A primeira vítima do novo coronavírus na Guiné-Bissau era um alto funcionário do Ministério do Interior guineense. Cabo Verde regista 16 novos casos e Moçambique tem seis novos doentes.
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O Centro de Operações de Emergência da Saúde da Guiné-Bissau confirmou este domingo (26.04) a primeira morte de um paciente infetado pelo novo coronavírus. "Trata-se de um alto funcionário do Ministério do Interior", disse o médico Dionísio Cumba, presidente do Instituto Nacional de Saúde.
A vítima entrou no Hospital Nacional Simão Mendes na sexta-feira passada e morreu no sábado (25.04) ao final do dia. "Ainda não foi identificada a cadeia de transmissão da vítima mortal, mas teve contactos com muitas pessoas. Vai ser um caso difícil de investigar", salientou Dionísio Cumba.
Um novo caso da Covid-19 foi confirmado, elevando para 53 o total de infetados na Guiné-Bissau.
Este domingo, o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, prolongou o estado de emergência no país até 11 de maio no âmbito do combate à pandemia do novo coronavírus. A renovação do estado de emergência deve-se ao facto de que o "país ainda não está em condições de afirmar ter o controlo de toda a situação", afirmou Sissoco Embaló.
Mais testes na Guiné-Bissau
O Presidente guineense disse ainda que pretende aumentar a capacidade de o país fazer testes de diagnóstico da doença. "Nos próximos 15 dias, temos que ser capazes de aumentar a nossa capacidade de fazer testes diagnósticos da Covid-19, reduzir o número de infetados e evitar a sua propagação, em particular, para as regiões ainda sem casos positivos detetados", afirmou num discurso proferido ao país.
Umaro Sissoco Embaló disse ainda que as medidas que o Governo vai adotar na sequência de renovação do estado de emergência devem "assegurar o equilíbrio necessário entre a prevenção e o combate" e a necessidade de "garantir segurança alimentar e evitar o colapso da economia".
"Quero aproveitar esta ocasião para exortar o Governo no sentido de estudar e adotar medidas para minimizar o impacto da Covid-19, particularmente, na campanha de caju do presente ano, sem esquecer as medidas higiénico-sanitárias de prevenção e combate à pandemia", salientou.
Novos casos em Moçambique e Cabo Verde
Moçambique registou seis novos casos de infeção pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, elevando o total para 76, anunciou este domingo a diretora nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene.
Os seis novos casos estão todos relacionados com a transmissão do vírus na área de construção do megaprojeto de gás natural da Área 1 em Afungi, na província nortenha de Cabo Delgado. Todos estão em isolamento domiciliário – cinco em Afungi e um em Pemba – e nenhum tem sintomas da doença.
Angola: Trabalhadoras domésticas sentem efeitos da pandemia
02:00
Em Cabo Verde, foram registados 16 novos casos positivos do novo coronavírus, todos na cidade da Praia, elevando o total no país para 106, informou o Ministério da Saúde. O concelho da Praia já tem um total de 50 casos.
"Reforçamos o apelo para que as pessoas fiquem em casa e tomem os devidos cuidados para evitar a propagação da Covid-19. Contamos com a colaboração de todos", refere um comunicado do Governo de Cabo Verde.
Este domingo, o Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, anunciou que não vai prorrogar o estado de emergência nas seis ilhas sem casos confirmados da doença – Maio, Fogo, Brava, Santo Antão, São Nicolau e Sal. As medidas restritivas de direitos, liberdades e garantias vão ser abrandadas a partir desta segunda-feira (27.04).
Angola mantém 25 casos confirmados de Covid-19 e dois mortos. São Tomé e Príncipe, o último país africano de língua portuguesa a detetar a doença no seu território, mantém o registo de sete casos positivos.
Em África, o número de mortes provocadas pela Covid-19 subiu para 1.374, com 30.329 casos da doença registados em 52 países, segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (CDC África). O número total de doentes recuperados subiu de 8.364 para 8.409 em todo o continente.
O que mudou em Cabo Verde com a Covid-19
Cabo Verde registou quatro casos de infeção por Covid-19 e uma morte. Todos os casos são importados. Centenas de pessoas estão em isolamento e os voos foram condicionados. O dia a dia também está a ser afetado.
