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Covid-19: Combater notícias falsas para salvar vidas

Martina Schwikowski
1 de janeiro de 2022

A eclosão da pandemia da Covid-19 levou a uma explosão de boatos e notícias falsas nas redes sociais, gerando incerteza nas populações e dificultando as campanhas de vacinação.

Neue Coronavirus Covid 19 SARS-CoV-2 Variante Omicron B.1.1.529
Foto: Jerome Delay/AP Photo/picture alliance

A luta contra a pandemia do coronavírus persiste há quase dois anos em meio ao surgimento de novas variantes. Em África, apenas sete dos 54 países atingiram a meta de vacinar 40% da população até o fim de 2021, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Significa que apenas cerca de 9% dos africanos estão totalmente vacinados contra a Covid-19.

Muitos países africanos foram incapazes de inocular a maioria da sua população devido à falta de doses. Ainda mais preocupante, porém, é o elevado nível de hesitação em relação à vacina.

Notícias falsas são uma das razões pelas quais muitas pessoas não querem ser vacinadas. E elas chegam todos os dias em catadupa através das redes sociais. Tal como em qualquer outra parte do mundo, também em África ninguém está imune.

Numa pequena aldeia, no oeste do Quénia, há uma fila de espera para a vacinação contra a Covid-19. Mas quase não se vêm mulheres.

"Muitas das minhas amigas recusam. Eu também tive esse sentimento desagradável", afirma uma jovem queniana.

Ela ganhou coragem e foi vacinar-se. Explica porque é que há tanta desconfiança: "Têm medo de morrer supostamente dois anos após a vacinação".

"Tsunami" de desinformação

A Organização Mundial da Saúde luta contra o "tsunami" de desinformação no continente africano, que tem por consequência confusão e comportamentos de risco prejudiciais para a saúde. As notícias falsas também desacreditam as autoridades sanitárias.

A OMS trabalha com 20 parceiros em África, desde dezembro de 2020, num grupo chamado "Africa Infodemic Response Alliance!”, uma aliança africana pensada para difundir informação credível. Visam, assim, desmontar os perigosos mitos sobre a pandemia e as vacinas contra a Covid-19.

"O que temos visto é que a maioria das teorias de conspiração e informação falsa são geradas na América do Norte, Austrália, Rússia e na Europa. Depois, naturalmente, circulam nos meios de comunicação social na região africana," explica Sergio Cecchini, gestor da aliança.

"Mas também notámos a grande influência dos líderes religiosos ou comunitários, por exemplo, sobre o impacto da vacina na fertilidade, na amamentação ou sobre vacinas que geram graves consequências, incluindo a morte," acrescenta.

"Identificamos a desinformação com os nossos instrumentos de escuta das redes sociais e criamos imediatamente um vídeo desmascarando o rumor e fornecendo informações exactas", explica Cecchini.

A aliança diz ter produzido mais de 250 vídeos até então, atingindo cerca de 170 milhões de pessoas em África.

"Estamos a tentar encontrar lacunas de conhecimento e preenchê-las com informações corretas", diz Cecchini.

Mulher é vacinada em AngolaFoto: António Ambrósito/DW

Conselhos perigosos

A desinformação é um problema no Quénia e noutros países africanos, diz Alphonce Shiundu, editor do grupo queniano de checagem de factos "Africa Check". A sua equipa descobriu que mesmo pessoas proeminentes dão conselhos perigosos.

"O governador de Nairobi distribuía álcool - como garrafas de conhaque - às pessoas pobres nas favelas e dizia-lhes que isso ajudaria a higienizar a garganta e que seriam salvas da Covid-19," ralata.

Na vizinha Tanzânia, o ministro da Saúde recomendou medicamentos alternativos contra a Covid-19. Já no Gana, um vídeo que sugere um cocktail de gengibre, alho, limão e paracetamol como cura, tornou-se recentemente viral e foi visto 19.000 vezes no Facebook.

O editor do "Africa Check" aconselha os utilizadores das redes sociais a serem vigilantes e verificarem a credibilidade dos conteúdos.

Enfermeira luta contra desinformação sobre Covid-19

02:25

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