Cerca de 350 moçambicanos estão retidos no estrangeiro
Lusa | ms
4 de agosto de 2020
Cerca de 350 moçambicanos ainda estão retidos no estrangeiro devido às restrições impostas pela Covid-19, informou a ministra dos Negócios Estrangeiros. Saíram para visitar familiares ou para tratamento médico.
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"Nós temos feito um grande esforço para trazer todos os nossos concidadãos a casa, [mas] com as fronteiras fechadas é um pouco complicado, porque não depende só de nós", disse Verónica Macamo, citada hoje pelo jornal "O País".
No grupo, que está em diversos países do mundo, incluindo Portugal, estão pessoas que saíram para visitar familiares ou para tratamento médico, bem como estudante com a formação concluída, acrescentou.
"Temos por exemplo algumas pessoas que estavam na Índia doentes, alguns perderam a vida ao longo deste período e para trazê-los [a Moçambique] foi uma ginástica muito grande", referiu.
Moçambique, que viveu em estado de emergência durante os últimos quatro meses, regista um total de 1.973 casos positivos de Covid-19, 14 mortos e 676 pessoas dadas como recuperadas, segundo as últimas atualizações.
Covid-19: Moçambicanos desembarcam finalmente em Maputo
02:28
Numa comunicação à nação na passada na quarta-feira, último dia do estado de emergência, que foi por três vezes consecutivas prorrogado - o máximo previsto pela Constituição - o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, pediu que as restrições face à Covid-19 continuem a ser cumpridas, prometendo para breve o anúncio dos próximos passos.
África perto de um milhão de casos
África contabiliza até agora 20.612 mortos e está a 32 mil casos de chegar a um milhão de infetados, segundo os dados mais recentes da pandemia no continente.
De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o maior número de casos e de mortos de Covid-19 continua a registar-se na África Austral, com 541.809 infetados e 9.063 óbitos.
Nesta região, a África do Sul, o país mais afetado do continente, contabiliza 516.868 infetados e 8.539 óbitos. O Egito é o segundo país com mais vítimas mortais, a seguir à África do Sul, contabilizando 94.640 infetados e 4.888 óbitos, seguindo-se a Argélia, que conta com 31.416 casos e 1.226 vítimas mortais.
Em relação aos países africanos que têm o português como língua oficial, Cabo Verde lidera em número de casos (2.583 casos e 25 mortos), seguindo-se a Guiné-Bissau (2.032 casos e 27 mortos). Angola conta com 1.280 infetados e 58 mortos e São Tomé e Príncipe com 871 casos e 15 mortos.
De capulanas a máscaras: alfaiatarias de Moçambique inovam em tempos de Covid-19
Em Moçambique, a grande procura levou muitas pessoas a investirem na produção e no comércio de máscaras faciais feitas de capulana.
Foto: DW/R. da Silva
As máscaras de capulana
As pessoas procuram pelas máscaras na tentativa de conter a propagação do coronavírus no país. O uso da máscara é também uma recomendação do Governo e, em alguns casos, obrigatório. As müascaras feitas de capulana estão a ganhar o mercado, conquistar os clientes e render um bom dinheiro.
Foto: DW/R. da Silva
Nova utilidade da capulana
É a capulanas como estas que muitos produtores recorrem para fabricar o seu mais novo produto: máscaras faciais. A capulana passou a ter mais esta utilidade por causa do coronavírus. O preço da capulana continua a ser o mesmo, custando entre o equivalente a 1,20 a pouco mais de 4 euros, dependendo da qualidade.
Foto: DW/R. da Silva
Tradição em capulanas
Na baixa de Maputo, a "Casa Elefante" é uma das mais antigas casas de venda de capulana da capital moçambicana. Vende variados tipos do produto. São muitas as senhoras que se deslocam ao local para a compra deste artigo para a produção das máscaras. As casas de venda de capulana passaram a ter muita afluência para responderem à grande procura pelos artigos por causa do coronavírus.
