Covid-19: Alemanha cancela a maior festa da cerveja do mundo
Rebecca Staudenmaier | jb
21 de abril de 2020
Com a interdição de grandes eventos públicos até agosto, a Oktoberfest é a "vítima" mais recente do confinamento. Apesar do início estar previsto para setembro, a maior festa da cerveja do mundo não acontecerá este ano.
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Dos festivais de música aos grandes eventos desportivos, a pandemia de COVID-19 provocou uma onda de cancelamentos de eventos sem precedentes em todo o mundo – e a Oktoberfest da Alemanha não é excepção.
As últimas medidas de confinamento incluem agora uma proibição de grandes eventos públicos até 31 de agosto. Embora o início da Oktoberfest de Munique só estivesse previsto para 19 de setembro, Markus Söder, o primeiro-ministro do Estado da Baviera, disse esta terça-feira (21.04) que o festival não se vai realizar este ano.
"Analisando a atual situação, não consigo imaginar que um evento tão grande será viável nessa altura", disse Söder. Acrescentou que a decisão de cancelar o festival foi tomada conjuntamente com o edil da cidade de Munique.
Covid-19: Um ano sem Oktoberfest
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Ideia de "mini-festa" foi rejeitada
Há duas semanas, os vendedores da Oktoberfest já tinham lançado a ideia de realizar uma versão mini da Oktoberfest – que só estaria aberta aos habitantes locais de Munique e da região circundante do Estado da Baviera. A ideia foi rejeitada pelos funcionários da cidade.
A Oktoberfest é a maior festa da cerveja do mundo e atrai anualmente seis milhões de pessoas à cidade de Munique.
As festividades deste ano estavam previstas para acontecer entre 19 de setembro e 4 de outubro de 2020.
Trajes típicos da Oktoberfest feitos de capulanas
Duas irmãs dos Camarões fazem sucesso na Oktoberfest, a maior festa alemã celebrada em Munique, com a apresentação da coleção de trajes típicos, o famoso "dirndl", feitos com tecidos tradicionais africanos, as capulanas.
Foto: DW/M.Braun
Trajes típicos coloridos
Na Oktoberfest em Munique é muito comum ver as mulheres a usar trajes típicos da região da Baviera, sul da Alemanha. O famoso "dirndl" além de bonito também pode surpreender em cores. Duas estilistas dos Camarões deram aos trajes uma nova cara. Na maior festa alemã, apresentaram os trajes típicos costurados com tecidos tipicamente africanos.
Foto: Dirndl à l´Africaine
Um "dirndl" em verde
O ateliê de costura das irmãs africanas já existe em Munique desde 2010. Com seus trabalhos, já foram tema para reportagem na famosa revista de moda "Vogue". E pensar que o primeiro traje típico a moda africana foi costurado, na verdade, apenas como peça única para um desfile de moda.
Foto: Dirndl à l´Africaine
As criadoras
Depois de criar o primeiro traje típico com tecidos africanos, Marie Darouiche (à direita) decidiu se aprofundar no mundo dos trajes típicos. Até hoje, é ela quem cria junto com a irmã Rahmée Wetterich (à esquerda) cada traje típico. A sócia do ateliê, Cornelia Hobbhahn (no meio), é responsável pelos contatos no mundo da moda.
Foto: Dirndl à l´Africaine
Uma mistura de África e sul da Alemanha
Os tecidos africanos (capulanas) são o que mais chama a atenção nesses trajes típicos. Mas para o acabamento, as estilistas também usam renda, forro e botões típicos da Baviera. "Nossos dirndl são uma homenagem à cultura da Baviera e de África", explica a designer Rahmée Wetterich. Com a marca de trajes típicos Noh Nee, a africana fez seu nome no mundo da moda em Munique.
Foto: Dirndl à l´Africaine
Famosos vestem "dirndl" africano
Os clientes de Noh Nee vêm de todas as partes do mundo. Também famosos de Munique aderiram ao traje típico à moda africana. Este ano, a atriz Jutta Speidel foi à Oktoberfest vestindo o traje que mistura a moda do sul da Alemanha e com as cores dos tecidos africanos.
Foto: picture-alliance/Eventpress Magerstaedt
Os tecidos
Os tecidos usados pelas designers não vêm de África, mas da Holanda. Era lá que eles eram produzidos, no princípio, para serem vendidos na Indonésia. No século XIX, então, o material conquistou a África Ocidental. Hoje, cheio de cores e estampas, esses tecidos são famosos e típicos em todo o continente africano.
Foto: DW/M.Braun
Será que o "dirndl" em breve virá de África?
As criadoras dos trajes típicos à moda africana estão à procura de fornecedores de tecidos coloridos em África. No futuro, esperam que os trajes típicos sejam também costurados no continente das irmãs e que, de lá, já venham prontos para a Alemanha. Para aprender como se faz um traje típico da Baviera, virá a Munique uma costureira do Benim, que levará o conhecimento adiante.
Foto: DW/M.Braun
O avental mensageiro
Um verdadeiro traje típico não dispensa o avental. A Noh Nee recebeu este do Quênia. Lá é comum o uso das tradicionais "cangas", que sempre trajem mensagens gravadas. Quem usar especificamente este, repassa a informação de que não está à procura de ninguém. Em bom português: "Obrigada, já sou comprometida."
Foto: Maja Braun
Búzios ao invés de botões
Alguns trajes típicos trazem acessórios africanos. Como este, com os búzios. O que antigamente era moeda de troca, hoje, em África, serve para embelezar. Bordar os búzios nos vestidos não é tarefa fácil. Um "dirndl" desses custa em torno de 800 euros.
Foto: Dirndl à l´Africaine
Cores, para que te quero?
Os altos preços não impedem a venda dos vestidos. Cada traje típico é peça única. Cada cinto e cada forro são sempre diferentes. Algumas clientes vêm especialmente da França. Uma outra mandou costurar o seu vestido de noiva na Noh Nee: um traje típico bem colorido.
Foto: Dirndl à l´Africaine
Opção para o inverno
E para que as cores africanas não fiquem no armário à espera da próxima Oktoberfest, Marie Darouiche e Rahmée Wetterich já trabalham em uma coleção para o inverno. Entre as peças estarão sobretudos, calças e até saias criados com os tecidos de cores africanas.