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Educação

Covid-19: Aulas televisivas são desafio na Zambézia

8 de maio de 2020

Sem infraestrutura, estudantes da zona rural da Zambézia, centro de Moçambique, não conseguem acompanhar as aulas televisivas. Autoridades dizem que não há outra alternativa, por causa do estado de emergência.

Foto: DW/M. Mueia

Devido à pandemia da Covid-19, as escolas e universidades moçambicanas estão encerradas há mais de um mês, em cumprimento do estado de emergência decretado no país. 

Por isso, uma das alternativas encontradas pelo Executivo moçambicano é a introdução de aulas pela televisão, para evitar o incumprimento de plano curricular no ensino geral, que parte da 1ª. à 12ª. classe e o ensino técnico profissional.  

Entretanto, há várias regiões na província da Zambézia onde a população não tem televisor e não há corrente elétrica expandida. Os estudantes mostram-se preocupados com a situação e receiam não completar o ano letivo.

Estudantes em dificuldade

Faustina Nortão, estudanteFoto: DW/Marcelino Mueia

As estudantes Faustina Nortão e Fátima Lucas vivem num povoado  em Maquival, e contaram como é a situação na região sem eletricidade. "Às vezes tenho tido poucos trabalhos completos, pois não há energia. Gostaria que pelo menos o Governo expandisse a energia para podermos estudar", afirmou Faustina Nortão.

Para Fátima Lucas, a tentativa de estudar sem o acesso ao conteúdo é muito difícil e pede para que esse momento passe rapidamente para voltar a estudar.

"É caótica a situação pela falta de energia, de telefone, e a falta de televisão. Vamos levar brochuras à escola, viemos a casa fazer apontamentos e exercícios. Eu gostaria que esse coronavírus acabasse. É tao difícil estudar assim aqui no campo", relatou Fátima Lucas.

Preocupações

A encarregada de educação e residente na região, Farida Lopes, também demonstra preocupação: "Aqui não tem energia. Simplesmente os alunos sentaram [em casa]. Não são muitos que têm condições para internet, telefones. Simplesmente  sentaram em casa, onde não tem energia, não tem corrente".  

No povoado de Irregel, a sete quilómetros da cidade de Quelimane, há dezenas de estudantes que frequentam aulas na escola secundária de Namacata, distante cinco quilómetros da localidade.

Fátima Lucas, estudanteFoto: DW/Marcelino Mueia

Nesta região ninguém tem acesso a televisão, também não há energia elétrica. Por conta disso, os estudantes dizem que são obrigados a uma vez por semana irem à escola comprar cópias de livros para ler em casa. Estas cópias de exercícios custam 1 euro cada. 

Segundo a estudante Tania Armando, nem sempre há dinheiro para custear as cópias dos livros para seguir os estudos."Estamos há um mês sem estudar. Só nos mandam brochuras na escola. Tenho 10 brochuras e ainda não comprei todas", lamentou.

"Não há condições"

Para Andrade Viando, outro encarregado de educação, a falta de condições favoráveis para os estudos televisivos está a ser uma barreira para os alunos da região.

"Aqui, em Irregel, não há mecanismo para os alunos assistirem às aulas. Estamos num bairro e a maioria dos encarregados não tem condições favoráveis para pelo menos comprar brochuras. As aulas são na televisão e aqui não há corrente. Está a ser difícil os alunos participarem nessas aulas", finalizou o encarregado Andrade Viando. 

As autoridades da educação na Zambézia dizem não haver outras hipóteses além da televisão, internet e venda de cópias de exercícios nas escolas aos alunos.

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