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Corrupção nas salas de parto é diária no Uganda

13 de junho de 2011

Devido ao medo de contaminação com o HIV, médicos e enfermeiros cobram muito dinheiro para assistir as parturientes, recusando-se a tocar nas mulheres sem luvas. No país morrem 16 mulheres diariamente ao dar à luz.

"Não a uma morte desnecessária": a mensagem destas mulheres reflete a situação da assistência médica no UgandaFoto: DW

Centenas de mulheres estão sentadas numa pequena sala do Tribunal Constitucional Ugandês. Nas camisolas pretas que trazem vestidas está escrito com letras brancas: "Não queremos mais uma morte desnecessária".

Aisha Noticia está sentada bem à frente. Tem 32 anos, é mãe de três crianças; talvez tivesse morrido no parto do seu terceiro filho, se não tivesse dado todo o seu património ao médico que a assistiu no hospital de Mulago, na capital ugandesa, Campala.

Aisha precisava de uma cesariana. Mas quando chegou ao hospital, não havia medicamentos nem luvas cirúrgicas, conta. "Os médicos disseram que eu precisava de comprar tudo sozinha – senão, não operavam". Aisha recorda-se que o marido, que tem uma criação de galinhas, "vendeu todos os animais para trazer o dinheiro".

Direito a equipamento básico

Protesto à porta do Tribunal Constitucional Ugandês - por um direito básicoFoto: DW

O direito a tratamento médico está previsto na Constituição do Uganda. Mas nem por isso o caso de Aisha é único no país. Daí que centenas de mulheres ugandesas, apoiadas por organizações de defesa dos direitos humanos, queiram agora exigir que esse direito seja garantido. A advogada Mable Kakunda, que representa uma organização de pacientes, diz que no Uganda, "apenas 2 por cento das salas de parto têm equipamento básico". Nas restantes, muitas vezes não há "nem eletricidade nem água".

A corrupção acaba por se instalar nos hospitais do país para que os pacientes possam ter assistência. Mas tal não acontece apenas na sala de parto: atualmente, o ministério da Saúde está a investigar o desvio de 300 mil dólares que tinham sido doados para a compra de vacinas contra a febre amarela. Também os salários para parteiras e médicos, que já por si são baixos, são pagos irregularmente.

Um primeiro passo, dizem observadores, é hoje conseguido: a queixa das mulheres reunidas na sala do tribunal é registada.

Autoras: Simone Schlindwein/Renate Krieger/Marta Barroso

Edição: António Rocha

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