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PolíticaCosta do Marfim

Costa do Marfim: Oposição vai formar "Governo de transição"

bd | com agências
3 de novembro de 2020

Os principais partidos da oposição na Costa do Marfim, que boicotaram as presidenciais de 31 de outubro, acabam de anunciar a criação do seu próprio Governo para gerir o país e organizar novas eleições. 

Ex-Presidente Henri Konan Bédié chefiará o novo conselho de transiçãoFoto: Diomande Ble Blonde/AP Photo/picture alliance

Pascal Affi N'Guessan, um dos principais candidatos da oposição, afirmou na noite de segunda-feira (02.11) que Henri Konan Bédié, o antigo Presidente do país, de 86 anos, irá chefiar o novo conselho de transição, "em consequência da vagatura do poder executivo, com o fim do mandato presidencial de Alassane Ouattara e a não realização de eleições credíveis", justificou.

"Considerando que a manutenção de Ouattara como chefe de Estado é suscetível de conduzir o país a uma guerra civil", os partidos e grupos políticos da oposição anunciaram a criação de um "Conselho Nacional de Transição".

O novo governo de transição terá como principal missão preparar um quadro favorável para organizar eleições presidenciais "justas, transparentes e inclusivas", anunciou Affi Nguessan.

Ouattara à frente

Sem os principais adversários na corrida, que boicotaram as eleições por considerarem que Ouattara procurava um terceiro termo "inconstitucional", o chefe de Estado deve obter uma elevada percentagem de votos nas eleições do passado sábado (31.10), cujos resultados oficiais não são ainda conhecidos.

Os resultados parciais mostram que Ouattara leva uma larga vantagem para garantir um terceiro mandato. Na noite de segunda-feira (02.11), a Comissão Eleitoral ainda só tinha divulgado menos de metade das 108 regiões eleitorais.

Alassane Ouattara tinha prometido entregar o poder à "nova geração", mas voltou a candidatar-seFoto: Luc Gnago/REUTERS

Cheick Abdoul Soumaré, chefe da Missão de Observadores da Comunidade Económica dos Países da África Ocidental (CEDEAO) diz que a democracia está ameaçada no país. "A missão observou que os atos de violência decorridos durante o processo eleitoral constituem um obstáculo à expressão efetiva da democracia."

Por seu lado, chefe da delegação da União Africana (UA), Mohamed Dileita, afirmou  que o processo eleitoral decorreu "de forma geralmente satisfatória, apesar de um contexto político caracterizado pela ausência de um consenso sóbrio entre os atores políticos sobre os processos conducentes às eleições de 31 de outubro de 2020."

Apelo à desobediência civil

Enquanto se aguarda pela divulgação dos resultados definitivos, a oposição ameaça com novos protestos contra Alassane Ouattara. "Os partidos e grupos políticos da oposição afirmam que o apelo à desobediência civil é mantido e apelam ao povo da Costa do Marfim a permanecer mobilizado até à vitória final."

Pelo menos nove pessoas morreram durante o fim de semana em numerosos incidentes e confrontos que afetaram principalmente a metade sul do país, de acordo com a AFP.

Antes da votação, cerca de 30 pessoas tinham morrido em atos de violência pelo país, levantando receios de uma repetição dos conflitos pós-eleitorais registados há dez anos.

Eleições tensas na Costa do Marfim

01:09

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