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Covid-19 em África: Países registam primeiros casos e mortes

AFP | DPA | Lusa | cvt
22 de março de 2020

RDC anuncia primeira morte por covid-19. Além de Angola, também Uganda e Eritreia confirmaram primeiros casos, este final de semana. Países intensificam medidas para conter a propagação das infeções no continente.

Coronavirus in Äthiopien Addis Ababa Mann mit Schutzmaske
Foto: AFP/M. Tewelde

A República Democrática do Congo (RDC) anunciou, no sábado (21.03), a primeira morte devido ao novo coronavírus em Kinshasa, a terceira na África subsaariana.

"O INRB [Instituto Nacional de Investigação Biomédica] confirmou cinco novos casos. Tivemos o primeiro caso de morte ligado à covid-19", afirmou na rede social Twitter o ministro da Saúde, Eteni Longondo.

A RDC registou um total de 23 casos desde 10 de março.

A República do Congo, vizinha da RDC, anunciou o "encerramento imediato, e até novo aviso, de todas as fronteiras", após a descoberta de um novo caso, o quarto no país.

"As fronteiras estão encerradas", anunciou também o Ruanda, que decretou o confinamento da população. O país tem 17 casos confirmados de covid-19.

Tedros Adhanom GhebreyesusFoto: picture-alliance/dpa/S. di Nolfi

Angola, que na manhã do sábado anunciou os seus dois primeiros casos, também encerrou as fronteiras com a RDC.

As três primeiras mortes na África subsaariana haviam sido anunciadas no Burkina Faso na quarta-feira (18.03), no Gabão e nas Maurícias na sexta-feira (20.03).

O Burkina Faso tem pelo menos 64 casos confirmados de covid-19.

Mas Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) , advertiu que os números oficiais provavelmente não refletem o quadro real no continente africano.

Uganda e Eritreia também registam casos confirmados

Também a Eritreia confirmou, no final do sábado, o primeiro caso da doença. Um homem de 39 anos, residente na Noruega e que estava em quarentena em Asmara desde 21 de março, segundo o ministro da informação Yemane Gebremeskel.

O primeiro caso da covid-19 no Uganda foi anunciado, este domingo (22.03), pela ministra da saúde, Jane Ruth Aceng. Ela disse que o homem chegou ao país vindo do Dubai, no sábado (21.03), e estava em condições estáveis.

Na sexta-feira, o Zimbabué anunciou o seu primeiro caso de covid-19 e, no sábado, um segundo caso foi confirmado na capital, Harare.

Ministério da Saúde de Angola, em LuandaFoto: DW/C.V. Teixeira

Covid-19 nos PALOP

No sábado (21.03), Angola anunciou a confirmação dos dois primeiros casos - dois residentes de Luanda que chegaram de Portugal, segundo a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta.

Em Cabo Verde estão confirmados três casos de covid-19, todos turistas estrangeiros e apenas na ilha da Boa Vista, que está de quarentena.

Moçambique não registou oficialmente nenhum caso de infeção por coronavírus até o momento. Entretanto, as autoridades informaram que um médico moçambicano residente em Espanha está internado devido à doença.

Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe também não relataram casos confirmados da doença.

João LourençoFoto: DW/M. Luamba

Deslocação de João Lourenço à Namíbia

Além do Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, também o Presidente angolano, João Lourenço, esteve na Namíbia para a investidura de Hage Geingob.

Lourenço rejeitou ter dado um "mau exemplo" com a deslocação apesar de Angola ter fechado fronteiras, sublinhando que a lei contempla exceções.

"A consciência diz-me que não violei nenhuma norma fundamental e não dei um mau exemplo aos cidadãos angolanos", disse João Lourenço à televisão pública angolana TPA, reagindo a críticas contra o facto de o Presidente ter viajado até a Namíbia um dia depois de entrar em vigor a suspensão das fronteiras.

João Lourenço lembrou que o decreto presidencial abre "algumas exceções" que incluem "circunstâncias extraordinárias" que podem levar entidades do Estado a cumprir missões no exterior.

Sobre a deslocação à Namíbia, considerou que não se trata de um país de alto risco e sublinhou que "tiveram o bom senso de alterar" a cerimonia inicial, que estava prevista para um estádio, acabando por ser realizada no Palácio Presidencial onde João Lourenço ficou por apenas três horas.

"Entendemos que devíamos ter em conta um ponto de equilíbrio: por um lado respeitar as medidas que nos próprios definimos, por outro, respeitar e honrar esses laços de amizade e irmandade", afirmou, acrescentando: "temos sentido de responsabilidade e sentido de Estado".

Regresso de cidadãos angolanos

Entre as exceções previstas no decreto estão também os voos autorizados pelo Governo angolano para transportar angolanos que queriam regressar ao país e cidadãos portugueses que queriam ir para Portugal

"Autorizámos a entrada de cidadãos angolanos que se encontravam em países de risco, em Lisboa e no Porto por serem nacionais e tinham bilhete de regresso praticamente em cima da altura em que saiu o decreto, sabendo que corríamos o risco de entre eles haver um outro infetado, afirmou.

No âmbito das exceções foram também autorizados voos de algumas companhias petrolíferas e de repatriamento de cidadãos portugueses. 

"Deixámos que aviões de países de risco entrassem no nosso espaço no quadro de uma missão humanitária que está prevista no decreto", frisou.

Aeroporto Internacional de Kaduna, na NigériaFoto: Getty Images/AFP

Medidas para conter a propagação

Vários Governos africanos proibiram concentrações públicas, encerraram escolas, igrejas, mesquitas e bares e também os seus aeroportos.

País mais populoso de África, a Nigéria anunciou um endurecimento das restrições aos seus cerca de 200 milhões de habitantes. Apenas eventos com participação de até 50 pessoas estão autorizados. O país também encerrou os aeroportos para voos provenientes do exterior por um mês, exceto aqueles considerados essenciais.

Já na Guiné-Conacri, os eleitores estavam prontos para ir às urnas este domingo (22.03), para votar nas legislativas e num referendo sobre a adoção de uma nova constituição que tem provocado meses de protestos. 

No vizinho Senegal, que tem quase 60 infeções confirmadas, o Governo disse, no sábado, que não mostrará "nenhuma tolerância" para com aqueles que forem encontrados a quebrar restrições postas em prática para combater a pandemia.

O Ruanda decidiu que todos os movimentos desnecessários fora de casa são proibidos durante duas semanas a partir deste domingo, exceto para serviços essenciais, tais como cuidados de saúde e compras. Todos os funcionários públicos e privados devem trabalhar de casa.

O Uganda também encerrou as fronteiras. A Etiópia vai colocar todos os passageiros que chegam em quarentena obrigatória a partir de segunda-feira (23.03).

Já a Somália está a levantar a sua proibição de voos internacionais por dois dias para que os seus cidadãos possam voltar para casa.

No Quénia, os oficiais de saúde desinfetaram os mercados cheios da capital, Nairobi.

Foto: AFP/M. Cattani

Números em África

A África tem ficado atrás da curva global de infeções e mortes devido ao coronavírus, mas nos últimos dias tem visto um aumento significativo de casos.

O continente já reportou mais de 1.100 infeções, enquanto a Organização Mundial de Saúde manifesta preocupação com a falta de saneamento básico, aglomeração urbana e a falta de unidades de cuidados intensivos, equipamentos e pessoal treinado, o que poderia dificultar qualquer resposta.

Os números relativos a África são apenas uma fração das mais de 300.000 infecções confirmadas em todo o mundo e dos mais de 13.000 mortos devido à covid-19.

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