Covid-19: Moçambique prevê vacinação para meados de 2021
Lusa | ms
10 de dezembro de 2020
A campanha de vacinação contra a Covid-19 em Moçambique poderá começar entre junho e julho do próximo ano, anunciou o ministro da Saúde. A CPLP apela à solidariedade entre Estados-membros na distribuição de vacinas.
Publicidade
"A nossa previsão é de que provavelmente tenhamos de começar o processo de vacinação, se a vacina for pré-qualificada atempadamente, entre junho e julho" do próximo ano, disse esta quarta-feira (09.12) o ministro da Saúde de Moçambique, Armindo Tiago. A pré-qualificação será feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no âmbito da iniciativa global Covax que prevê um acesso equitativo a vacinas contra a covid-19 em países de baixo e médio rendimento.
O ministro da Saúde referiu há uma semana, no Parlamento, que como país participante na iniciativa, Moçambique terá direito a seis milhões de doses de vacina, correspondente a 20% da população, estimada em 30 milhões - percentagem definida no âmbito daquele mecanismo para cada um dos países aderentes.
"Atualmente, o Ministério da Saúde está a definir os requisitos e condições para a definição dos grupos a serem vacinados e ainda o processo da estratégia de vacinação", disse, acrescentando que vai ser usada a estrutura montada no Programa Nacional de Vacinação (PNV).
A Covax é uma iniciativa conjunta da Aliança Global para as Vacinas (GAVI), da Coligação para a Inovação na Prevenção de Epidemias (CEPI) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) e tem como objetivo a compra de dois mil milhões de doses de vacinas contra a covid-19 até ao final de 2021, para depois serem utilizadas em países de baixo e médio rendimento. Até ao momento, o mecanismo conta com a participação de 184 países.
CPLP pede solidariedade na distribuição de vacinas
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) apelou à solidariedade, cooperação e colaboração entre todos os nove Estados-membros da comunidade na distribuição e aplicação das vacinas contra a Covid-19. O desafio foi lançado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde, Luís Filipe Tavares, no final do Conselho de Ministros da CPLP, que esteve reunido por videoconferência, e que foi presidido a partir da cidade da Praia por Cabo Verde, país que detém a presidência rotativa da CPLP.
Avó britânica é a primeira a receber a vacina no Reino Unido
00:46
Publicidade
Durante a reunião, o ministro cabo-verdiano disse que todos os homólogos tiveram a oportunidade de apresentar a situação da pandemia nos respetivos países e as informações são "encorajadoras" e mesmo os países mais afetados estão a fazer "progressos consideráveis", como o Brasil. Neste sentido, disse que a comunidade encorajou o Governo brasileiro a continuar a trabalhar para combater a Covid-19.
Durante o encontro, que decorreu sob o tema "Reafirmação da Cooperação na CPLP no contexto da pandemia Covid-19" e foi a primeira após o início da pandemia, os ministros abordaram ainda a questão das vacinas, ponto a tónica na necessidade de solidariedade entre os Estados-membros na sua distribuição.
"Há países com melhores condições de poderem começar a vacinar as suas populações rapidamente e nós exortamos os demais Estados-membros a trabalharem e a cooperarem entre si, na questão da distribuição e na aplicação das vacinas", sustentou. "São questões importantíssimas e houve uma grande abertura no sentido de haver uma colaboração, uma coordenação entre os Estados-membros da CPLP na questão da distribuição e aplicação das vacinas para as nossas respetivas populações", completou Luís Filipe Tavares, enquanto presidente em exercício do Conselho de Ministros.
Em África, há 54.566 mortos confirmados em mais de 2,2 milhões de infetados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente. Entre os países lusófonos, Angola regista 355 óbitos e 15.729 casos, seguindo-se Moçambique (138 mortos e 16.440 casos), Cabo Verde (109 mortos e 11.098 casos), Guiné Equatorial (85 mortos e 5.166 casos), Guiné-Bissau (44 mortos e 2.444 casos) e São Tomé e Príncipe (17 mortos e 1.005 casos).
