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Covid-19: Doação de MPLA e UNITA cria polémica em Angola

11 de abril de 2020

O MPLA e a UNITA estão a ser acusados de fazer propaganda e o aproveitamento político da situação do covid-19 em Angola. Nos últimos dias, o partido no poder e o da oposição efetuaram doações às famílias carenciadas.

Angola | Einschränkungen während der Corona-Krise werden ignoriert
Foto: DW/M. Luamba

A doação feita pelos dois maiores partidos angolanos, nomeadamente o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição, está em volta a polémica em Angola. "Torna-se propaganda quando os mesmo chegam a estender convites à imprensa para fazer cobertura do mesmo ato”, diz Gildo Victor em declarações à DW África.

Por sua vez Donito Carlos questiona: “Só mesmo nesse tempo é que viram que o povo angolano precisa deles e dos seus dinheiros que, muito dos quais obtiveram de forma ilícita?”

O também professor de História acrescenta: “Não posso acreditar que o gesto que temos vindo a assistir nos últimos dias seja de solidariedade pura. Em Angola, os políticos são o maior mal que os angolanos têm na sua posse. Há uma pura reprodução de práticas coloniais nestes políticos atuais. Por este e outros factos não creio que haja políticos que estão realmente sérios e solidários com o que o povo esteja a passar nos últimos dois meses. Estão a fazer isso porque querem mostrar quem é mais solidário que o outro”, afirma Donito Carlos.

PRS critica os dois grandes

MPLA acusado de aproveitamento políticoFoto: DW/A. Cascais

Gaspar dos Santos Fernandes, secretário permanente da Juventude dos Renovadores Sociais (JURS), braço juvenil do Partido de Renovação Social (PRS), também critica atitude de alguns políticos e associações que publicitam os atos de solidariedade na imprensa e nas redes sociais.

“Alguns políticos e associações fazem um aproveitamento imoral a famílias que estão a padecer de fome e miséria extrema. E o problema vai para além de um simples charme político”, afirma.

“Os meus colegas estão ainda nestes mimos de sempre que nunca ajudou Angola e os angolanos”, acusou.

Questionado sobre de que colegas se referia, Gaspar dos Santos Fernandes, foi perentório: “MPLA, UNITA e o Conselho Nacional da Juventude (CNJ)”.

A DW África tentou ouvir o MPLA, partido no poder, mas sem sucesso.

UNITA fala em solidariedade

A UNITA, o maior partido da oposição, na voz do seu secretário provincial de Luanda justificou os motivos que levaram o seu partido a fazer doações às famílias carenciadas. Nelito Ekuikui diz que foram identificadas as famílias que não podem cumprir as medidas de prevenção de ficar em casa porque não têm o que comer.

“A UNITA enquanto partido político sempre velou e continua a velar pelo bem-estar social das famílias angolanas. Nós identificámos várias comunidades ao nível da província de Luanda que passam por dificuldades extremas. O partido não pode olhar de uma forma impávida. Dito de outra forma, o partido não pode fazer simplesmente auscultação, também deve levar solução às famílias carentes”.

Foto: DW/N. Borralho

Segundo Nelito Ekuikui, os bairros identificados foram os do Rio Seco, Maie Maie, Santa Paciência, em Luanda, onde foram levados “os valores de solidariedade”.

"Mas a nossa ação visou fundamentalmente alertar as autoridades que governam o nosso país e que gerem o dinheiro de todos nós no sentido de dizer que sim, se decretou o estado de emergência, as pessoas ficam em casa, mas é fundamental verificar como as famílias estão a resistir ao estado de emergência. Lá onde há fome o Executivo deve levar bens de primeira necessidade", afirma Nelito Ekuikui.

"Não podemos infelizmente agradar a todos"

Quanto às críticas sobre um alegado aproveitamento e propaganda política face à situação do covid-19 que o país está a viver, o deputado da UNITA explica: “Quando fazemos dizem que é aproveitamento político. Vamos deixar que as pessoas continuem a julgar-nos. Há quem nos julga de uma forma positiva e há quem nos julga de uma forma negativa. Assim é a vida. Não podemos infelizmente agradar a todos. O que posso garantir é que nós vamos continuar com as nossas ações de solidariedade”, explica o secretário provincial de Luanda.

Para Arante Kuvuvu activista angolano: “aproveitamento político, infelizmente mostra o nível de perceção de políticos que temos que nossa praça que não consegue separar as realidades. É lamentável”.

Apesar de criticar o alegado aproveitamento político, o ativista diz ser normal que organizações político-partidárias façam doações às famílias carenciadas. E lembra que, estes partidos, recebem verbas do orçamento angolano. “Todas as organizações têm essa responsabilidade de solidariedade. E os partidos políticos a responsabilidade é mais acrescida visto que têm recebido verbas do orçamento geral do Estado. Eu vejo para estes atos como resultante da responsabilidade social que têm”, diz.

Angola sem casos positivos em 48 horas

Angola soma 19 casos confirmados de covid-19 e duas mortes. Foto: DW/A. Domingos

Esta sexta-feira (10.04.2020) foram assinalados os primeiros 15 dias do estado de emergência, entretanto, já prorrogado pelo Presidente da República, João Lourenço, depois da autorização da Assembleia Nacional.

A comissão interministerial do combate ao covid-19, efetuou o balanço, na voz da ministra de Angola da saúde, Sílvia Lutukuta.

"As medidas de prevenção decretadas no Estado de emergência, são medidas de exceção que têm como principal objetivo entre outros o corte da cadeia de transmissão da pandemia do covid-19".

O país continua com 19 casos testados positivos que resultaram em dois mortos e igual número de recuperados. Nas últimas 48 horas, Angola não registou nenhum caso de coronavírus. "Continuamos a tomar as medidas de saúde pública, vigilância epidemiologia, laboratorial bem como o manejo de casos", diz a ministra angolana.

Fronteiras internas abertas por 48 horas

Este sábado (11.4.), entra em vigor outros 15 dias resultantes da prorrogação do estado de emergência com vista a se evitar a propagação do coronavírus por contágio comunitário. Mas este fim-de-semana (sábado e domingo), será excecionalmente permitida a circulação interprovincial por meios de transportes terrestres, ferroviários e aéreas. De acordo com a Sílvia Lutukuta, as medidas de segurança, estão garantidas para esta “cerca sanitária”.

“Nos primeiros dias, algumas pessoas por várias razões acabaram por ficar fora das suas províncias e não têm condições de subsistência por essa altura. De forma controlada vai se levantar a cerca sanitária, mas é só para as pessoas regressarem aos seus locais de residência e não é para as pessoas começarem a passear aproveitando o fim-de-semana”.

A ministra acrescenta que “só regressa aquele que não esteja a cumprir quarentena obrigatória. Quem estiver a cumprir quarentena não terão de regressar. Por outro lado, as nossas equipas de saúde pública nas noutras províncias farão também o controlo destas pessoas que estão a regressar”.

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