Covid-19: Governo de Moçambique pede maior prevenção
Lusa | kg
17 de maio de 2020
Autoridades de saúde moçambicanas dizem que houve um "aumento dramático" de cadeias de transmissão nas diferentes províncias e pedem que a população reforce as medidas de prevenção. Moçambique regista 137 infeções.
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As autoridades de saúde de Moçambique apelaram este domingo (17.05) a toda a população para que reforce as medidas de prevenção da Covid-19 face aos sinais de um "aumento dramático" das cadeias de transmissão.
"Ao que tudo indica, há um aumento dramático do número de cadeias de transmissão na última semana", referiu Ilesh Jani, diretor-geral do Instituto Nacional de Saúde (INS).
"A tendência crescente de novas cadeias de transmissão em locais geográficos novos, associada ao não cumprimento das medidas de prevenção, poderá levar a um aumento da intensidade de transmissão em todas as províncias do país", referiu.
Esta evolução "poderá ser acompanhada por uma mudança do perfil demográfico e clínico dos casos infetados". Atualmente, a maioria tem entre 20 e 50 anos e quase todos (96%) são assintomáticos ou têm sintomas leves.
Segundo Ilesh Jani, "a janela de oportunidade para evitar a transmissão comunitária ainda existe, mas não será permanente: É preciso intensificar as medidas de prevenção para evitar o pior", afirmou.
Medidas mais duras
Covid-19: Pandemia dificulta vida dos cegos em Moçambique
02:23
Na sexta-feira (15.05), o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, admitiu tomar medidas mais duras no âmbito do estado de emergência para prevenção da Covid-19 se persistir o incumprimento de algumas restrições, nomeadamente, se os níveis de circulação interna continuarem altos.
O estado de emergência vigora desde 01 de abril, tendo sido decretado até o final daquele mês e depois estendido até ao final de maio. "Os próximos 15 dias são decisivos para determinarmos qual será a nossa forma de estar depois desta segunda etapa", disse. "Ainda não é momento para relaxar as medidas", acrescentou.
Este domingo, Moçambique anunciou mais oito casos de infeção pelo novo coronavírus, elevando o total acumulado para 137, sem registos de mortes, e com 44 pessoas recuperadas. Ao nível da distribuição geográfica, das 11 províncias, em quatro ainda não há casos reportados, nomeadamente, no Niassa, Nampula, Zambézia e Gaza, anunciaram as autoridades.
De capulanas a máscaras: alfaiatarias de Moçambique inovam em tempos de Covid-19
Em Moçambique, a grande procura levou muitas pessoas a investirem na produção e no comércio de máscaras faciais feitas de capulana.
Foto: DW/R. da Silva
As máscaras de capulana
As pessoas procuram pelas máscaras na tentativa de conter a propagação do coronavírus no país. O uso da máscara é também uma recomendação do Governo e, em alguns casos, obrigatório. As müascaras feitas de capulana estão a ganhar o mercado, conquistar os clientes e render um bom dinheiro.
Foto: DW/R. da Silva
Nova utilidade da capulana
É a capulanas como estas que muitos produtores recorrem para fabricar o seu mais novo produto: máscaras faciais. A capulana passou a ter mais esta utilidade por causa do coronavírus. O preço da capulana continua a ser o mesmo, custando entre o equivalente a 1,20 a pouco mais de 4 euros, dependendo da qualidade.
Foto: DW/R. da Silva
Tradição em capulanas
Na baixa de Maputo, a "Casa Elefante" é uma das mais antigas casas de venda de capulana da capital moçambicana. Vende variados tipos do produto. São muitas as senhoras que se deslocam ao local para a compra deste artigo para a produção das máscaras. As casas de venda de capulana passaram a ter muita afluência para responderem à grande procura pelos artigos por causa do coronavírus.
Foto: DW/R. da Silva
Produção caseira
Esta alfaiataria caseira funciona há cerca de 15 anos, em Maputo. Antes, a proprietária dedicava-se a costurar uniformes escolares. Por causa do coronavírus, passou a investir mais na produção de máscaras. Ela vende aos informais a um preço de 0,20 euros cada unidade.
Foto: DW/R. da Silva
Aproveitar a demanda
A alfaiataria da Luísa e da Fátima dedica-se à produção de vestuário de noivas e não só, mas também à sua consertação. Quando começou a procura pelas máscaras de produção com recurso à capulana, as duas empreendedoras tiveram que redobrar os esforços para produzi-las sem pôr em causa a confecção habitual. O rendimento diário subiu de cerca de 40 euros para 60 euros, dizem.
Foto: DW/R. da Silva
Produção a todo o vapor
Estes alfaiates, no mercado informal de Xiqueleni, costumam dedicar-se ao ajustamento de roupas de segundam mão, compradas no local. Mas devido à intensa procura pelas máscaras, dedicam a maior parte do tempo a produzir estes protetores faciais à base da capulana. Também eles estão a aproveitar a grande demanda pelo acessório.
Foto: DW/R. da Silva
Informais a vender máscaras
Desde que o Governo determinou a obrigatoriedade do uso de máscaras nos transportes e aglomerações, há pouco mais de uma semana, muitos vendedores informais, mulheres e homens, miúdos e graúdos compraram-nas para a posterior revenda. Um dos principais locais para a venda ao consumidor final são os terminais rodoviários.
Foto: DW/R. da Silva
Máscara para garantir a viagem
Os maiores terminais rodoviários, como por exemplo a Praça dos Combatentes, são os locais de aglomerados populacionais e onde muitos cidadãos acorrem para comprar as máscaras caseiras. Quando um passageiro não tem a máscara, sabe que pode encontrar o produto sem ter que percorrer longas distâncias e garantir o embarque nos meios de transporte.
Foto: DW/R. da Silva
Grande procura em Maputo
Neste "Tchova", carrinho de tração humana, há vários artigos. Os clientes estão a apreciar as máscaras, e não só, que o vendedor informal exibe. Os clientes referem que compram as máscaras não só para evitar a propagação do coronavírus, mas também porque os "chapeiros" exigem o uso das mesmas, sob pena de não permitirem a viagemm de quem não tiver o acessório.
Foto: DW/R. da Silva
Bons rendimentos
Os vendedores informais aproveitam a muita procura pelas máscaras caseiras para juntar ao seu habitual negócio. Jorge Lucas, além de vender acessórios de telefones, diz que "há muita procura" pelas máscaras feitas de capulana e que este negócio está a render "qualquer coisa como 20 euros por dia".
Foto: DW/R. da Silva
Quase 20 euros por dia
António Zunguze vende uma máscara pelo valor equivalente a 0,80 euros. Por dia, diz que consegue levar para casa o equivalente a quase 20 euros e explica que a procura é muita nos mercados informais. António compra as máscaras nas alfaiatarias e vai, posteriormente, revendê-las nos terminais de semi-coletivos.
Foto: DW/R. da Silva
Propaganda, "a alma do negócio"
Este jovem montou um megafone para anunciar que, além das sandálias, já tem igualmente máscaras para a venda. Na imagem, as máscaras podem ser vistas no topo da sombrinha e o megafone instalado no muro. O jovem refere que na sua banca não tem havido muita procura, mas acredita que melhores dias virão.
Foto: DW/R. da Silva
Máscaras até nos salões de beleza
Alguns salões de beleza também não perderam a oportunidade e estão a revender as máscaras. Neste salão, já não há clientes devido ao período de restrições para conter a propagação do coronavírus. O salão também investe na venda de máscaras feitas de capulana.