Covid-19: "Qualquer remédio tem de passar por avaliação"
Lusa
7 de maio de 2020
A declaração é do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças da União Africana, que comentou o uso do chá de Madagáscar contra a Covid-19. Produto tem sido distribuído em vários países, incluindo a Guiné-Bissau.
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"Qualquer remédio ou medicamento reclamado por alguém tem de passar por um ensaio clínico ou avaliação independente e essa avaliação tem de mostrar que é seguro, eficaz e conduzido de forma ética", disse John Nkengasong, diretor do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças da União Africana (África CDC).
O responsável do África CDC falava esta quinta-feira (07.05), a partir de Adis Abeba, na conferência de imprensa semanal sobre a pandemia da Covid-19, quando questionado sobre a posição do África CDC sobre o remédio natural à base de ervas anunciado por Madagáscar como sendo eficaz na prevenção e tratamento das infeções pelo novo coronavírus.
O Presidente de Madagáscar, Andry Rajoelina, anunciou, em 22 de abril, a criação do "Covid-Organics", uma bebida natural à base de artemísia desenvolvida pelo Instituto de Investigação Aplicada do país para prevenir e curar a Covid-19.
Guiné-Bissau recebe carregamento de chá de Madagáscar
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Desde então, vários países africanos manifestaram a intenção de experimentar o remédio e alguns, incluindo a Guiné-Bissau e a Guiné Equatorial, já receberam carregamentos da bebida.
Dados sobre a eficácia
A União Africana (UA) anunciou, na semana passada, estar em conversações com Madagáscar para obter os dados técnicos relativos à segurança e eficácia do remédio e hoje John Nkengasong explicou que convidou os cientistas de Madagáscar que estão a liderar este processo a integrarem o grupo de trabalho técnico do África CDC para a Covid-19.
"Queremos que partilhem os seus dados connosco para perceber melhor o que fizeram e de que tipo de remédio se trata. Queremos analisar principalmente os dados de segurança e eficácia", disse.
"Madagáscar tem investigadores e especialistas em saúde pública muito competentes e estamos convencidos que nos próximos dias eles vão aceitar a nossa oferta, vamos sentar-nos e olhar com muita atenção para o que eles fizeram e os resultados. Só aí conseguiremos perceber e fazer a recomendação apropriada", disse.
Alerta da OMS
A Organização Mundial de Saúde para África recomendou, na semana passada, que as novas terapias baseadas em farmacologia tradicional sejam submetidas a testes rigorosos antes de ensaios em grande escala.
"Os africanos merecem utilizar medicamentos testados de acordo com as normas aplicáveis aos medicamentos fabricados para pessoas no resto do mundo", adiantou a organização em comunicado.
"Mesmo quando os tratamentos são derivados da natureza e de práticas tradicionais, é essencial estabelecer a sua eficácia e segurança através de ensaios clínicos rigorosos", sublinhou.
Covid-19: Sete mudanças no meio ambiente
Menos poluição atmosférica, mais espaço para a vida selvagem e águas cristalinas são alguns dos efeitos da pandemia da Covid-19 no meio ambiente. Mas nem tudo é positivo.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/I. Aditya
Ar mais limpo
Com o mundo a paralisar por causa da pandemia da Covid-19, a súbita suspensão da maior parte das atividades industriais reduziu drasticamente os níveis de poluição do ar. Imagens de satélite revelam uma clara queda nos níveis globais de dióxido de nitrogénio (NO2), um gás que é emitido principalmente por motores de carros e fábricas e é responsável pela má qualidade do ar em muitas cidades.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/I. Aditya
Queda nas emissões de CO2
Como aconteceu com o NO2, as emissões de dióxido de carbono (CO2) também reduziram. Quando a atividade económica pára, o mesmo ocorre com as emissões de CO2. A última vez que isto aconteceu foi durante a crise financeira de 2008-2009. Só na China as emissões caíram cerca de 25%, de acordo com o site Carbon Brief. Mas essa mudança vai, provavelmente, ser apenas temporária.
Enquanto as pessoas se isolam nas suas casas, alguns animais aproveitam para explorar terreno. Com menos carros a circular nas cidades, há menos hipóteses de pequenos animais, como os ouriços, serem atropelados depois da hibernação. Enquanto isso, outras espécies, como os patos, terão de encontrar outras fontes de alimentos, além das migalhas de pão que eram jogadas pelos humanos nos parques.
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Alerta sobre tráfico de animais
Os ambientalistas esperam que a pandemia da Covid-19 ajude a conter o comércio global de animais selvagens. O tráfico de animais tem levado várias espécies à beira da extinção. O novo coronavírus surgiu provavelmente num mercado da cidade chinesa de Wuhan onde se vende animais vivos, e que é um centro do tráfico legal e ilegal da vida selvagem.
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Águas limpas
Logo depois de Itália entrar em confinamento obrigatório, foram partilhadas nas redes sociais várias imagens dos canais de Veneza. A água azul cristalina dos canais está muito longe da sua habitual aparência turva. Com os navios de cruzeiro por enquanto ancorados, há menos poluição sonora nos oceanos. Isso ajuda a reduzir os níveis de stress de animais marinhos, como as baleias.
Foto: Reuterts/M. Silvestri
Desperdício de plástico
Mas nem tudo são boas notícias. Um dos piores efeitos colaterais desta pandemia no ambiente é o aumento do uso de plásticos descartáveis - desde equipamentos médicos e luvas a embalagens plásticas. Cada vez mais pessoas optam por alimentos pré-embalados. Mesmo os cafés que permanecem abertos deixaram de aceitar copos reutilizáveis dos clientes, na tentativa de impedir a propagação do vírus.
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Crise climática é ignorada
Com a Covid-19 a dominar as notícias, a crise climática foi posta de lado. Mas isso não a torna menos urgente. Analistas avisam que não se pode adiar decisões importantes sobre o clima, mesmo com o adiamento da Conferência do Clima da ONU para 2021. Embora as emissões de poluentes tenham caído desde o início da pandemia, é pouco provável que haja mudanças generalizadas e de longo prazo.