Nova vítima do novo coronavírus no arquipélago era um cidadão cabo-verdiano de 65 anos que tinha outros problemas de saúde. Governo de São Tomé e Príncipe decide prorrogar o estado de emergência até 31 de maio.
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Cabo Verde registou este sábado (16.05) a terceira morte por Covid-19. O número de casos do novo coronavírus mantém-se em 328, com 18 doentes recuperados, conforme anunciado pelo Governo cabo-verdiano este fim de semana.
"Infelizmente, nem tudo são boas notícias. O doente que estava em situação crítica no Hospital Dr. Agostinho Neto acabou por falecer esta tarde", disse Jorge Noel Barreto, diretor de Serviço de Prevenção e Controlo de Doenças, no balanço diário da pandemia da Covid-19, na cidade da Praia, ilha de Santiago.
Trata-se do segundo cabo-verdiano a morrer infetado pelo novo coronavírus no arquipélago e ambos no hospital da Praia. O primeiro óbito no país foi de um cidadão inglês de 62 anos, na ilha da Boa Vista, em março, e foi também o primeiro caso diagnosticado da doença em Cabo Verde.
De acordo com Jorge Noel Barreto, esta terceira vítima mortal, um homem de 65 anos, internado há cerca de dez dias, apresentava "outros problemas de saúde" que terão "condicionado o desfecho fatal". Após este óbito, a taxa de letalidade global em Cabo Verde cresceu para 0,9%, mas relativamente a doentes acima dos 60 anos cifra-se em 11%.
A ilha de Boa Vista, que deixou no dia 14 de maio de estar em estado de emergência, também não tem novos casos da doença há cerca de três semanas. "Os dados que temos leva-nos a crer que, por enquanto, não parece haver circulação do vírus na comunidade. Mas ainda é cedo", admitiu Jorge Noel Barreto.
Cabo Verde regista um acumulado de casos de covid-19 distribuídos pelas ilhas de Santiago (269), Boa Vista (56) e São Vicente (03, todos recuperados), três óbitos e 85 doentes recuperados.
Estado de emergência em STP
Este sábado, o Presidente de São Tomé e Príncipe, Evaristo Carvalho, prorrogou por decreto o estado de emergência devido ao novo coronavírus, em vigor no país desde 17 de março, até 31 de maio. O chefe de Estado justifica que "nesta data" o quadro epidemiológico do país "é catalogado como grave, com tendência de um número crescente de casos confirmados e de óbitos por Covid-19".
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Evaristo Carvalho reuniu os órgãos de soberania, o procurador-geral da República (PGR) e a sociedade civil para analisar a situação do novo coronavírus no país, tendo concluído que "nesta data continuam válidos todos os pressupostos que sustentaram a declaração do estado de emergência, pelo que há necessidade da sua manutenção".
"A doença existe, ela está cá, está a ceifar vidas", disse o porta-voz do executivo, Adelino Lucas. O prazo do estado de emergência foi prorrogado por mais de 15 dias.
O Governo são-tomense considera que o distrito de Caué, sul do país, é o único até agora sem casos de contaminação pelo novo coronavírus, tendo as autoridades congratulado com "as medidas que estão a ser tomadas pelas autoridades locais para que não haja a propagação da doença" para este distrito.
Em Caué, as autoridades estão a desinfetar todas as viaturas que entram no distrito, obrigam os cidadãos a desinfetar os sapatos, lavar as mãos e estão a adotar outras medidas de controlo para evitar que a doença entre no local. "O Governo entendeu que esse modelo de proteção deve ser alargado aos outros distritos", disse o porta-voz do governo, salientando que no encontro foi feito uma "reprogramação de medidas que deverão ser desenvolvidas (nos próximos dias) para a salvaguarda da saúde pública".
Em África, há 2.704 mortos confirmados, com mais de 81 mil infetados em 54 países, segundo o Centro de Controlo e Previsão de Doenças da União Africana (CDC Africa).
O que mudou em Cabo Verde com a Covid-19
Cabo Verde registou quatro casos de infeção por Covid-19 e uma morte. Todos os casos são importados. Centenas de pessoas estão em isolamento e os voos foram condicionados. O dia a dia também está a ser afetado.
