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PolíticaCosta do Marfim

Costa do Marfim: Presidente vai concorrer a terceiro mandato

Lusa
24 de agosto de 2020

Alassane Ouattara entregou a sua candidatura às presidenciais à Comissão Eleitoral, em Abidjan. O chefe de Estado apelou à "paz", depois da violência que se registou no país desde que anunciou a recandidatura.

Foto: Reuters/L. Gnago

"Sei que posso contar com todos os meus concidadãos para assegurar que esta eleição seja pacífica e que os marfinenses possam fazer a sua escolha em paz, sem violência", disse Alassane Ouattara, esta segunda-feira (24.08) ao deixar as instalações da Comissão Eleitoral Idependente (IEC), acompanhado pela maioria dos membros do Governo.

A violênciaque se tem registado no país desde o anúncio da sua recandidatura causou a morte de pelo menos oito pessoas. 

"Submeter-nos-emos ao veredicto dos nossos cidadãos. Os cidadãos farão o nosso balanço, que é um balanço excecional ao longo dos últimos nove anos (...). Tenho uma perspetiva de estabilidade, segurança, paz e felicidade para os marfinenses", concluiu.

Recandidatura

Eleito em 2010 e depois reeleito em 2015, o chefe de Estado da Costa do Marfim, de 78 anos, anunciou, inicialmente, em março a sua intenção de não se candidatar às próximas eleições presidenciais, marcadas para 31 de outubro e de entregar ao seu primeiro-ministro, Amadou Gon Coulibaly, a função. Mas este morreusubitamente a 8 de julho, vítima de um ataque cardíaco, e, a 06 de agosto, Alassane Ouattara anunciou que concorreria a um terceiro mandato.

Protestos em Abidjan contra o anúncio de recandidatura do Presidente, no início de agostoFoto: Getty Images/AFP/I. Sanogo

O anúncio desta decisão provocou várias manifestações no país que degeneraram em violência durante três dias, deixando seis mortos, cerca de 100 feridos e 1.500 deslocados. 

Este fim de semana, houve novos episódios de violência interétnica, na sequência do anúncio do seu partido, que provocou a morte de pelo menos duas pessoas, em Divo (200 km a noroeste de Abidjan, capital da Costa do Marfim).

Interpretações  

A Constituição, revista em 2016, limita a dois os mandatos presidenciais. Os apoiantes de Ouattara dizem que a revisão coloca o mandato a zero, enquanto os seus opositores consideram uma terceira candidatura inconstitucional.

Os receios de uma violência ainda mais mortal no período que antecederá as eleições de 31 de outubro são elevados, 10 anos após a crise presidencial de 2010, que causou a morte de 3.000 pessoas e que colocou Ouattara no poder.

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) afirmou-se esta segunda-feira (24.08) "profundamente preocupada" com a situação na Costa do Marfim e apelou aos atores políticos do país para que evitem a violência e resolvam as suas divergências pelo diálogo.   

Em comunicado divulgado, a Comissão da CEDEAO afirma que está a acompanhar a evolução da situação sóciopolítica na Costa do Marfim, no período que antecede as presidenciais marcadas para 31 de outubro, e que está "profundamente preocupada com os acontecimentos violentos que tiveram lugar nos últimos dias" no país.  

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