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SaúdeAlemanha

Covid-19: Alemanha e França unidas por vacinas para África

DPA | AFP | Lusa
29 de maio de 2021

Em visita à África do Sul, Presidente francês e ministro alemão da Saúde comprometeram-se a apoiar a produção de vacinas contra a Covid-19 em África. Presidente sul-africano disse que África não pode continuar à espera.

BIONTECH Impfstoff
Foto: Laci Perenyi/imago images

O anúncio das dos apoios foi feito na sexta-feira (28.05) durante as visitas do presidente francês, Emmanuel Macron, e do ministro alemão da Saúde, Jens Spahn, à África do Sul.

Muitos países africanos têm lutado para assegurar vacinas no mercado global - e a África do Sul está atualmente a entrar na terceira vaga de infeções pelo coronavírus.

O Presidente francês e o ministro alemão da Saúde querem apoiar a transferência de tecnologia e o estabelecimento de centros regionais de fabrico de vacinas contra a Covid-19.

"É uma questão de dever, de solidariedade" apoiar os países mais pobres no acesso às vacinas, disse Macron.

A Alemanha irá investir até 50 milhões de euros.

Na semana passada, a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen anunciou um apoio de mil milhões de euros para a produção de vacinas no continente africano.

Superar a falta de vacinas

O Governo alemão quer disponibilizar até 50 milhões de euros para apoiar a produção de vacinas na África do Sul, disse na sexta-feira (28.05) o ministro alemão da Saúde Jens Spahn, durante uma visita a uma universidade em Joanesburgo.

Berlim quer apoiar a transferência de tecnologia, tal como a França e a União Europeia (UE), disse Spahn. África importa atualmente 99% das suas vacinas.

O Presidente francês Emmanuel Macron apelou a mais transparência e responsabilidade no fornecimento de vacinas aos países mais pobres. Ele disse ser importante saber quantas doses estão a ser entregues a quais países.

Jens Spahn com o seu homólogo Zweli MkhizeFoto: Christoph Soeder/dpa/picture alliance

Macron apelou também a uma maior transparência nos preços das vacinas, dizendo que esta era a melhor forma de evitar o desperdício de dinheiro público.

O Presidente francês pediu que fossem removidos os obstáculos ao acesso às vacinas, tais como como restrições à exportação.

Houve divergências no que tocas a questão das patentes. A Alemanha e outros países europeus opuseram-se a falar no levantamento de patentes, argumentando que isto só desencorajaria as empresas privadas de investir os recursos necessários para produzir vacinas contra o coronavírus.

A Alemanha tem argumentado que as patentes não são a razão pela qual países como a África do Sul estão a lutar para obter vacinas. Em vez disso, o problema são os estrangulamentos de fornecimento que impedem as empresas de receber quantidades adequadas de materiais críticos necessários para produzir vacinas.

Spahn disse que as transferências funcionam melhor entre parceiros dispostos. "A cooperação voluntária porque se está empenhado é sempre mais eficaz do que ser forçado", disse ele. "Queremos apoiar-vos".

No entanto, Macron defendeu a suspensão das patentes de vacinas onde quer que elas sejam um obstáculo, durante a pandemia.

O ministro alemão iniciou a sua visita de dois dias com um encontro com o seu homólogo Zweli Mkhize. Ele também pôde ver um dispositivo de teste do coronavírus, cuja construção foi financiada pela Alemanha.

Covid-19: África não pode continuar à espera por vacinas

O Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa considerou, na sexta-feira (28.05), que o continente africano não pode continuar na lista de espera para ter acesso à vacina contra a Covid-19 que é produzida pelos países ricos. 

O chefe de Estado sul-africano disse que há vários outros países no continente com capacidade de produção de vacinas, destacando Egipto, Tunísia, Marrocos e Senegal. 

"O Ruanda e o Gana também estão atualmente em negociações para desenvolver as suas próprias capacidades", referiu o Presidente Ramaphosa.

No entanto, o líder sul-africano sublinhou que o continente tem "experiência" na produção de vacinas e "ecossistemas" para apoiar a sua produção e "não pode continuar à espera na fila por vacinas para a Covid-19 que salvam vidas", declarou.

O Presidente Ramaphosa, que falava num seminário sobre a produção de vacinas em África, na Universidade de Pretória, disse que os países africanos estão "imensamente gratos ao Governo francês pelo seu apoio contínuo na aquisição de vacinas em África".

"Saudamos a recente contribuição da França de 30 milhões de doses adicionais para a Covax [a iniciativa global da OMS que distribui vacinas pelos países mais pobres,] e 500 milhões de euros em fundos multilaterais para comprar diagnósticos, terapêuticas e vacinas", adiantou o chefe de Estado sul-africano.

De acordo com Ramaphosa, "até ao momento, menos de metade de um por cento da população no continente está totalmente vacinada contra a Covid-19", e o acesso ao fármaco "é o nosso maior desafio" em África.

O Presidente sul-africano disse que a produção local de vacinas "é um passo importante para a autossuficiência africana, que ajudará a atender às aspirações de desenvolvimento", estimando que "a capacidade de produção atual de cerca de 3,5 mil milhões de doses poderia ser aumentada para cerca de 5 mil milhões de doses anualmente".

Ramaphosa disse ainda que a África do Sul espera continuar a contar com o apoio da comunidade internacional e de parceiros como a França e a Alemanha.

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