População no centro de Moçambique reclama subsídios
11 de setembro de 2021"Queremos saber o que se está a passar", disse Emília Júnior, uma das manifestantes, acusando "os chefes" de bairro de escolher quem recebe. "Registaram os nossos nomes", mas "hoje dizem que não podemos receber subsídios. Porquê?", questionou.
Ao lado, Anita José, 57 anos, deficiente motora e desempregada, lamentou a forma como o processo está a ser gerido junto das estruturas de bairro. "Estou doente, o meu marido também, ninguém trabalha na nossa casa, mas o secretário [de bairro] disse que não temos direito" ao subsídio.
"Primeiro, foi com o dinheiro do Idai"
"Primeiro foi com o dinheiro do [ciclone] Idai, agora com este dizem novamente que não temos direito a receber", referiu Castro Rodrigues, outra das pessoas no protesto que pedem transparência.
A medida tem como meta abranger cerca de 186 mil famílias vulneráveis nos distritos de Dondo e Beira, província de Sofala.
As queixas começaram a surgir na quarta-feira, quando os funcionários do Instituto Nacional de Ação Social (INAS) visitaram vários bairros de Dondo para registar beneficiários.
Abdul Razack, delegado do INAS em Sofala, esclareceu que há critérios: a medida não abrange toda a população, mas só os mais necessitados.
"Nem todos têm direito"
"Temos de perceber uma coisa: nem todos têm direito ao valor. É dinheiro, todos necessitamos, mas há quem precise mais do que outros, do que muitos que se encontram a reivindicar neste grupo", disse.
Razack disse ainda que há trabalhos estão em curso para reavaliar casos de famílias carenciadas fora do processo no distrito de Dondo.
O Governo moçambicano está a responder aos impactos da Covid-19 em todo o país com pagamentos adicionais a cerca de 600 mil famílias beneficiárias de programas sociais que vão receber três meses adicionais de pagamentos.
Há também transferências diretas mensais de 1.500 meticais (20 euros) para 1,1 milhões de famílias (35% da população pobre que vive nas áreas urbanas) durante seis meses.
Moçambique regista um total acumulado de 1.892 mortes e 149.088 casos de Covid-19, 95% dos quais recuperados e 78 internados.