O que mudou em Cabo Verde com a Covid-19
Cabo Verde registou quatro casos de infeção por Covid-19 e uma morte. Todos os casos são importados. Centenas de pessoas estão em isolamento e os voos foram condicionados. O dia a dia também está a ser afetado.
Foto: DW/A. Semedo
Movimentação reduzida nas ruas
A chegada do novo coronavírus a Cabo Verde mudou a rotina dos cabo-verdianos, sobretudo nos centros urbanos, onde se tem notado a diminuição de movimentação e aglomeração de pessoas. Muitos preferem ficar em casa para diminuir o contacto social. Eventos com muitas pessoas foram suspensos em todo o país. Discotecas foram encerradas, bares e restaurantes passaram a fechar mais cedo.
Foto: DW/A. Semedo
Férias escolares antecipadas
Cabo Verde antecipou as férias escolares do ensino pré-escolar, básico e secundário para o dia 23 de março, como medida de contenção à Covid-19. As universidades também suspenderam todas as aulas e outras atividades formativas. Foram ainda estabelecidas medidas "excecionais e temporárias" para o funcionamento de creches, com a possibilidade do teletrabalho para os pais.
Foto: DW/A. Semedo
Informar com urgência a população
Campanhas de sensibilização e de esclarecimento à população sobre a Covid-19 estão a ser realizadas pelas autoridades em Cabo Verde. Carros passam informações à população sobre o que é a Covid-19, as formas de transmissão e como prevenir a doença. Estas viaturas circulam nos centros das cidades e bairros para reforçar a comunicação.
Foto: DW/A. Semedo
Transportes urbanos com lotação a 50%
Os transportes urbanos e interurbanos, como taxis e "hiaces", já estão a sentir os efeitos da Covid-19. A lotação passou para metade, com impacto direto no rendimento dos condutores. A medida visa aumentar o distanciamento entre os passageiros e evitar o contágio. "Hiacistas" e taxistas pedem apoio ao Governo para colmatarem as perdas, como a suspensão de impostos ou a facilitação de créditos.
Foto: DW/A. Semedo
Praias interditadas em todo país
As autoridades interditaram o acesso às praias do país para evitar a aglomeração de pessoas e, consequentemente, prevenir o contágio e a disseminação da Covid-19. A proibição durará enquanto se mantiver o plano de contingência a nível nacional decretado pelo Governo. A polícia está a patrulhar as zonas balneares para garantir o cumprimento da interdição.
Foto: DW/A. Semedo
Acesso limitado aos locais públicos
Mercados, bancos, farmácias, lojas e outras instituições estão a limitar a entrada de pessoas para prevenir a Covid-19, o que tem levado à criação de filas à porta destes espaços. Nos mercados da Praia, por exemplo, foi proibida a entrada de crianças e as vendedeiras com mais de 65 anos devem ficar em casa. Feiras e vendas de animais vivos são agora proibidas. Algumas lojas chinesas já fecharam.
Foto: DW/A. Semedo
Corrida aos supermercados
O anúncio do plano de contingência para a prevenção e controlo da Covid-19 e do primeiro caso da doença no país, disparou as compras em Cabo Verde. O medo de ficar sem alimentos levou as pessoas a comprarem grandes quantidades de comida e produtos de higiene. O Governo alertou a população para não açambarcarem os produtos e reforçou a fiscalização contra a especulação de preços.
Foto: DW/A. Semedo
O medo de ficar sem gás butano
O anúncio do primeiro caso de Covid-19 no país levou os cidadãos à compra desenfreada de gás butano para armazenamento, temendo a sua falta no mercado. Vários postos de venda ficaram sem este combustível para atender à elevada procura. Entretanto, as empresas de combustíveis garantem à população que têm stocks de gás suficiente para abastecer o mercado, afastando um cenário de escassez.
Foto: DW/A. Semedo
Faltam materiais de proteção individual
A falta de máscaras e álcool em gel no mercado tem deixado os cidadãos muito preocupados. A procura por estes produtos aumentou drasticamente com o registo do primeiro caso de Covid-19 no país. A empresa de medicamentos Inpharma passou a produzir álcool em gel para abastecer o país e já garantiu o fornecimento de máscaras às farmácias. Porém, a venda destes produtos está a ser racionada.