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EducaçãoGuiné-Bissau

Covid-19: "Suspender aulas é decisão inoportuna"

25 de janeiro de 2021

Presidente da Plataforma Nacional das Associações Académicas do Ensino Médio e Superior da Guiné-Bissau considera suspensão das aulas em Bissau por 30 dias, para evitar infeções pela Covid-19, inadequada e inoportuna. 

Guinea-Bissau I Schule I Wiedereröffnung
Foto: Iancuba Danso/DW

Em entrevista à DW África, Ericsson Yé, o Presidente da Plataforma Nacional das Associações Académicas do Ensino Médio e Superior da Guiné-Bissau, defende que a suspensão das aulas "vai comprometer o ano letivo na Guiné Bissau"  e, como consequência, colocar em causa a qualidade do sistema de ensino no país, que no seu entender, já é frágil. 

Na última sexta-feira (22.01), o Governo guineense, reunido em Conselho de Ministros Extraordinário, liderado pelo Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló, decidiu suspender o funcionamento das aulas na capital, em todos os níveis de escolaridade, por um período de 30 dias, devido ao aumento de novas infeções por coronavírus. 

A DW África: Porque defendem que a medida de encerramento das escolas por 30 dias é inoportuna?

Ericsson Yé (EY): Nós achamos uma medida inoportuna e inadequada neste contexto que o país vive porque, apesar de concordarmos ser importante tomar em conta a questão da saúde pública, para que não haja uma extensão dos casos de Covid-19, achamos que há outras medidas alternativas para a prevenção.

Em agosto passado, nos mercados de Bissau as medidas de prevenção não eram respeitadasFoto: DW/L. Danso

DW África: Neste momento, a vossa grande preocupação é não fechar as escolas, tendo em vista que o número de casos é baixo?

(EY): Não só isso. Também adotar-se outras medidas como a sensibilização, o uso de máscaras e de produtos higiénicos. Ou seja, são alternativas que podem atenuar o aumento de casos em vez de decidir-se suspender as aulas neste momento. Depois haverá grande dificuldade de compensar-se os prejuízos que poderão advir desta decisão. De fato, vivemos num país que tem um sistema educativo muito frágil e que é afetado constantemente pelas greves deste setor. Para já, perdemos várias semanas com a greve decretada pela União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG). E, perdendo três ou cinco meses, entendemos que não haverá como compensar o tempo perdido. 

Organização estudantil Carta 21 num protesto contra a greve geral nas escolasFoto: Braima Darame/DW

DW África: Mas as escolas na Guiné-Bissau têm uma estrutura adequada para que os alunos possam ter espaço para higienização das mãos e distanciamento social?

(EY): Obviamente que tem estrutura. Podemos dizer que faltam produtos e materiais, mas quem deve disponibilizá-los é o Governo. 

DW África: Dizem que querem apresentar o vosso apelo ao ministro da Educação mas, caso o mesmo não seja acatado, qual será o próximo passo?

(EY): Esta decisão realmente nos pegou de surpresa. Estaremos em contato com eles para propor-lhes [...] um decreto retificativo a esta medida, porque toda a sociedade contesta esta decisão. Depois, entraremos em contato com os nossos colegas estudantes para vermos, juntos, o que é possível fazer. Mas iremos sempre atuar na base do que a lei nos permite para reivindicarmos os nossos direitos. 

DW África: Quando pretendem apresentar a vossa preocupação ao ministro da Educação?

(EY): Ainda esta semana vamos endereçar um documento ao ministério para solicitar audiência e também propor soluções que entendemos ser mais adequadas. Essa é a forma que sempre atuamos. Depois seguiremos com os outros passos, que entendemos ser mais oportunos. 

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