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Religião

Covid-19: Religiosos detidos em Manica por cultos ilegais

Bernardo Jequete (Manica)
22 de abril de 2020

Autoridades moçambicanas detiveram líderes religiosos em Manica por realizarem cultos, apesar das restrições contra a Covid-19. Reverendo diz que colegas pastores pecaram.

(Fotografia de arquivo)Foto: DW/Bernardo Jequete

Vários líderes religiosos foram detidos pela polícia de Manica, no centro de Moçambique, quando celebravam cultos fora das igrejas, no cume da montanha Cabeça do Velho e noutros locais de difícil acesso ao público.

Os cultos chegaram a concentrar no mesmo espaço mais de uma centena de crentes. Os líderes infringiram assim as medidas previstas no decreto presidencial sobre o estado de emergência em vigor, visando a não propagação do novo coronavírus.

Laissone L. é um dos pastores que se encontra detido em Chimoio. Foi apanhado em flagrante pela polícia durante uma oração num monte: "É por essa razão estou aqui. Outros já estavam lá na montanha, mas não estavam comigo", disse.

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Cultos proibidos em qualquer espaço

O secretário de Estado em Manica, Edson Macuácua, condenou a atitude dos religiosos que estão a desacatar as medidas impostas pelo Governo e apelou ao bom senso. Esclareceu ainda que a interdição de cultos coletivos não se restringe às igrejas, mas também a espaços exteriores, como as montanhas onde se têm refugiado os líderes religiosos.

"Gostaríamos de apelar à colaboração de cada um no sentido de evitarmos que haja cultos coletivos em qualquer que seja o espaço", afirmou Macuácua. "O que está em causa aqui é a prevenção e combate ao coronavírus, é a salvação de vidas de todos nós moçambicanos, incluindo de todos os crentes."

Abel Henriques de Albuquerque, diretor provincial da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos em Manica, também criticou o comportamento "impróprio" dos detidos.

Leandro F. Maloa: "É um pecado desobedecer às autoridades"Foto: DW/J. B. Chimoio

"Um líder religioso deve ser o grande reservatório moral. Não pode ser ele a entrar em conflito com a própria lei, tem de ser um exemplo de boas condutas, porque não vai matar só a ele e a igreja dele, vai matar toda a sociedade."

Leandro Francisco Maloa, reverendo e representante da Igreja Maranata em Moçambique, concorda que nenhuma igreja ou crente deve contrariar ou desobedecer às autoridades.

"É um pecado desobedecer às autoridades. Os colegas pastores que estão retidos deveriam arrepender-se e pedir perdão. Para os outros pastores, vamos cumprir com essa obrigação e orientação do Governo", diz Maloa.

Absolvição dos pastores?

Amélia Diniz, uma crente de Chimoio, reconhece que os pastores desobedeceram às normas, mas defende que deveriam ser perdoados e postos em liberdade.

"Esse comportamento não é tão bom porque eles desobedeceram à ordem do Presidente, mas o melhor é perdoar-lhes. Se eles desobedeceram, da próxima não vão continuar mais a fazer."

Mateus Mindu, porta-voz da polícia em ManicaFoto: DW/J. B. Chimoio

Mateus Mindu, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica, refere que a polícia tem trabalhado para garantir que as normas impostas durante o estado de emergência sejam cumpridas.

"Tem-se constatado que um dado grupo de pessoas tem desobedecido a essas normas. Detivemos pastores de determinadas religiões que haviam aglomerado pessoas na montanha Cabeça do Velho, com vista a fazer orações, desobedecendo deste modo ao decreto presidencial. O expediente foi lavrado e será encaminhado a estâncias competentes para posteriores seguimentos legais", adiantou Mindu.

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