Costa do Marfim: Morreu o primeiro-ministro Amadou Coulibaly
Lusa | DW (Deutsche Welle)
8 de julho de 2020
Amadou Gon Coulibaly morreu esta quarta-feira (08.07), aos 61 anos, numa clínica de Abidjan, para onde tinha sido transferido após ter-se sentido mal durante a reunião do Conselho de Ministros.
Publicidade
"Entristece-me profundamente anunciar que o primeiro-ministro, Amadou Gon Coulibaly, chefe do Governo, nos deixou no início desta tarde, depois de participar no Conselho de Ministros", afirmou o secretário-geral da presidência, Patrick Achi, na televisão pública do país, ao ler uma declaração do Presidente, Alassane Ouattara.
Gon Coulibaly tinha regressado à Costa do Marfim a 2 de julho, após quase dois meses em França, onde foi submetido a exames médicos relacionados com o coração, referiu a agência noticiosa EFE.
O atual primeiro-ministro tinha sido designado candidato do partido do Presidente, Alassane Ouattara, após este ter, em março, renunciado a disputar um terceiro mandato.
Com 61 anos, Gon Coulibaly, foi operado ao coração há alguns anos e, em finais de março, esteve em confinamento por ter estado em contacto com uma pessoa que testou positivo para o novo coronavírus, mas, entretanto, tinha já retomado a sua atividade.
"Após a morte do primeiro-ministro da República da Costa do Marfim, Amadou Gon Coulibaly, envio as minhas condolências entristecidas à sua família, ao Presidente Alassane Ouattara, ao Governo da Costa do Marfim e ao povo costa-marfinense. Descanse em paz", escreveu o presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, na plataforma social Twitter.
Vida política
"Presto homenagem ao meu irmão mais novo, o meu filho Amadou Gon Coulibaly, que foi o meu colaborador mais próximo durante trinta anos. Saúdo a memória de um estadista de grande lealdade, devoção e amor pelo seu país. Ele encarnou esta jovem geração de executivos marfinenses de grande competência e extrema lealdade para com a nação. Com a morte de Amadou Gon Coulibaly, a Costa do Marfim perde um modelo para a sua juventude. Um exemplo de competência, trabalho árduo e auto-sacrifício", diz também a mensagem de Alassane Ouattara.
Amadou Gon Coulibaly nasceu a 10 de fevereiro de 1959. Aos 61 anos, foi nomeado candidato do RHDP, partido no poder, para as eleições presidenciais marcadas para outubro de 2020.
Tomou posse como primeiro-ministro sob o Presidente Ouattara a 10 de janeiro de 2017. Antes disso, ocupou durante quase três anos o cargo de ministro do Orçamento. No rescaldo da violenta crise política na Costa do Marfim, Amadou Gon Coulibaly assumiu o cargo de Secretário-Geral da Presidência da República em Abril de 2011.
Coulibaly integrou também o Executivo do antigo Presidente Laurent Gbagbo, que o nomeou ministro da Agricultura em outubro de 2002.
Costa do Marfim: Uma visita à maior basílica do mundo
Yamoussoukro deveria ser a jóia da coroa da Costa do Marfim. O plano não deu certo, mas a cidade é agora o lar da Basílica Nossa Senhora da Paz, uma das maiores igrejas em todo o mundo.
Foto: DW/S. Fröhlich
Uma pérola escondida da África Ocidental
No coração de Yamoussoukro - a capital “esquecida” da Costa do Marfim - está uma igreja maior do que a Basílica de São Pedro, em Roma. A Basílica Nossa Senhora da Paz, Basilique Notre-Dame de la Paix (em francês), é a maior do mundo. Sua construção, entre 1986 e 1989, foi planeada pelo “pai fundador” do país e primeiro Presidente, Félix Houphouët-Boigny, e tornou-se seu legado.
Foto: DW/S. Fröhlich
Espaço para 200 mil fiéis
Dentro da basílica cabem 11 mil pessoas em pé. 7 mil visitantes podem assistir à missa sentados. O prédio, em si, pode abrigar 18 mil fiéis. Mas há espaço para ainda mais pessoas do lado de fora: a praça ao redor da igreja pode acomodar 30 mil e até 150 mil podem ocupar a esplanada em frente à construção. Isso é o que faz da Nossa Senhora da Paz a maior basílica do mundo.
Foto: DW/S. Fröhlich
A basílica mais alta do mundo
A Nossa Senhora da Paz imita, em formato e tamanho, a famosa Basílica de São Pedro, em Roma. A cúpula é ligeiramente menor, mas com a grande cruz chega até 158 metros. O prédio tem 191 metros de altura e 150 metros de largura. Desenhada pelo arquiteto libanês Pierre Fakhoury, a área interior tem mais de 8 mil metros quadrados. Cerca de 400 mil árvores, sebes e arbustos foram plantados no espaço.
Foto: DW/S. Fröhlich
Milhares de cores
Os enormes vitrais da basílica tem ao todo uma área de 7400 metros quadrados. Cerca de 6 mil cores foram usadas para ilustrar diferentes cenas do Velho e do Novo Testamento, incluindo a criação e o nascimento de Jesus Cristo. Em uma janela, a representação do primeiro Presidente da Costa do Marfim, Félix Houphouët-Boigny, ajoelhado na frente de Jesus, com seu nome esculpido no vidro.
Foto: DW/S. Fröhlich
Sem permissão para casamentos
Não é possível casar ou celebrar funerais na basílica. Como menos de um terço da população se identifica como cristã, a presença de fiéis nas missas não é grande - em geral, poucas centenas. Mas aqueles que visitam a igreja podem desfrutar de um sistema italiano de ar condicionado, descrito como um “oásis de frescor”.
Foto: DW/S. Fröhlich
Um plano ambicioso
A basílica foi um presente do Presidente Félix Houphouët-Boigny ao Vaticano. Ele queria uma igual a de São Pedro - só que maior. O papa João Paulo II concordou, cético, sob duas condições: a cúpula não deveria ser maior do que a da basílica em Roma e um hospital deveria ser construído nas proximidades da igreja. O hospital foi planeado como pedido, mas a inauguração não ocorreu antes de 2015.
Foto: DW/S. Fröhlich
Um projeto caro
Controvérsias cercam o financiamento da basílica. Diz-se que Houphouët-Boigny gastou cerca de 300 milhões de dólares e escondeu o fato de ter usado principalmente dinheiro dos contribuintes. A construção também duplicou a dívida do país, em meio a uma crise económica. A manutenção hoje custa aproximadamente 1,5 milhão de dólares por ano, valor que é pago por uma fundação criada pelo ex-Presidente.
Foto: DW/S. Fröhlich
Um papa ausente
Todos os 18 mil lugares da igreja foram completamente ocupados apenas uma vez: no dia da consagração, em 1990. Desde então, não houve visitas do Papa, talvez por causa do contraste entre o projeto multimilionário e a pobreza que o cerca - mais de 40% dos 23 milhões de habitantes do país vivem abaixo da linha da pobreza.
Foto: DW/S. Fröhlich
A cidade esquecida
Hoje, a basílica fica numa cidade quase deserta, cheia de rodovias que levam a lugar nenhum. Em 1983, Félix Houphouët-Boigny nomeou Yamoussoukro como a nova capital da Costa do Marfim. Ele encomendou grandes monumentos e edifícios, incluindo o Hotel Presidente, de cinco estrelas. Mas nenhuma das embaixadas ou ministérios sequer mudaram-se de Abidjan. Yamoussoukro logo se tornou uma capital vazia.