Covid-19: Cabo Verde já gastou mais de 154 milhões de euros
Lusa
2 de outubro de 2020
Gastos com medidas de combate e mitigação dos efeitos da pandemia de Covid-19 já representam cerca de 14% do PIB cabo-verdiano. Governo prevê "insustentabilidade futura", caso não consiga controlar a pandemia.
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"Só em relação a 2020, olhando para a toda a intervenção do Estado - na educação, saúde, proteção dos empregos e produção dos rendimentos - estamos a falar de mais de 17 milhões de escudos (154 milhões de euros), representa cerca de 14% do PIB", disse esta quinta-feira o ministro cabo-verdiano das Finanças Olavo Correia.
O ministro, que falava em conferência de imprensa, na cidade da Praia, após ter apresentado a proposta de Orçamento do Estado para 2021 ao presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, disse que são gastos diretos que o país continua a incorrer.
"E a cada dia que a economia continua confinada, os gastos tenderão a aumentar-se", prosseguiu o também vice-primeiro-ministro, que prevê uma "insustentabilidade futura", se o país não conseguir controlar a pandemia.
Covid-19: Testes em massa na Cidade da Praia
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Cabo Verde regista uma acumulado de 6.126 casos da doença desde 19 de março, dos quais 61 óbitos, 5.338 recuperados, dois doentes transferidos para os seus países e 725 casos ativos.
Neste sentido, Olavo Correia pediu a todos para terem um "comportamento adequado", para colocar a propagação do vírus a níveis que sejam suportáveis e pagináveis com as recomendações internacionais.
Crise económica
Cabo Verde vive já uma profunda crise económica provocada pela pandemia, com o setor do turismo, que garante 25% do PIB, parado desde março, com perdas que podem chegar aos 70%.
Para o próximo ano, o Governo prevê o aumento do número de turistas, entre 22% a 35%, dependendo do quadro epidemiológico, quer no país, quer no mundo.
A proposta de Orçamento de Estado para 2021 é de 706,4 milhões de euros, um aumento de 27,3 milhões de euros em relação ao orçamento ainda em vigor e elaborado por causa da Covid-19.
Depois de um recessão histórica entre 6,8% e 8,5% este ano, o instrumento de gestão prevê um crescimento de 4,5%, mas só se o país conseguir controlar a pandemia da Covid-19, disse o ministro.
Para o próximo ano económico, o Governo cabo-verdiano prevê ainda uma inflação de 1,2%, défice orçamental ainda negativo (-8,8), uma taxa de desemprego a reduzir de 19,2% para 17,2% e uma dívida pública de 145,9% do PIB.
Além disso, no próximo ano, Cabo Verde prevê gastar mais de 176 milhões de euros com o serviço da dívida, um máximo histórico, segundo a proposta de Orçamento do Estado para 2021.
O que mudou em Cabo Verde com a Covid-19
Cabo Verde registou quatro casos de infeção por Covid-19 e uma morte. Todos os casos são importados. Centenas de pessoas estão em isolamento e os voos foram condicionados. O dia a dia também está a ser afetado.
Foto: DW/A. Semedo
Movimentação reduzida nas ruas
A chegada do novo coronavírus a Cabo Verde mudou a rotina dos cabo-verdianos, sobretudo nos centros urbanos, onde se tem notado a diminuição de movimentação e aglomeração de pessoas. Muitos preferem ficar em casa para diminuir o contacto social. Eventos com muitas pessoas foram suspensos em todo o país. Discotecas foram encerradas, bares e restaurantes passaram a fechar mais cedo.
Foto: DW/A. Semedo
Férias escolares antecipadas
Cabo Verde antecipou as férias escolares do ensino pré-escolar, básico e secundário para o dia 23 de março, como medida de contenção à Covid-19. As universidades também suspenderam todas as aulas e outras atividades formativas. Foram ainda estabelecidas medidas "excecionais e temporárias" para o funcionamento de creches, com a possibilidade do teletrabalho para os pais.
Foto: DW/A. Semedo
Informar com urgência a população
Campanhas de sensibilização e de esclarecimento à população sobre a Covid-19 estão a ser realizadas pelas autoridades em Cabo Verde. Carros passam informações à população sobre o que é a Covid-19, as formas de transmissão e como prevenir a doença. Estas viaturas circulam nos centros das cidades e bairros para reforçar a comunicação.
Foto: DW/A. Semedo
Transportes urbanos com lotação a 50%
Os transportes urbanos e interurbanos, como taxis e "hiaces", já estão a sentir os efeitos da Covid-19. A lotação passou para metade, com impacto direto no rendimento dos condutores. A medida visa aumentar o distanciamento entre os passageiros e evitar o contágio. "Hiacistas" e taxistas pedem apoio ao Governo para colmatarem as perdas, como a suspensão de impostos ou a facilitação de créditos.
Foto: DW/A. Semedo
Praias interditadas em todo país
As autoridades interditaram o acesso às praias do país para evitar a aglomeração de pessoas e, consequentemente, prevenir o contágio e a disseminação da Covid-19. A proibição durará enquanto se mantiver o plano de contingência a nível nacional decretado pelo Governo. A polícia está a patrulhar as zonas balneares para garantir o cumprimento da interdição.
Foto: DW/A. Semedo
Acesso limitado aos locais públicos
Mercados, bancos, farmácias, lojas e outras instituições estão a limitar a entrada de pessoas para prevenir a Covid-19, o que tem levado à criação de filas à porta destes espaços. Nos mercados da Praia, por exemplo, foi proibida a entrada de crianças e as vendedeiras com mais de 65 anos devem ficar em casa. Feiras e vendas de animais vivos são agora proibidas. Algumas lojas chinesas já fecharam.
Foto: DW/A. Semedo
Corrida aos supermercados
O anúncio do plano de contingência para a prevenção e controlo da Covid-19 e do primeiro caso da doença no país, disparou as compras em Cabo Verde. O medo de ficar sem alimentos levou as pessoas a comprarem grandes quantidades de comida e produtos de higiene. O Governo alertou a população para não açambarcarem os produtos e reforçou a fiscalização contra a especulação de preços.
Foto: DW/A. Semedo
O medo de ficar sem gás butano
O anúncio do primeiro caso de Covid-19 no país levou os cidadãos à compra desenfreada de gás butano para armazenamento, temendo a sua falta no mercado. Vários postos de venda ficaram sem este combustível para atender à elevada procura. Entretanto, as empresas de combustíveis garantem à população que têm stocks de gás suficiente para abastecer o mercado, afastando um cenário de escassez.
Foto: DW/A. Semedo
Faltam materiais de proteção individual
A falta de máscaras e álcool em gel no mercado tem deixado os cidadãos muito preocupados. A procura por estes produtos aumentou drasticamente com o registo do primeiro caso de Covid-19 no país. A empresa de medicamentos Inpharma passou a produzir álcool em gel para abastecer o país e já garantiu o fornecimento de máscaras às farmácias. Porém, a venda destes produtos está a ser racionada.