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Covid-19: Doentes confinados queixam-se de más condições

Iancuba Dansó (Bissau)
19 de maio de 2020

A Guiné-Bissau registou mais dois óbitos por Covid-19, totalizando seis mortos. Há mais de mil pessoas infetadas com o novo coronavírus no país. Doentes confinados em hotéis denunciam "condições difíceis".

Foto: DW/B. Darame

Doentes infetados com o novo coronavírus na Guiné-Bissau têm denunciado falta de água e o atraso na chegada da comida preparada num restaurante fora das unidades hoteleiras onde estão confinados.

Muitos estão nos hotéis há mais de quinze dias, mas dizem não ter informações sobre a data da alta - embora já tenham feito os últimos exames, cujos resultados ainda desconhecem.

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Alguns doentes contactados esta terça-feira (19.05) pela DW África recusaram-se a prestar declarações, alegando o medo de represálias. Mas confirmaram, em conversa não gravada, as condições "difíceis" em que se encontram.

Sobre a situação, o coordenador do Centro de Operações de Emergência de Saúde (COES), Dionísio Cumbá, reconhece "falhas".

"Ainda ontem, parece-me que no hotel Malaika, quem deveria levar alimentação não foi avisado e acabou por não levar a comida ao meio-dia. Eles [os doentes] ficaram sem comer quase todo o dia. Só jantaram à noite. Depois, arranjámos uma alternativa. Foi uma falha que faz parte do trabalho", disse Cumbá.

Confinamento é medida "errada"

Segundo o médico Hedwis Martins, confinar os doentes no hotel é uma medida inadequada: "O lugar de um doente é na unidade hospitalar. As camas de hotéis podem ser confortáveis, mas, nestes locais, as espumas não são hospitalares e absorvem o líquido, o catarro e qualquer infeção. Já nas camas de hospitais, líquidos e catarro não penetram [nas espumas], pode-se limpar e até lavar."

Confinadas em casa estão também centenas de pessoas infetadas, à espera de informações dos técnicos de saúde sobre as suas situações clínicas.

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De acordo com os últimos dados divulgados pelo Centro de Operações de Emergência de Saúde, foram registados seis óbitos por Covid-19 na Guiné-Bissau. O número de infetados mantém-se em 1.038. Há 42 pessoas consideradas recuperadas.

O analista político Rui Landim fala numa "catástrofe nacional" e defende medidas urgentes que "sejam coerentes". Para já, diz, "é preciso reduzir estes números com a prevenção".

"Não basta pegar em pessoas que ninguém sabe se estão ou não infetadas, metê-las num purgatório e deixá-las 'ao deus-dará'", conclui Landim.

A Guiné-Bissau está em estado de emergência desde 28 de março. Os casos da Covid-19 têm aumentado perante as críticas de vários observadores, que consideram "ineficazes" as medidas de prevenção decretadas pelas autoridades nacionais.

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