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Coronavírus: Moradores alarmados com quarentena em Angola

21 de fevereiro de 2020

Na aldeia de Calumbo, arredores de Luanda, habitantes estão assustados com a instalação de um posto de controlo do novo coronavírus, que tem recebido pessoas que estiveram na China. Pacientes reclamam das instalações.

Centro de internamento na localidade de Cassaca 2, comuna de CalumboFoto: DW/B. Ndomba

Pelo menos 102 pessoas - 37 angolanos, 50 chineses, 12 americanos, dois canadianos e um cidadão da Costa do Marfim - estão sob vigilância das autoridades sanitárias de Angola no centro de quarentena instalado na localidade de Cassaca 2, comuna de Calumbo, no município de Viana, arredores da província de Luanda.

Na localidade, os moradores enfrentam todo o tipo de dificuldades e sobrevivem da agricultura e da pesca. A comunidade carece de uma unidade hospitalar e também enfrenta dificuldades de acesso à água potável.

A instalação do posto surpreendeu os munícipes, que quase nada sabem sobre as causas do coronavírus. Têm apenas a noção de que a doença é mortífera. "Estamos chateados porque chegaram aqui sem dar a conhecer à população. Realizamos uma manifestação, na qual fomos agredidos pela polícia. No domingo (16.02), reunimo-nos com os responsáveis do Governo e dissemos-lhes que podiam conversar connosco antes de trazerem os pacientes",  conta o residente Leonardo Vunda.

O munícipe diz que as autoridades angolanas nunca atenderam o pedido da construção de um posto médico. "Quando lhes pedimos posto médico para a população, nunca responderam. Mas devido à manifestação, devido ao coronavírus, num dia, conseguiram iluminar o centro de julgado de menor e conseguiram até fazer a canalização", desabafa Leonardo Vunda.

Falta de informação e pânico

A falta de informação sobre a implantação do posto de quarentena, que funciona como centro de internamento, afugentou professores e alunos da escola, que está na mesma rua onde mais de 90 pessoas que estiveram na China estão sob observação médica.

Coronavírus: Moradores alarmados com quarentena em Angola

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Um encarregado de educação contou à DW África que a única palestra realizada na escola do bairro, depois do protesto da população, causou pânico. As crianças terão sido orientadas a não abraçar os seus próprios parentes.

"Veio aqui uma equipa que disse que as crianças não devem estender a mão aos pais, nem aos tios. Isto é provocar o afastamento que já existe na nossa sociedade. Causaram mesmo pânico. Orientaram as crianças a não fazer a partilha do lanche", lamentou.

Internados queixam-se de condições precárias

Há denúncias anónimas de maus-tratos no interior do centro. Os internados queixam-se da falta de higiene do espaço. "As equipas de trabalho não estão bem formadas nem informadas sobre a epidemia do coronavírus. Estão a juntar num quarto, quatro pessoas ou mesmo oito num só quarto", denunciou uma das estudantes bolseiras que regressou da China.

"Estamos a vir de cidades diferentes. Usamos meios de transportes diferentes para nos dirigirmos ao aeroporto. Um indivíduo que chega hoje, por exemplo, vai ser juntado com alguém que talvez chegue na quarta-feira da próxima semana. Isso é pôr-nos em perigo", criticou ainda a estudante.

Ao reagir às denúncias, o inspetor-geral da Saúde, Miguel de Oliveira, disse que os dois centros têm condições aceitáveis de alojamento e que todas as pessoas em quarentena estão a ser tratadas com humanismo. "É normal que os cidadãos manifestem as suas reclamações e exijam além do que têm, mas estamos a identificar as falhas nestes locais para a devida correção", referiu o governante, numa conferência de imprensa noutro centro de quarentena instalado na comuna da Barra do Kwanza, a sul de Luanda.

Nenhuma das pessoas em isolamento está infetada com o vírus, disse o inspetor-geral da Saúde, que garante que a situação está controlada e que o país não registou novos casos suspeitos. Miguel de Oliveira tranquiliza a população: "Não podemos criar pânico na comunidade. Não há possibilidade de nenhum contacto entre a população ao redor e as pessoas que se encontram neste centro. Este centro é completamente isolado e as medidas de segurança são rígidas."

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