira teve o potencial para baixar significativamente os aumentos de temperatura. "O metano é um gás com efeito de estufa fortemente associado à indústria dos combustíveis fósseis... a evaporar das minas de carvão, da extração de petróleo e gás e dos oleodutos", disse.

"O metano é apenas mais uma razão pela qual a indústria dos combustíveis fósseis tem de acabar", acrescentou.

Contudo, os grandes emissores de gases de efeito estufa - China, Índia, Rússia e Austrália - não assinaram o documento.

Desflorestação na Amazónia brasileiraFoto: Fernando Souza/ZUMA Press/picture alliance

Pôr fim à desflorestação

Mais cedo, mais de 100 nações comprometeram-se a pôr fim à desflorestação até 2030 – entre eles Angola, Guiné-Bissau e Moçambique

Mas a promessa foi recebida com ceticismo por parte de grupos ambientalistas, que dizem que, embora os pormenores fossem escassos, o compromisso lembra em grande parte a uma promessa feita por mais de 200 países e organizações em 2014.

O Governo britânico disse que o plano de angariar cerca de 20 mil milhões de dólares em financiamentos públicos e privados foi aprovado por mais de 100 líderes, representando mais de 85% das florestas da Terra, incluindo a floresta tropical amazónica.

O pacto da cimeira para "travar e reverter desflorestação e degradação da terra até 2030" inclui promessas de assegurar os direitos dos povos indígenas e reconhecer "o seu papel como guardiões da floresta".

Os humanos já derrubaram metade das florestas da Terra, uma prática duplamente prejudicial para o clima quando as árvores que sequestram CO2 da atmosfera são substituídas por gado ou monoculturas.

A pressão sobre os líderes para se comprometerem a uma descarbonização mais rápida e fornecerem milhares de milhões às nações que já lidam com as consequências das alterações climáticas é grande.

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