Covid-19: Cabo Verde suspende 13.300 contratos de trabalho
Lusa | kg
25 de abril de 2020
Trabalhadores de 661 empresas são afetados pela suspensão temporária dos contratos devido à pandemia. Desde 01 de abril, empresas são beneficiadas por um modelo simplificado para a suspensão contratual.
Foto: DW/A. Semedo
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Mais de 13.300 trabalhadores em Cabo Verde tiveram os seus contratos de trabalho suspensos devido à pandemia da Covid-19, anunciou o Governo cabo-verdiano este sábado (25.04).
Em 01 de abril, entrou em vigor um modelo simplificado para a suspensão de contratos de trabalho, por um período de três meses. Este modelo abrange as empresas que alegarem ser afetadas na sua atividade pela crise.
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De acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Justiça e Trabalho, até 17 de abril, deram entrada na Direção Geral do Trabalho 13.332 pedidos de suspensão do contrato de trabalho, referentes a um total de cerca de 661 empresas.
Com esta medida governamental, os trabalhadores recebem 70% do seu salário bruto, que será pago em partes iguais pela entidade empregadora e pelo Estado, através do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). A maior parte das empresas que acederam a este apoio é da ilha de Santiago (202). "A Brava era a única ilha sem registos de empresas com pedidos de suspensão do contrato de trabalho", refere o ministério.
Turismo afetado na ilha do Sal
Quanto ao número de contratos suspensos, a maioria é da ilha do Sal, a mais turística do arquipélago, afetando 5.123 trabalhadores. Muitas das empresas que recorreram a este regime excecional e temporário são do setor do turismo.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a crise provocada pela Covid-19 em Cabo Verde vai obrigar a um endividamento público adicional de 12.935 milhões de escudos (o equivalente a 117 milhões de euros) em 2020, para financiar medidas sociais, económicas e sanitárias.
As previsões constam de um relatório sobre o aval do FMI ao pedido de financiamento de 32,3 milhões de dólares, que corresponde a 30 milhões de euros, apresentado pelo Governo cabo-verdiano ao abrigo do programa de Facilidade Rápida de Crédito e aprovado por aquela organização na quinta-feira (23.04).
Cabo Verde registou quatro casos de infeção por Covid-19 e uma morte. Todos os casos são importados. Centenas de pessoas estão em isolamento e os voos foram condicionados. O dia a dia também está a ser afetado.
Foto: DW/A. Semedo
Movimentação reduzida nas ruas
A chegada do novo coronavírus a Cabo Verde mudou a rotina dos cabo-verdianos, sobretudo nos centros urbanos, onde se tem notado a diminuição de movimentação e aglomeração de pessoas. Muitos preferem ficar em casa para diminuir o contacto social. Eventos com muitas pessoas foram suspensos em todo o país. Discotecas foram encerradas, bares e restaurantes passaram a fechar mais cedo.
Foto: DW/A. Semedo
Férias escolares antecipadas
Cabo Verde antecipou as férias escolares do ensino pré-escolar, básico e secundário para o dia 23 de março, como medida de contenção à Covid-19. As universidades também suspenderam todas as aulas e outras atividades formativas. Foram ainda estabelecidas medidas "excecionais e temporárias" para o funcionamento de creches, com a possibilidade do teletrabalho para os pais.
Foto: DW/A. Semedo
Informar com urgência a população
Campanhas de sensibilização e de esclarecimento à população sobre a Covid-19 estão a ser realizadas pelas autoridades em Cabo Verde. Carros passam informações à população sobre o que é a Covid-19, as formas de transmissão e como prevenir a doença. Estas viaturas circulam nos centros das cidades e bairros para reforçar a comunicação.
Foto: DW/A. Semedo
Transportes urbanos com lotação a 50%
Os transportes urbanos e interurbanos, como taxis e "hiaces", já estão a sentir os efeitos da Covid-19. A lotação passou para metade, com impacto direto no rendimento dos condutores. A medida visa aumentar o distanciamento entre os passageiros e evitar o contágio. "Hiacistas" e taxistas pedem apoio ao Governo para colmatarem as perdas, como a suspensão de impostos ou a facilitação de créditos.
Foto: DW/A. Semedo
Praias interditadas em todo país
As autoridades interditaram o acesso às praias do país para evitar a aglomeração de pessoas e, consequentemente, prevenir o contágio e a disseminação da Covid-19. A proibição durará enquanto se mantiver o plano de contingência a nível nacional decretado pelo Governo. A polícia está a patrulhar as zonas balneares para garantir o cumprimento da interdição.
Foto: DW/A. Semedo
Acesso limitado aos locais públicos
Mercados, bancos, farmácias, lojas e outras instituições estão a limitar a entrada de pessoas para prevenir a Covid-19, o que tem levado à criação de filas à porta destes espaços. Nos mercados da Praia, por exemplo, foi proibida a entrada de crianças e as vendedeiras com mais de 65 anos devem ficar em casa. Feiras e vendas de animais vivos são agora proibidas. Algumas lojas chinesas já fecharam.
Foto: DW/A. Semedo
Corrida aos supermercados
O anúncio do plano de contingência para a prevenção e controlo da Covid-19 e do primeiro caso da doença no país, disparou as compras em Cabo Verde. O medo de ficar sem alimentos levou as pessoas a comprarem grandes quantidades de comida e produtos de higiene. O Governo alertou a população para não açambarcarem os produtos e reforçou a fiscalização contra a especulação de preços.
Foto: DW/A. Semedo
O medo de ficar sem gás butano
O anúncio do primeiro caso de Covid-19 no país levou os cidadãos à compra desenfreada de gás butano para armazenamento, temendo a sua falta no mercado. Vários postos de venda ficaram sem este combustível para atender à elevada procura. Entretanto, as empresas de combustíveis garantem à população que têm stocks de gás suficiente para abastecer o mercado, afastando um cenário de escassez.
Foto: DW/A. Semedo
Faltam materiais de proteção individual
A falta de máscaras e álcool em gel no mercado tem deixado os cidadãos muito preocupados. A procura por estes produtos aumentou drasticamente com o registo do primeiro caso de Covid-19 no país. A empresa de medicamentos Inpharma passou a produzir álcool em gel para abastecer o país e já garantiu o fornecimento de máscaras às farmácias. Porém, a venda destes produtos está a ser racionada.