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SaúdeCabo Verde

Cabo Verde entre os únicos a cumprir meta de vacinação

Lusa
6 de dezembro de 2021

Cabo Verde deverá ser um dos únicos cinco países africanos a atingir a meta da OMS de vacinar totalmente 40% da população até ao final do ano, estima a Fundação Mo Ibrahim.

Coronavirus I Impfung I West Afrika I Senegal
Foto: Leo Correa/AP/picture alliance

Cabo Verde deverá ser um dos únicos cinco países africanos a atingir a meta da Organização Mundial de Saúde (OMS) de vacinar totalmente 40% da população até ao final do ano, estima um estudo da Fundação Mo Ibrahim publicado esta segunda-feira (06.12).

De acordo com dados até 18 de novembro, as ilhas Seicheles, Maurícias e Marrocos já atingiram aquele objetivo, enquanto Cabo Verde e Tunísia estavam perto e deverá conseguir até ao final de dezembro. 

Os números oficiais das autoridades cabo-verdianas indicam que este marco já foi superado: até à passada segunda-feira, 82,8% das pessoas adultas já tinha recebido a primeira dose das vacinas contra a Covid-19 e o país tinha a taxa de 67,6% de pessoas completamente vacinadas.

Porém, o estudo "Covid-19 em África: um caminho difícil para a recuperação" observa que os restantes 49 países africanos estão muito atrasados, com destaque para a República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Chade, Tanzânia e Camarões.

"Vacinar África é o desafio fundamental"

Apesar de a campanha de vacinação contra a Covid-19 ser considerada "a maior e mais rápida" na história, é também marcada pela desigualdade na distribuição. Até meados de novembro, apenas 6,8% da população africana tinha recebido a vacinação completa (uma ou duas doses, dependendo do fármaco), contra 66,8% nos países do G7 (Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, França, Itália, Canadá e Japão). 

Os autores do estudo calcularam que, até 29 de novembro de 2021, 238 milhões de pessoas em 60 países receberam uma dose de reforço, mais de seis vezes superior ao número total de pessoas que receberam a primeira dose em países de baixo rendimento.

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Os autores do estudo concluem que existem poucas hipóteses de se ultrapassar a pandemia de Covid-19 se não se conseguir vacinar 70% da sua população até ao final de 2022. "Não podemos falar sobre qualquer recuperação, seja no nível da saúde ou económico. Vacinar África é o desafio fundamental e prioritário que precisa de ser superado", afirmou a diretora executiva da Fundação Mo Ibrahim, Nathalie Delapalme.

O aparecimento da variante Ómicron na África do Sul, que os cientistas receiam que seja mais infecciosa e resistente às vacinas, reforça os alertas da Fundação Mo Ibrahim para o risco de o continente se tornar numa "incubadora de variantes" do coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença Covid-19. 

Para o presidente da Fundação, o empresário e filantropo sudanês Mo Ibrahim, "a Covid-19 continua a ser uma ameaça mundial e vacinar o mundo inteiro é o único caminho".

Falta de registo pode ser fator de exclusão

A insuficiência dos registos civis em África poderá excluir milhões de pessoas da vacinação contra a Covid-19 por falta de acesso a documentação e serviços de saúde, indica ainda o estudo "Covid-19 na África: um caminho difícil para a recuperação", lembrando que mais de 50% das crianças nascidas em África não tem existência legal por falta de registo, serviços que foram perturbados ou interrompidos durante a pandemia. 

Estimativas dos autores indicam que o número ultrapassará 100 milhões de crianças sem registo até 2030 se não houver investimento neste serviço público. 

Atualmente, o registo de nascimento é gratuito em apenas quatro dos 24 países da África Ocidental e Central, pelo que os custos podem desincentivar o seu uso e prejudicar a campanha de vacinação contra a Covid-19. Sem registo civil, os cidadãos não têm documentos de identificação nem acesso aos serviços de saúde públicos, o que, por consequência, pode inviabilizar o acesso à imunização. 

Na África do Sul, estima-se que 15,3 milhões de pessoas não estejam registadas oficialmente, o que pode excluir quase 30% da população da vacinação, indica o estudo. Por outro lado, apenas oito países (Argélia, Cabo Verde, Egito, Maurícias, São Tomé e Príncipe, Seicheles, África do Sul e Tunísia) têm um sistema universal de registo de óbitos.

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