Foto: DW/A. Semedo
Movimentação reduzida nas ruas
A chegada do novo coronavírus a Cabo Verde mudou a rotina dos cabo-verdianos, sobretudo nos centros urbanos, onde se tem notado a diminuição de movimentação e aglomeração de pessoas. Muitos preferem ficar em casa para diminuir o contacto social. Eventos com muitas pessoas foram suspensos em todo o país. Discotecas foram encerradas, bares e restaurantes passaram a fechar mais cedo.
Foto: DW/A. Semedo
Férias escolares antecipadas
Cabo Verde antecipou as férias escolares do ensino pré-escolar, básico e secundário para o dia 23 de março, como medida de contenção à Covid-19. As universidades também suspenderam todas as aulas e outras atividades formativas. Foram ainda estabelecidas medidas "excecionais e temporárias" para o funcionamento de creches, com a possibilidade do teletrabalho para os pais.
Foto: DW/A. Semedo
Informar com urgência a população
Campanhas de sensibilização e de esclarecimento à população sobre a Covid-19 estão a ser realizadas pelas autoridades em Cabo Verde. Carros passam informações à população sobre o que é a Covid-19, as formas de transmissão e como prevenir a doença. Estas viaturas circulam nos centros das cidades e bairros para reforçar a comunicação.
Foto: DW/A. Semedo
Transportes urbanos com lotação a 50%
Os transportes urbanos e interurbanos, como taxis e "hiaces", já estão a sentir os efeitos da Covid-19. A lotação passou para metade, com impacto direto no rendimento dos condutores. A medida visa aumentar o distanciamento entre os passageiros e evitar o contágio. "Hiacistas" e taxistas pedem apoio ao Governo para colmatarem as perdas, como a suspensão de impostos ou a facilitação de créditos.
Foto: DW/A. Semedo
Praias interditadas em todo país
As autoridades interditaram o acesso às praias do país para evitar a aglomeração de pessoas e, consequentemente, prevenir o contágio e a disseminação da Covid-19. A proibição durará enquanto se mantiver o plano de contingência a nível nacional decretado pelo Governo. A polícia está a patrulhar as zonas balneares para garantir o cumprimento da interdição.
Foto: DW/A. Semedo
Acesso limitado aos locais públicos
Mercados, bancos, farmácias, lojas e outras instituições estão a limitar a entrada de pessoas para prevenir a Covid-19, o que tem levado à criação de filas à porta destes espaços. Nos mercados da Praia, por exemplo, foi proibida a entrada de crianças e as vendedeiras com mais de 65 anos devem ficar em casa. Feiras e vendas de animais vivos são agora proibidas. Algumas lojas chinesas já fecharam.
Foto: DW/A. Semedo
Corrida aos supermercados
O anúncio do plano de contingência para a prevenção e controlo da Covid-19 e do primeiro caso da doença no país, disparou as compras em Cabo Verde. O medo de ficar sem alimentos levou as pessoas a comprarem grandes quantidades de comida e produtos de higiene. O Governo alertou a população para não açambarcarem os produtos e reforçou a fiscalização contra a especulação de preços.
Foto: DW/A. Semedo
O medo de ficar sem gás butano
O anúncio do primeiro caso de Covid-19 no país levou os cidadãos à compra desenfreada de gás butano para armazenamento, temendo a sua falta no mercado. Vários postos de venda ficaram sem este combustível para atender à elevada procura. Entretanto, as empresas de combustíveis garantem à população que têm stocks de gás suficiente para abastecer o mercado, afastando um cenário de escassez.
Foto: DW/A. Semedo
Faltam materiais de proteção individual
A falta de máscaras e álcool em gel no mercado tem deixado os cidadãos muito preocupados. A procura por estes produtos aumentou drasticamente com o registo do primeiro caso de Covid-19 no país. A empresa de medicamentos Inpharma passou a produzir álcool em gel para abastecer o país e já garantiu o fornecimento de máscaras às farmácias. Porém, a venda destes produtos está a ser racionada.