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Covid-19: Angola confirma primeiros dois casos

Lusa | cvt
21 de março de 2020

Ministra da Saúde anunciou, este sábado (21.03), os dois primeiros casos positivos de infeção por coronavírus no país. Trata-se de dois angolanos, residentes em Luanda, que regressaram ao país vindos de Portugal.

Nachweis Coronavirus im Labor Symbolbild
Foto: picture-alliance/NurPhoto/M. Ujetto

"A pandemia já atingiu o nosso país com confirmação desde as 02:00 de hoje", afirmou a ministra da Saúde de Angola numa conferência de imprensa em Luanda, no Ministério da Saúde, este sábado (21.03).

Trata-se de dois cidadãos angolanos, com idades compreendidas entre os 36 e 38 anos, residentes em Luanda que regressaram ao país nos dias 17 e 18 de março, vindos de Portugal.

"Já estão a ser controlados nas nossas unidades sanitárias", informou.

O administrador da Sonangol, Osvaldo Macaia, de 38 anos, é um dos dois primeiros casos de infeção por coronavirus em Angola, disse à Lusa uma fonte da petrolífera estatal angolana. 

Segundo a mesma fonte, o responsável da Sonangol foi rastreado no aeroporto e "cumpriu todos os procedimentos", ficando em quarentena domiciliar. 

"Acionámos o protocolo e foram criadas condições para fazer o teste, que deu positivo", adiantou.

Osvaldo Macaia só começou a apresentar os primeiros sintomas 24 horas após a sua chegada.

A transferência do administrador da Sonangol para a unidade onde se encontra atualmente sob observação, a Clínica Girassol em Luanda, foi coordenada por elementos do Ministério da Saúde.

Viajantes em quarentena domiciliária

A ministra Sílvia Lutucuta disse ainda que estão a ser dadas as instruções sanitárias necessárias para mitigar a epidemia e apelou para que a população, sobretudo os viajantes que cheguem de países com circulação comunitária do vírus, cumpram a quarentena obrigatória, que considerou "uma prioridade fundamental".

A ministra lembrou ainda que, nos últimos dias, chegaram a Angola viajantes que vieram de Portugal - Lisboa e Porto - a quem foi dada a possibilidade de fazer quarentena domiciliária, apelando para que quem saiba de alguém que tenha viajado recentemente para as áreas afetadas e não esteja a cumprir o isolamento denuncie a situação para o número local 111.

"Não haverá contemplações. Estas pessoas serão levadas para os centros de quarentena institucional", sublinhou, garantindo que vai ser aumentada a capacidade de rastreio destes pacientes.

Centro de quarentena do CalumboFoto: DW/B. Ndomba

Quarentena institucional

Sílvia Lutucuta lembrou ainda que haverá voos adicionais provenientes de Lisboa e do Porto e disse que o Governo está a preparar condições para fazer quarentena institucional dos passageiros, garantindo que vão ser criadas as condições imediatas.

Na sexta-feira (20.03), a ministra da Saúde angolana havia dito que alguns passageiros, oriundos de Portugal, que estariam obrigados a fazer quarentena, forneceram dados falsos à chegada ao país, mas foram detetados e terão de cumprir quarentena compulsivamente por causa da covid-19.

Sílvia Lutucuta fez referência aos últimos passageiros provenientes de Portugal, depois da decisão do Governo angolano de incluir o país na lista de restrições com obrigatoriedade de quarentena, e que chegaram a Luanda na quarta-feira (18.03), nas vésperas de Angola fechar as suas fronteiras aéreas para evitar o contágio pelo novo coronavírus, que causa a doença covid-19.

A ministra referiu que alguns passageiros forneceram dados falsos, nomeadamente número de telefones e moradas, para evitar cumprir a medida, mas "a polícia tem condições e já está a fazer esse trabalho de rastrear as pessoas".

"Não haverá mais avisos, quem reside no Cazenga e é encontrado na 'Baixa', a polícia vai pegar em si e levar para o centro do Calumbo, não haverá explicação possível nem tolerância", avisou, acrescentando que as equipas de saúde pública têm estado a telefonar para confirmar que as pessoas estão bem.

A ministra garantiu que há um sistema de rastreio telefónico que permite saber onde as pessoas se encontram.

Aeroporto internacional de LuandaFoto: Wikimedia/L.Willms

Sobrecarga da capacidade instalada

Ainda na sexta-feira, a governante angolana explicou que foi adotada a quarentena domiciliar por se ter tornado inviável a quarentena institucional em vigor, que abrangia anteriormente apenas quatro países - China, Coreia do Sul, Irão e Itália - com casos de transmissão comunitária de coronavírus.

"Mas temos que perceber que Angola tem uma relação secular de amizade com Portugal e há pessoas que têm uma relação muito próxima, têm famílias em Portugal e viajam com muita regularidade por várias razões, ou familiares, ou por formação ou comerciais", referiu a ministra.

Segundo a responsável da Saúde, com a necessidade de alargar as restrições a outros países, incluindo Portugal, um grande contingente de angolanos que estavam em território português teve de regressar ao país e devido ao elevado número de passageiros, superior à capacidade instalada, a opção foi a quarentena domiciliar.

"Os passageiros que vieram de Lisboa desde o dia 18 foram submetidos à quarentena domiciliar, por estas razões. Só num dia, chegaram mais de 900 passageiros, temos muitos passageiros que vieram de Lisboa, fizemos essa opção", explicou.

Sílvia LutucutaFoto: DW/C.V. Teixeira

Acrescentou que "as pessoas não foram para casa como se tivesse havido férias normais" e todos foram obrigados a preencher um boletim com informação detalhada e dados pessoais, bem como um termo de compromisso declarando que ficam no domicílio.

A titular da pasta da Saúde em Angola sublinhou que os passageiros foram informados que quem violar as orientações "vai fazer compulsivamente quarentena nos centros de quarentena, no Calumbo".

Centro de quarentena

O centro de quarentena do Calumbo, em Viana, nos arredores de Luanda, alberga atualmente 17 pessoas.

Durante o período de quarentena, prosseguiu a ministra, as pessoas terão de cumprir os 14 dias de isolamento, bem como os restantes membros do agregado familiar.

"Se houver alguma manifestação clínica, nomeadamente tosse, febre, dor na garganta e dificuldade respiratória podem contactar o 111, onde temos uma equipa de profissionais no Centro Integrado de Segurança Pública [CISP] capaz de orientar estas pessoas", frisou.

Na mesma ocasião, Sílvia Lutucuta reiterou que o país havia feitro, até ao momento, 150 testes.

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