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Covid-19: Decretado estado de calamidade na Guiné-Bissau

Iancuba Dansó (Bissau)
8 de setembro de 2020

Termina esta terça-feira o estado de emergência no contexto da Covid-19 na Guiné-Bissau. Os próximos tempos serão de estado de calamidade, com novidades.

Nos mercados de Bissau, nem sempre se cumprem as medidas de prevenção da Covid-19Foto: DW/L. Danso

A Guiné-Bissau passa, a partir desta quarta-feira (09.09), a estado de calamidade por causa da pandemia do novo coronavírus. 

Ao fim de seis meses, o Governo decidiu levantar o estado de emergência e decretou o de calamidade, depois de um parecer emitido pelo Alto Comissariado de Luta contra a Covid-19.

"Já não vamos ter a cerca sanitária. Não vai ser proibido transitar de uma região para outra, mas as medidas de distanciamento físico, de uso obrigatório de máscara, encerramento de discotecas, limitação de número de pessoas nos funerais e nas reuniões vão continuar”, enumerou a alta comissária de luta contra a Covid-19, Magda Robalo. 

Ações de educação da ONG MSF para prevenir o coronavírusFoto: MSF/E. Costigan

A circulação em transportes públicos será permitida apenas com metade da lotação e cumprindo as regras de segurança, como até aqui. Continuam também interditos todos os cortejos, desfiles, manifestações e outros eventos públicos com mais de 25 pessoas.

Mais sensibilização

Segundo a população, é preciso fazer mais em termos de consciencialização: "Muitas das vezes, encontramos as pessoas sem máscara", comenta um estudante ouvindo nas ruas de Bissau pela DW África.

"O que pedimos é que o Ministério da Saúde faça uma campanha de sensibilização, chame as organizações de base para fazer a campanha de sensibilização em diferentes bairros", apela um vendedor ambulante.

Desde o início da pandemia, já foram registados no país 39 óbitos por novo coronavírus. Atualmente, há mais de 900 casos ativos.

Situação económica deverá piorar

Os últimos seis meses de estado de emergência deixaram fortes sequelas na economia da Guiné-Bissau. 

O economista Aliu Soares Cassamá lembra que, "antes da pandemia, a economia guineense já vinha apresentando algumas debilidades. Com a pandemia, as nossas finanças públicas pioraram e espera-se uma quebra do Produto Interno Bruto (PIB), este ano, na ordem dos 1,9%. No que diz respeito às exportações, a Guiné-Bissau é um dos países da União Económica Oeste Africana (UEMOA) que vai ter um recuo brutal, na ordem de 91,9%".

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Com o estado de calamidade, a situação não deverá alterar, prevê o economista guineense: "Toda esta conjuntura vai fazer com que a economia guineense, com o estado de emergência e de calamidade, complique a já débil economia nacional."

Violações de direitos humanos

Em seis meses de estado de emergência, houve várias denúncias de violações de direitos humanos supostamente cometidas por polícias. Em julho, o Ministério do Interior decretou tolerância zero a comportamentos que afetem a imagem da instituição.

Mas as autoridades acusam também a população de negligenciar as decisões e medidas adotadas para evitar a propagação da pandemia.

O estado de calamidade começa esta quarta-feira (08.09) e termina daqui a três meses, a 8 de dezembro.

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