Moçambique pondera financiar testes das equipas do Moçambola
Lusa
14 de setembro de 2020
O Governo moçambicano está a estudar a possibilidade de pagar os testes de Covid-19 dos atletas das equipas que vão participar na disputa do campeonato de futebol deste ano. Arranque está previsto para 7 de novembro.
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"É uma possibilidade muito forte. Mas é uma possibilidade, tendo em conta todo um quadro de constrangimentos orçamentais para o Estado e para as próprias equipas", disse hoje à Lusa a diretora-nacional de Saúde Pública. Rosa Marlene.
Aquela responsável avançou que as autoridades de saúde seguem de perto todos os passos que estão a ser dados para o início do Moçambola ainda este ano, tendo em conta o elevado número de pessoas que a prova movimenta, nomeadamente jogadores, dirigentes e pessoal de apoio das equipas.
"Num contexto de pandemia como este, as provas desportivas colocam questões de interesse para a saúde pública", declarou a diretora-nacional de Saúde Pública.
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A edição de 2020 do campeonato moçambicano tem arranque previsto para 7 de novembro, depois de o início da prova, em 4 de abril, ter sido adiado, devido à pandemia do novo coronavírus.
Os treinos das equipas começam oficialmente na terça-feira (15.09), mas o início está condicionado à realização de testes de Covid-19.
Ao abrigo das regras de controlo sanitário face ao novo coronavírus, os treinos devem ser divididos em períodos que permitam a participação de um terço do plantel.
A competição vai envolver 14 equipas, tendo o Costa do Sol, orientado pelo treinador português Horácio Gonçalves, como campeão em título.
Registadas mais 229 infeções
O Ministério da Saúde de Moçambique (Misau) anunciou no domingo (13.09) mais 229 casos de Covid-19, sem novas mortes, totalizando 5.269 infeções e 35 óbitos desde que foi declarada a pandemia, há seis meses. Quase todos os casos foram registados em Maputo, na cidade (170) e província (32).
As autoridades de saúde reportaram também 55 pessoas totalmente recuperadas, elevando para 2.960 o cumulativo de recuperações (52% do total de casos). Moçambique já fez 114.333 testes, 2.095 nas últimas 24 horas.
O país tem ainda 115 pessoas internadas em unidades hospitalares devido à covid-19, das quais 20 estão sob cuidados médicos em centros de isolamento.
Textáfrica: Ruínas e o legado do seu clube de futebol
A Textáfrica foi a maior fábrica têxtil de Moçambique. Instalada na década de 50, hoje sobram apenas ruínas, e o bom nome de seu clube de futebol.
Foto: DW/J. Bernardo
Ano 2000: Extinta a fábrica Textáfrica
A empresa Textáfrica, instalada em 1951, foi a maior fábrica têxtil de Moçambique. Depois da Independência do país, ela teve apoio de cooperantes alemães da República Democrática da Alemanha (RDA). No ano 2000, paralisou as suas atividades e cerca de quatro mil trabalhadores ficaram desempregados. A economia do país foi afectada - a empresa impulsionava a economia moçambicana.
Foto: DW/J. Bernardo
Só ficaram quinquilharias
Nos pavilhões da extinta fábrica, já não se encontram as maquinarias - tampouco parece que este local um dia foi uma fábrica têxtil. Há apenas bugigangas e máquinas obsoletas. Uma dúvida, porém, permanece: para onde foram as maquinarias da Textáfrica?
Foto: DW/J. Bernardo
"Gigante" têxtil abandonada
À primeira vista, a antiga fábrica da empresa moçambicana parece um ginásio. Mas engana-se quem assim o pensa, pois neste local decorriam as atividades de tecelagem. Antigamente, era bem melhor equipada com sistemas de frio e maquinarias de alta potência, entre outros. Caso apareça um investidor, deverá recomeçar tudo do zero...
Foto: DW/J. Bernardo
De plantação de algodão a mercado
Após a falência da Textáfrica, no ano 2000, foram erguidas bancas de venda de diversos produtos na zona onde era plantado o algodão, matéria-prima da empresa têxtil. Neste local, vende-se produtos alimentares, roupas, cereais, tubérculos, frutas, etc. Este é hoje o maior mercado grossista da província, denominado Francisco Manyanga, também conhecido como "Mercado 38".
Foto: DW/J. Bernardo
Carpintaria na fábrica têxtil
Para evitar que as instalações fiquem totalmente abandonadas, a direção da extinta Textáfrica arrenda vários compartimentos da mesma. E, pela escassez de armazéns e empresas extrativas, empresários concorrem às instalações para desenvolverem suas atividades comerciais.
Foto: DW/J. Bernardo
Reativação em breve?
O governador provincial de Manica, Manuel Rodrigues, garantiu há dias que esforços estão sendo envidados, a nível provincial e central, para atrair investidores. O objetivo é colocar em funcionamento aquela que foi a maior fábrica têxtil do país. "Potenciais investidores chineses, indianos e sul-africanos já visitaram o local. Há uma luz no fundo do túnel", disse o governador.
Foto: DW/J. Bernardo
Petizes no antigo centro infantil da Textáfrica
Neste edifício degradado funcionava um centro infantil da antiga fábrica Textáfrica. No local, as crianças dos trabalhadores - e também as que viviam nos arredores – frequentavam as aulas. Hoje, crianças ainda visitam o local, mesmo nas atuais condições. Os petizes brincam, correm e passam tempo ali, de algum modo, a pressionar os dirigentes para a reativação do espaço.
Foto: DW/J. Bernardo
Clube de futebol sem fundos
O clube de futebol da empresa foi criado em 1958. Hoje, a bancada do campo do Grupo Desportivo e Recreativo Textáfrica está sem teto devido à intempérie de janeiro último. A direção está a buscar fundos para reposição, pois, a 31 de março, deverá começar a edição 2019 da maior prova futebolística de Moçambique: "Moçambola".
Foto: DW/J. Bernardo
Equipa fabril em pé e forte!
Estes são alguns dos jogadores do Grupo Desportivo e Recreativo Textáfrica, GDRT: eles mantém o bom nome da empresa! O governador, Manuel Rodrigues, ao centro, é ladeado por Miguel Júnior, técnico-adjunto, e Aleixo Fumo, técnico principal. A equipa arrasta massas em Manica e no país. Apesar da falência da empresa, os futebolistas continuam em pé e forte!
Foto: DW/J. Bernardo
Negócio sustentável
O clube Textáfrica possui alguns artigos timbrados, ou bordados, com o nome da própria fábrica. São chapéus, cascóis, camisetas e muitos outros artigos. É através da venda deste material que o clube GDRT sobrevive, para além do apoio de alguns empresários da praça. Há também uma loja em Chimoio, que vende material desportivo e promove a imagem desta empresa.
Foto: DW/J. Bernardo
Campeão de futebol
A equipa Textáfrica foi a primeira campeã de futebol em Moçambique, mas, de lá para cá, nunca mais ascendeu ao título nacional. O curioso é que, mesmo passando diversas situações difíceis no âmbito financeiro, ela nunca abandonou a competição futebolística.
Foto: DW/J. Bernardo
Futuro
O primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, visitou as instalações em fevereiro de 2018, anunciando interesse de empresários estrangeiros em breve. "Tivemos que vir cá para mantermos contacto e acompanharmos o nosso empreendimento. Nossa visita ao complexo fabril Textáfrica foi para demostrar interesse do Governo em revitalizar a fábrica da Textáfrica", disse.