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Covid-19: Guiné-Bissau quer aumentar testagem da população

Lusa
20 de setembro de 2020

A Alta Comissária para a Covid-19 no país, Magda Robalo, afirma ter um "otimismo cauteloso" sobre a evolução da doença, mas pretende aumentar o número de testes para conhecer melhor a evolução da situação.

Deutschland Symbolbild Corona-Test in München
Foto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe

"O meu otimismo é cauteloso, porque é verdade que temos vindo a assistir a uma redução de novos casos durante 10 semanas consecutivas. Isso tranquiliza-nos de certa forma, mas também deixa-nos sempre em alerta, porque sabemos que temos zonas de pouca penetração", afirmou, em entrevista à agência Lusa, a Alta Comissária para a Covid-19 na Guiné-Bissau, Magda Robalo.

Segundo a antiga ministra da Saúde guineense, há regiões onde as pessoas têm pouco acesso aos serviços de saúde e não são seguidas, para que se possam fazer diagnósticos laboratoriais. "Temos noção de que ainda nos escapa muita gente que deveria ser testada, isolada, para evitar continuar a propagar o vírus", afirmou.

Segundo os últimos dados divulgados pelo Alto Comissariado para a Covid-19 na Guiné-Bissau, o país tem um total acumulado de 2.303 casos, 1.472 recuperados e 39 vítimas mortais. Os mesmos dados indicam que já foram testadas mais de 17.000 pessoas, mas Magda Robalo admite que estão muito "aquém" daquilo que deveria ser os números de testes em laboratório.

"Nós temos um número muito baixo de pessoas testadas e por isso temos de continuar a trabalhar para conhecer melhor a nossa epidemia. Estamos a agora a pensar realizar um estudo serológico para perceber a distribuição de anticorpos na população e ver até que ponto a doença se terá disseminado e colher assim mais informação que nos poderá ajudar a definir onde é que nós estamos em termos de evolução da doença", salientou.

"Estamos a fazer menos de 50% do que podemos fazer"

Alta Comissária para a Covid-19 na Guiné-Bissau, Magda Robalo.Foto: Privat

Questionada sobre quais as dificuldades que impedem a realização de mais testes junto da população, Magda Robalo disse que estão relacionados com a capacidade dos centros de saúde de recolherem amostras e as canalizarem para os laboratórios.

"Nós estamos a fazer um pouco menos de 50% daquilo que podemos fazer. Nós podemos testar muito mais pessoas. Os laboratórios têm capacidade para muito mais. O problema não é por as amostras na centrifugadora e fazer toda a parte do teste, mas o trabalho que se faz antes e o trabalho que se faz depois", explicou.

Para a antiga representante da Organização Mundial de Saúde na Namíbia e no Gana, os problemas estão a "jusante e a montante", nomeadamente dificuldades de mobilidade devido à falta de viaturas, equipas em número limitado e o próprio centro de testes, que não é o mais adequado.

Os grupos prioritários, considerados de risco, que deviam voluntariar-se para fazer o teste, também ainda não o estão a fazer. "Há uma série de problemas logísticos que nos impede de andar mais depressa e que nos impede de fazer aquilo que nós gostaríamos de fazer", afirmou.

Segundo Magda Robalo, a parte do rastreio e do isolamento também são deficientes, apesar de terem sido feito progressos, que permitiram, por exemplo, aumentar os casos de recuperados e perceber quem continuava ativo. "São todos estes fatores que fazem com que nós não tenhamos o número de pessoas testadas que deveríamos de ter e poderíamos ter. Eu estive a consultar e a Guiné-Bissau é dos países africanos com mais baixa taxa de pessoas testadas e temos de ultrapassar esta dificuldade", disse.

Para a Alta Comissária para a Covid-19, é preciso esperar para ver como vai evoluir a situação, porque as escolas vão reabrir a 5 de outubro e em dezembro há o Natal. "O período de dezembro é um período de muita precaução porque tudo pode acontecer. Continuamos muito alerta", afirmou, apelando aos guineenses para usarem sempre a máscara, corretamente, porque vai ajudar a lutar contra o novo coronavírus.

Guiné-Bissau: Restrições para travar a Covid-19

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