"Covid-19 mostrou um lado de oportunidade para África"
Lusa
7 de junho de 2020
Segundo o economista guineense Paulo Gomes, a pandemia ajudou a perceber a urgência na "necessidade de industrialização do continente africano". Há um "lado de oportunidade", diz.
Publicidade
O economista guineense Paulo Gomes defendeu, em entrevista à agência Lusa, que a pandemia de covid-19 mostrou em África um lado de oportunidade e um sentido de urgência em acelerar a industrialização do continente.
"É uma crise que permitiu também mostrar a parte da oportunidade. O desenvolvimento é também uma questão de mudança de mentalidade e não foi fácil, gradualmente, caminhar no sentido de os africanos perceberem que é possível e necessário criar cadeias de valor e começar a fabricar muitas coisas em África para criar empregos e capacidade industrial", disse Paulo Gomes.
"Isso está a acontecer agora. Esta crise permitiu abrir os olhos a vários líderes e compreender o sentido da urgência", acrescentou.
Para Paulo Gomes, antes da pandemia "havia uma compreensão" da necessidade de industrialização do continente, mas "não havia um sentido de urgência".
"Neste momento, há uma mistura de mudança de mentalidade e de sentido de urgência que faz com que possa ser uma oportunidade para começar, de facto, a incrementar o novo paradigma de desenvolvimento industrial no continente", reforçou.
Por agora, explicou Paulo Gomes, a mobilização de recursos ronda os 53 milhões de euros entre compromissos de doações assumidos pelos países-membros da União Africana, mas também de parceiros internacionais e do setor privado.
"Começámos uma campanha mundial de angariação de fundos e está a dar resultados", disse, sublinhando que, além das contribuições esperadas dos países, decorre uma operação de "crowdfunding" em que qualquer contribuição, por simbólica que seja, conta.
África do Sul, República Democrática do Congo, Quénia, Mali, Senegal, Ruanda e Egito são países que já contribuíram para o fundo, em que por agora se faz notar a ausência de contribuição dos países africanos lusófonos.
"Tenho de fazer um 'forcing' para tentar também sensibilizar os países lusófonos, mas por enquanto não houve resposta", disse, mostrando-se confiante que "a maior parte" destes países irá contribuir.
"Não há um nível mínimo, pode ser simbólico. Isto é África que se mobiliza estrategicamente não só para esta, mas para potenciais futuras pandemias e para reforçar o Centro de Prevenção e Controlo de Doenças do continente, o África CDC", acrescentou.
Covid-19: Cuidados de higiene em áreas de risco
Como manter os cuidados de higiene em campos de refugiados e bairros de lata é um grande desafio na pandemia. Mas alguns países e organizações estão a lutar para manter esses locais seguros e limpos.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Pilick
Zâmbia
Algumas pessoas ficam semanas sem acesso à água potável em muitas partes do mundo. O vale de Gwembe foi profundamente afetado pela seca nos últimos dois anos. Atualmente, o UNICEF está a apoiar a reabilitação e a perfuração de 60 poços para reforçar a lavagem das mãos nos pontos de distribuição de água durante a pandemia do novo coronavírus.
Foto: UNICEF/UNI308267/Karin Schermbrucker
Quénia
Várias estações de água foram instaladas em locais públicos do Quénia para fornecer a água limpa à população. Em Nairobi, para impedir a propagação da Covid-19, um menino segue as instruções de como lavar as mãos adequadamente numa estação de água em Kibera.
Foto: UNICEF/UNI322682/Ilako
Iémen
O Iémen abriga cerca de 3,6 milhões de pessoas deslocadas internamente. Com grande parte do seu sistema de saúde e saneamento destruído pela guerra, esses deslocados são altamente vulneráveis ao novo coronavírus. Voluntários treinados pelo UNICEF estão a orientar a população sobre como evitar que a doença se espalhe.
Foto: UNICEF/UNI324899/AlGhabri
Síria
A Síria enfrenta um problema semelhante ao entrar no seu décimo ano de guerra. Milhões de sírios vivem em campos de refugiados, como o campo de Akrabat, perto da fronteira com a Turquia. Para explicar às famílias sobre os riscos do coronavírus, os funcionários da ONU visitam os campos e usam bonecos feitos à mão para falar sobre os perigos da Covid-19.
Foto: UNICEF/UNI326167/Albam
Filipinas
Os efeitos a longo prazo dos desastres naturais também são um fator de risco. Nas Filipinas, as casas de banho públicas, como as vistas aqui, num centro de evacuação na cidade de Tacloban, tornaram-se um terreno fértil para a propagação do vírus. O saneamento tornou-se ainda mais crucial. A região sofre com os efeitos posteriores do tufão Haiyan há anos.
Foto: UNICEF/UNI154811/Maitem
Jordânia
Kafa, de 13 anos, volta à caravana da sua família carregando um grande recipiente de plástico cheio de água que ela acabou de coletar num ponto de abastecimento comunitário. As mulheres no maior campo de refugiados da Jordânia agora estão a fabricar sabão com materiais naturais para as famílias necessitadas.
Foto: UNICEF/UNI156134/Noorani
Índia
Na Índia, as pessoas são incentivadas a costurar máscaras em casa. Isso também gera dinheiro, especialmente para mulheres que vivem em áreas rurais. Estas mulheres costuram máscaras no centro de Bihar, na GOONJ, uma ONG situada em vários estados indianos, que disponibiliza socorro, ajuda humanitária e desenvolvimento comunitário.
Foto: Goonj
Bangladesh
Voluntários de vários grupos de pessoas com deficiência também se envolvem ativamente na distribuição de desinfetantes pela cidade de Dhaka. Roman Hossain distribui desinfetantes e informa outros membros da sua comunidade sobre a importância de lavar as mãos regularmente.
Foto: CDD
Guatemala
Há uma necessidade urgente de reduzir os impactos da crise da Covid-19 em Huehuetenango, na Guatemala, para além da crise alimentar já existente, causada pela seca de 2019. As comunidades indígenas esperam todos os dias para coletar seus alimentos e kits de higiene básica, onde também obtêm informações e recomendações para prevenir a Covid-19 nos idiomas locais.