Foto: DW/A. Semedo
Movimentação reduzida nas ruas
A chegada do novo coronavírus a Cabo Verde mudou a rotina dos cabo-verdianos, sobretudo nos centros urbanos, onde se tem notado a diminuição de movimentação e aglomeração de pessoas. Muitos preferem ficar em casa para diminuir o contacto social. Eventos com muitas pessoas foram suspensos em todo o país. Discotecas foram encerradas, bares e restaurantes passaram a fechar mais cedo.
Foto: DW/A. Semedo
Férias escolares antecipadas
Cabo Verde antecipou as férias escolares do ensino pré-escolar, básico e secundário para o dia 23 de março, como medida de contenção à Covid-19. As universidades também suspenderam todas as aulas e outras atividades formativas. Foram ainda estabelecidas medidas "excecionais e temporárias" para o funcionamento de creches, com a possibilidade do teletrabalho para os pais.
Foto: DW/A. Semedo
Informar com urgência a população
Campanhas de sensibilização e de esclarecimento à população sobre a Covid-19 estão a ser realizadas pelas autoridades em Cabo Verde. Carros passam informações à população sobre o que é a Covid-19, as formas de transmissão e como prevenir a doença. Estas viaturas circulam nos centros das cidades e bairros para reforçar a comunicação.
Foto: DW/A. Semedo
Transportes urbanos com lotação a 50%
Os transportes urbanos e interurbanos, como taxis e "hiaces", já estão a sentir os efeitos da Covid-19. A lotação passou para metade, com impacto direto no rendimento dos condutores. A medida visa aumentar o distanciamento entre os passageiros e evitar o contágio. "Hiacistas" e taxistas pedem apoio ao Governo para colmatarem as perdas, como a suspensão de impostos ou a facilitação de créditos.
Foto: DW/A. Semedo
Praias interditadas em todo país
As autoridades interditaram o acesso às praias do país para evitar a aglomeração de pessoas e, consequentemente, prevenir o contágio e a disseminação da Covid-19. A proibição durará enquanto se mantiver o plano de contingência a nível nacional decretado pelo Governo. A polícia está a patrulhar as zonas balneares para garantir o cumprimento da interdição.
Foto: DW/A. Semedo
Acesso limitado aos locais públicos
Mercados, bancos, farmácias, lojas e outras instituições estão a limitar a entrada de pessoas para prevenir a Covid-19, o que tem levado à criação de filas à porta destes espaços. Nos mercados da Praia, por exemplo, foi proibida a entrada de crianças e as vendedeiras com mais de 65 anos devem ficar em casa. Feiras e vendas de animais vivos são agora proibidas. Algumas lojas chinesas já fecharam.
Foto: DW/A. Semedo
Corrida aos supermercados
O anúncio do plano de contingência para a prevenção e controlo da Covid-19 e do primeiro caso da doença no país, disparou as compras em Cabo Verde. O medo de ficar sem alimentos levou as pessoas a comprarem grandes quantidades de comida e produtos de higiene. O Governo alertou a população para não açambarcarem os produtos e reforçou a fiscalização contra a especulação de preços.
Foto: DW/A. Semedo
O medo de ficar sem gás butano
O anúncio do primeiro caso de Covid-19 no país levou os cidadãos à compra desenfreada de gás butano para armazenamento, temendo a sua falta no mercado. Vários postos de venda ficaram sem este combustível para atender à elevada procura. Entretanto, as empresas de combustíveis garantem à população que têm stocks de gás suficiente para abastecer o mercado, afastando um cenário de escassez.
Foto: DW/A. Semedo
Faltam materiais de proteção individual
A falta de máscaras e álcool em gel no mercado tem deixado os cidadãos muito preocupados. A procura por estes produtos aumentou drasticamente com o registo do primeiro caso de Covid-19 no país. A empresa de medicamentos Inpharma passou a produzir álcool em gel para abastecer o país e já garantiu o fornecimento de máscaras às farmácias. Porém, a venda destes produtos está a ser racionada.