COP28: África espera mais dinheiro para enfrentar desafios
Manuel Oliveira | Lusa
30 de novembro de 2023
Arranca hoje a conferência do clima no Dubai. Representantes do mundo inteiro reúnem-se na COP 28 para discutir medidas de combate às alterações climáticas. Países africanos esperam conseguir financiamento internacional.
Rafael Lucas, presidente da associação angolana Minuto Verde, diz que é urgente implementar políticas sustentáveis, como a promoção de energias renováveis, como painéis solares e é vital para reduzir a dependência de combustíveis fósseis."
"Angola enfrenta desafios ambientais significativos como o desmatamento, a perda de biodiversidade e pressões sobre os recursos hídricos. É imperativo adotar medidas abrangentes para abordar essas questões", disse à agência Lusa o presidente da Minuto Verde.
Nesta COP, Rafael Lucas espera que Angola "participe ativamente nas discussões sobre a mitigação das mudanças climáticas e adaptação às suas consequências, além disso é necessário criar mecanismos para busca de financiamento internacional para os projetos ambientais e colaboração com outras nações africanas."
Na COP participam milhares de pessoas: representantes de governos, organizações da sociedade civil e empresas.
Januário Nascimento, presidente da Associação para a Defesa do Ambiente e Desenvolvimento, diz que Cabo Verde deverá apresentar na conferência "uma agenda muito rica", com temas como "a mobilização da água, a questão da transição energética e a questão também da proteção das zonas marinhas e costeiras".
À lupa: África na rota das alterações climáticas
07:09
Atenção às "promessas vazias"
Em Cabo Verde, as associações ambientais alertam para a seca. Dizem que é urgente "aprender a viver com as alterações climáticas". E, na conferência no Dubai, avisam que é necessário estar atento a promessas vazias:
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"Nas diferentes COP tem havido várias promessas, fala-se de 100 milhões de dólares desde 2015, mas esses milhões não chegam a Cabo Verde e torna-se necessário, a nível mundial, ter muita atenção a muitas promessas que não são cumpridas".
Os representantes das associações ambientais cabo-verdianas lamentam que não tenha havido um diálogo com o Governo, antes da COP28, explica Paulo Ferreira, presidente da Quercus Cabo Verde.
"A delegação que vai, não falou connosco e penso que nem com as outras associações sobre esta COP28. Portanto, Cabo Verde vai levar algumas das reivindicações que já têm sido feitas noutras COP", critica.
Também em Moçambique, considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, as associações queixam-se de promessas vazias. A associação Justiça Ambiental diz que a COP é um lugar "onde os governos e as empresas de combustíveis fósseis se juntam para fingir que estão a fazer algo para lidar com a crise climática".
Associações e ativistas ambientais, em todo o mundo, têm protestado sobre a urgência de responder à crise climática. Apelam a que esta COP28 "não seja só mais uma cimeira". A COP28 termina a 12 de dezembro.
A desertificação causada pelo homem
Um terço da massa terrestre está coberto de desertos. As paisagens áridas não param de crescer em todo o mundo devido ao uso excessivo dos solos e a desflorestação. E a culpa é do ser humano.
Foto: picture-alliance/dpa
Desertos por toda a parte
Houve um tempo em que hipopótamos e elefantes ainda viviam no Saara. Hoje, o Saara é uma paisagem árida. Este pequeno lago é uma reminiscência dos tempos passados. O lago é alimentado por águas subterrâneas provenientes de chuvas absorvidas pelo solo há milhares de anos. Infelizmente, o clima mudou e criou uma enorme paisagem árida. Os desertos continuam a se formar e a culpa é humana.
Foto: Imago Images/robertharding
A ação humana destroi a natureza
A formação de desertos causada pela ação humana é chamada de desertificação. Quando humanos destroem os recursos naturais em áreas com clima seco, as plantas desaparecem e o solo se torna infértil. Estes fenómenos de desertificação são vistos em 70% das áreas áridas da Terra, como esta zona na Índia.
Foto: picture-alliance/dpa
Ameaça global
A cada ano, formam-se 70.000 quilómetros quadrados de desertos, o que corresponde à área da Irlanda. Segundo a Agência Alemã para Cooperação Internacional (GIZ), 40% da população de África está ameaçada pela desertificação. Na Ásia, são 39% e, na América do Sul, 30% da população. Algumas zonas dos Estados Unidos e da Espanha também estão ameaçadas.
Foto: picture-alliance/F. Duenzl
Excessos
Uma das razões para a expansão dos desertos é a explosão populacional em alguns países. Na China, por exemplo, o solo já seco tem que alimentar mais e mais pessoas. Os agricultores mantêm muitos animais em suas pastagens, que devoram até mesmo as últimas plantas. Assim, o solo é erodido pelo vento e pela chuva. Na China, cerca de 2.500 quilómetros quadrados de deserto formam-se a cada ano.
Foto: Imago/Xinhua
Um mar sem água
O Mar de Aral, na fronteira entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, é um símbolo da política agrícola fracassada que levou à desertificação. Anteriormente, o Mar de Aral era o quarto maior lago do mundo. Hoje, pouco disso restou. Desde a era soviética, os dois países exploram o lago para irrigar os campos de algodão. Consequentemente, os navios dos pescadores foram deixados em terra firme.
Foto: picture-alliance/dpa
Desflorestação
Não só os países emergentes sofrem com o solo seco. Na Espanha, a desertificação está a progredir cada vez mais rápido. O motivo é o grande número de turistas. Florestas inteiras são derrubadas para dar lugar à construção de hotéis. Assim, o solo perde a sua sustentação e fica desgastado. A região de Guadalajara, perto de Madrid, também está a ser afetada.
Foto: picture-alliance/ ZUMAPRESS/M. Reino
Deslocamentos
Além da destruição dos ecossistemas, a desertificação gera muitos outros problemas. Empobrecidas e desnutridas, muitas pessoas são forçadas a deixar a sua terra natal. Em África, a desertificação afeta 485 milhões de pessoas, segundo dados da GIZ. As Nações Unidas estimam que mais de 60 milhões de pessoas deixarão as zonas desertificadas de África até 2020.
Foto: Reuters/Murad Sezer
Luta contra a desertificação
Alguns países declararam guerra à desertificação. Há décadas, a China tem tentado neutralizar o fenómeno através do reflorestamento. O projeto "Green Wall" (Muro Verde) tem um objetivo ambicioso: replantar uma área do tamanho da Alemanha até 2050. As Nações Unidas também chamam a atenção para o problema do Dia Mundial de Combate à Desertificação, celebrado a 17 de junho.