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"Europeus devem fornecer mais vacinas a África"

12 de novembro de 2021

Vice-almirante que coordenou vacinação contra Covid-19 em Portugal quer esforço global. Edil de Quelimane, Manuel de Araújo, pede mais cooperação entre Maputo e poder local no combate à pandemia.

Foto: João Carlos/DW

Não basta esforço e organização, "África precisa de mais vacinas" para o combate à pandemia da Covid-19, assegura o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, que encabeçou a Task Force da campanha de vacinação contra a pandemia em Portugal.

"Acho que os países europeus devem fornecer mais vacinas a África, porque no continente há poucas pessoas vacinadas e precisamos de ajudar. Havendo vacinas, esforço e organização, conseguimos todos ser vacinados pelo menos numa percentagem que nos proteja a todos", referiu.

Países africanos têm das mais baixas coberturas vacinais contra a Covid-19Foto: Leo Correa/AP/picture alliance

"Tenho o forte desejo que Moçambique, que é a minha terra natal, atinja uma percentagem de vacinação que proteja a sua população", acrescentou.

O vice-almirante da Marinha portuguesa é elogiado em todo o mundo pela alta taxa de vacinação contra a Covid-19 em Portugal, que ronda os 86%. Henrique Gouveia e Melo admite transmitir a sua experiência aos países africanos de língua portuguesa de diversas formas. 

"Em colóquios, a explicar como é que se montou o processo em Portugal, escrevendo algumas memórias, que é uma coisa que demora tempo. Mas essencialmente passando a experiência de viva-voz, até com técnicos desses países, de maneira a poder ajudá-los nas dúvidas que possam ter", frisou o comandante das Forças Armadas portuguesas à margem de uma homenagem a Quelimane, promovida em Lisboa, pela Câmara de Comércio Portugal-Moçambique, esta quinta-feira (11.11)

Manuel de Araújo atento à Covid-19

Entre as figuras convidadas para o evento esteve Manuel de Araújo, presidente daquele município da província de Zambézia, que diz estar a acompanhar a evolução positiva e os passos dados por Portugal no combate à Covid-19. 

"Em menos de dois anos, Portugal deu um passo gigantesco. E eu penso que é uma lição não só para Portugal, não só para os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), mas para o mundo inteiro", comentou.

"É um caso ímpar e é importante que nós aprendamos as lições. Penso que o vice-almirante tem muito a partilhar com o mundo", afirmou.

Manuel de Araújo, edil de QuelimaneFoto: João Carlos/DW

Mais comunicação entre Governo e poder local

Manuel de Araújo reconhece o esforço que o Governo moçambicano, nomeadamente o Ministério da Saúde liderado por Armindo Tiago, tem desenvolvido para combater a pandemia. 

Para o autarca, a luta contra a doença está a ser bem conduzida, apesar da escassez de vacinas e de medicamentos, bem como de "alguns erros" cometidos pela comissão científica. 

"O único ponto de recomendação para o Governo era que abrisse mais os caminhos para poder receber aconselhamentos e melhorar, por exemplo, a coordenação com as entidades locais como os municípios", aconselhou Manuel de Araújo.

No que toca às vacinas, o edil de Quelimane diz que Portugal continuará a desempenhar o seu papel de charneira neste processo de combate à Covid-19. Neste contexto, espera que Moçambique possa beneficiar do contributo da equipa que o vice-almirante Gouveia e Melo dirigiu "para salvar a humanidade".

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