Guiné-Bissau: Início do ano letivo adiado para 5 de outubro
Lusa | mc
14 de setembro de 2020
Chuvas torrenciais e falta de condições de prevenção da Covid-19 nas escolas levam Ministério da Educação da Guiné-Bissau a adiar o regresso às aulas. Setembro e outubro vão ter chuva mais intensa que nos últimos anos.
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O Ministério da Educação da Guiné-Bissau adiou para 5 de outubro o início do ano letivo devido às chuvas torrenciais e por não estarem ainda reunidas as condições para prevenção da Covid-19 nos estabelecimentos de ensino.
"Todas as instituições do ensino básico e secundário (públicas, privadas e comunitárias) em todo o território nacional devem obrigatoriamente cumprir a data", refere um despacho do Ministério.
Prevenir Covid-19 é imperativo
Segundo o documento, as instituições do ensino básico e secundário devem também cumprir com todas as indicações constantes no Plano de Contingência do Setor Educativo, recomendações do Alto Comissariado para a Covid-19 e das autoridades sanitárias "sob pena de serem sancionadas nos termos da lei".
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A decisão do Ministério da Educação foi divulgada após uma reunião no sábado (12.09) que juntou as associações de pais e encarregados de educação, federação das escolas privadas, organizações sindicais do setor e associações de estudantes e da juventude.
Segundo os últimos dados divulgados pelo Alto Comissariado para a Covid-19, a Guiné-Bissau regista 2.275 casos acumulados de Covid-19, incluindo 39 mortos. O país está em situação de calamidade e de emergência na saúde até dezembro.
Chuvas torrenciais
A semana passada a Guiné-Bissau foi atingida pelo mau tempo causado pela depressão tropical Dezoito, que se transformou na tempestade tropical Rene, com mais vento e mais chuvas.
A chuva forte provocou inundações em campos de cultivo, danos em ruas e estradas e atingiu violentamente casas um pouco por todo o país, segundo declarações da ministra da Solidariedade, Conceição Évora, à agência Lusa.
Mas este episódio não vai ser caso isolado. Cherno Mendes, dos serviços da meteorologia e responsável pela divisão da previsão disse à Lusa que "o pior ainda pode estar para vir", salientando que as autoridades esperam um "ano húmido" em que deve chover na Guiné-Bissau como só se viu há 30 anos.
Normalmente, na Guiné-Bissau a chuva começa a perder a intensidade a partir do mês de agosto, mas este ano, a meteorologia avisou que setembro e outubro poderão ter muita precipitação.
Puxar a vida numa carreta na Guiné-Bissau
Abandonaram os seus países de origem em busca de melhores condições. Pela falta de alternativas que muitas vezes encontram, muitos jovens sujeitam-se a trabalhos pesados e puxam carretas para sustentar as famílias.
Foto: DW/B. Darame
Em busca de um sonho
São carretas como estas que sustentam várias famílias dos guineenses da Guiné-Conacri. Lamine Sissé, um jovem da etnia mandinga de 26 anos, conta que com a sua carrinha "Hummer" - como a apelida - conseguiu poupar dinheiro suficiente para financiar o seu casamento no seu país. Lamine diz que apesar dos guineenses não aceitarem bem esta forma de rendimento, o seu trabalho é digno e rentável.
Foto: DW/B. Darame
Deixar tudo para trás
Abubacar Jáquete nasceu na região de Boke na Guiné-Conacri, próximo da fronteira com a Guiné-Bissau. Tem 27 anos e deixou uma esposa e quatro filhos para trás. Quando emigrou, pretendia encontrar trabalho na construção, mas o objetivo falhou. Decidiu, então, trabalhar como empregado de carreta. Levanta-se muito cedo todos os dias, e carrega sob sol e chuva, todos os tipos de mercadoria.
Foto: DW/B. Darame
A carregar pela rua
Abandonam os seus países de origem em busca de melhores condições que lhes permitam construir um futuro mais sólido. Pela falta de alternativas que muitas vezes encontram, estes jovens sujeitam-se a trabalhos pesados, que exigem muito esforço físico.
Foto: DW/B. Darame
A desordem que dificulta
A maioria das pessoas que se dedicam a este trabalho são originais da Guiné-Conacri, país vizinho da Guiné-Bissau. O preço para transportar a carga varia entre os 5 e os 10 euros, dependendo da distância percorrida e do volume da carga. Contudo, enfrentam grandes dificuldades neste transporte, nomeadamente nas subidas e nas estradas desorganizadas de Bissau.
Foto: DW/B. Darame
Puxando nas ruas de Bissau
Os citadinos da capital acabam por recorrem ao transporte de cargas através de carretas por falta de alternativas. Fazem-no porque o transporte é barato e também porque estes carros de mão conseguem circular em zonas de difícil acesso.
Foto: DW/B. Darame
Cargas inimagináveis
Muitos destes homens chegam a carregar uma tonelada de mercadoria. Levam consigo quase tudo, desde sacas de arroz, caixas de cerveja, ferros, cimentos, imóveis para casas. Transportam essas cargas pela berma da estrada, por mais de duas dezenas de quilómetros, entre viaturas e pessoas.
Foto: DW/B. Darame
Reabastecer o comércio
Em diferentes recantos da capital estes meios de transporte assumem o caráter de pronto-socorro. Os grandes e os pequenos comerciantes usam-nas para transportarem as mercadorias para o interior das suas lojas.
Foto: DW/B. Darame
Transportadores de água em crises
Em tempos de crise de água em Bissau, os citadinos recorrem aos transportadores de carretas para transporte de bidões de 50 litros de água. Bacar Mané, pai de 7 filhos, chegou a transportar cerca de 100 bidões de 50 litros para mais de quatro bairros periféricos, prefazendo cerca de 20 quilómetros por dia.
Foto: DW/B. Darame
Nem todas as carretas são iguais
Pela diferença de dimensão que as carretas têm, percebe-se que existem dois tipos destes carros de mão em Bissau. Um, o mais comum, é utilizado nos trabalhos de obra e assegura o transporte de pequenos produtos. Outro (na imagem), com uma estrutura mais rigída, tem rodas de viatura ligeira e ferros cruzados, para transporte de cargas mais pesadas e de maior volume.
Foto: DW/B. Darame
A entrega
O último passo do transporte é a respetiva entrega da mercadoria aos seus destinatários. Atualmente, mais de mil jovens dedicam-se a esta atividade no país.
Foto: DW/B. Darame
E tudo recomeça na manhã seguinte
Os jovens aguardam pacientemente pelos fornecedores que irão descarregar os seus produtos nos armazéns, situados na principal avenida de Bissau. Às 7 horas da manhã, inundam paragens de transportes coletivos, portos e mercados informais. Vão cedo para garantirem entregas e trabalho para o dia que se avizinha.