Foto: DW/R. da Silva
Produção caseira
Esta alfaiataria caseira funciona há cerca de 15 anos, em Maputo. Antes, a proprietária dedicava-se a costurar uniformes escolares. Por causa do coronavírus, passou a investir mais na produção de máscaras. Ela vende aos informais a um preço de 0,20 euros cada unidade.
Foto: DW/R. da Silva
Aproveitar a demanda
A alfaiataria da Luísa e da Fátima dedica-se à produção de vestuário de noivas e não só, mas também à sua consertação. Quando começou a procura pelas máscaras de produção com recurso à capulana, as duas empreendedoras tiveram que redobrar os esforços para produzi-las sem pôr em causa a confecção habitual. O rendimento diário subiu de cerca de 40 euros para 60 euros, dizem.
Foto: DW/R. da Silva
Produção a todo o vapor
Estes alfaiates, no mercado informal de Xiqueleni, costumam dedicar-se ao ajustamento de roupas de segundam mão, compradas no local. Mas devido à intensa procura pelas máscaras, dedicam a maior parte do tempo a produzir estes protetores faciais à base da capulana. Também eles estão a aproveitar a grande demanda pelo acessório.
Foto: DW/R. da Silva
Informais a vender máscaras
Desde que o Governo determinou a obrigatoriedade do uso de máscaras nos transportes e aglomerações, há pouco mais de uma semana, muitos vendedores informais, mulheres e homens, miúdos e graúdos compraram-nas para a posterior revenda. Um dos principais locais para a venda ao consumidor final são os terminais rodoviários.
Foto: DW/R. da Silva
Máscara para garantir a viagem
Os maiores terminais rodoviários, como por exemplo a Praça dos Combatentes, são os locais de aglomerados populacionais e onde muitos cidadãos acorrem para comprar as máscaras caseiras. Quando um passageiro não tem a máscara, sabe que pode encontrar o produto sem ter que percorrer longas distâncias e garantir o embarque nos meios de transporte.
Foto: DW/R. da Silva
Grande procura em Maputo
Neste "Tchova", carrinho de tração humana, há vários artigos. Os clientes estão a apreciar as máscaras, e não só, que o vendedor informal exibe. Os clientes referem que compram as máscaras não só para evitar a propagação do coronavírus, mas também porque os "chapeiros" exigem o uso das mesmas, sob pena de não permitirem a viagemm de quem não tiver o acessório.
Foto: DW/R. da Silva
Bons rendimentos
Os vendedores informais aproveitam a muita procura pelas máscaras caseiras para juntar ao seu habitual negócio. Jorge Lucas, além de vender acessórios de telefones, diz que "há muita procura" pelas máscaras feitas de capulana e que este negócio está a render "qualquer coisa como 20 euros por dia".
Foto: DW/R. da Silva
Quase 20 euros por dia
António Zunguze vende uma máscara pelo valor equivalente a 0,80 euros. Por dia, diz que consegue levar para casa o equivalente a quase 20 euros e explica que a procura é muita nos mercados informais. António compra as máscaras nas alfaiatarias e vai, posteriormente, revendê-las nos terminais de semi-coletivos.
Foto: DW/R. da Silva
Propaganda, "a alma do negócio"
Este jovem montou um megafone para anunciar que, além das sandálias, já tem igualmente máscaras para a venda. Na imagem, as máscaras podem ser vistas no topo da sombrinha e o megafone instalado no muro. O jovem refere que na sua banca não tem havido muita procura, mas acredita que melhores dias virão.
Foto: DW/R. da Silva
Máscaras até nos salões de beleza
Alguns salões de beleza também não perderam a oportunidade e estão a revender as máscaras. Neste salão, já não há clientes devido ao período de restrições para conter a propagação do coronavírus. O salão também investe na venda de máscaras feitas de capulana.