Covid-19: Que terapias são testadas contra o coronavírus?
Marina Oliveto
7 de abril de 2020
Sem uma vacina, médicos e cientistas buscam alternativas para conter a letalidade do coronavírus. Medicamentos ou compostos químicos contra doenças como malária e Sida estão em fase de teste no combate à Covid-19.
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Os números são exponenciais: Mais de 1,3 milhão de pessoas foram infetadas pelo novo coronavírus e mais de 75 mil morreram de Covid-19. Um terço da população vive algum tipo de isolamento – o que corresponde a quase 3 mil milhões de pessoas a viver em regime de resguardo, em casa.
Em meio a incertezas, cientistas testam alternativas para curar ou frear o desenvolvimento da doença. Nenhum tratamento contra a Covid-19 tem comprovação científica quanto à eficácia. Por outro lado, algumas alternativas com administração estritamente técnica estão sendo essenciais para salvar vidas.
O uso da plasmoterapia no tratamento da Covid-19, por exemplo, está sendo experimentado. Trata-se da transfusão do plasma do sangue de pessoas curadas para pacientes que estão em estado grave.
As pessoas que se curaram da infeção apresentam taxa elevada de anticorpos contra o coronavírus. O processo faz com que os anticorpos do doador ajudem o organismo do receptor a combater o vírus.
As pesquisas sobre a transfusão estão em fase inicial, mas cientistas acreditam na eficácia, porque a terapia já foi utilizada com êxito em surtos anteriores - como o da SARS (doença pulmonar grave) e ébola.
Contra piolho e ébola
Na Austrália, o medicamento Remdesivir está em fase de testes contra o coronavírus. O antiviral foi desenvolvido em 2009 para o combate ao ébola, mas não trouxe os resultados esperados.
Em fase de ensaios clínicos, a administração da droga em pacientes graves é uma das esperanças de cura para a Covid-19. A expectativa é que em seis meses os investigadores cheguem a uma conclusão sobre a eficácia do Remdesivir no combate ao coronavírus.
Outra pesquisa em estágio inicial tem o foco num remédio contra piolhos. A Ivermectina é um antiparasitário que está sendo testado em laboratório. Experimentos preliminares sugerem que a droga seja capaz de impedir que o novo coronavírus se replique no organismo humano.
Pesquisadores identificaram que - após a aplicação da droga, num período entre 24 e 48 horas - a replicação viral foi interrompida. Os testes ainda não foram realizados em pacientes e ainda não há comprovação científica do tratamento.
Outro tratamento experimental na China utiliza o antiviral kaletra - que combina os medicamentos lopinavir e ritonavir contra o VIH. Um artigo publicação do New England Journal of Medicine, no entanto, não afirma que exista benefício comprovado contra a Covid-19. Alguns pacientes com o quadro grave da doença foram submetidos ao uso do medicamento, mas não houve suficientes respostas para se tirar uma conclusão segura sobre o uso do kaletra.
O que mais empolgou
A Hidroxicloroquina é administrado por médicos para o tratamento da malária e, aparentemente, mostra-se eficaz no tratamento da Covid-19. Em simulações in vitro, os resultados apontam para a redução da replicação viral no organismo do paciente.
Médicos, no entanto, alertam fortemente para não usar a Hidroxicloroquina sem acompanhamento técnico porque o composto pode matar os pacientes. É necessária uma combinação de terapias para que o resultado seja positivo.
Mesmo sem comprovação científica da eficácia contra a doença, alguns países estão a usar a droga nos infetados por Covid-19. Os Estados Unidos, por exemplo, criaram meios para acelerar as pesquisas e testes relacionados ao medicamento.
Em meio a tantas possibilidades experimentais de tratamento os pesquisadores e cientistas estão a avaliar os riscos e efeitos colaterais que as drogas podem produzir no organismo dos pacientes. Apontar um remédio ou a cura para a Covid-19 não é uma realidade.
Os esforços estão concentrados para desenvolver uma vacina que previna a doença e medicamentos que possam ser seguros e eficazes no combate ao vírus. Sem uma alternativa segura e cientificamente comprovada, a comunidade médica pelo mundo é quase unânime em defender o isolamento social para evitar a propagação do coronavírus.
O que mudou em Cabo Verde com a Covid-19
Cabo Verde registou quatro casos de infeção por Covid-19 e uma morte. Todos os casos são importados. Centenas de pessoas estão em isolamento e os voos foram condicionados. O dia a dia também está a ser afetado.
Foto: DW/A. Semedo
Movimentação reduzida nas ruas
A chegada do novo coronavírus a Cabo Verde mudou a rotina dos cabo-verdianos, sobretudo nos centros urbanos, onde se tem notado a diminuição de movimentação e aglomeração de pessoas. Muitos preferem ficar em casa para diminuir o contacto social. Eventos com muitas pessoas foram suspensos em todo o país. Discotecas foram encerradas, bares e restaurantes passaram a fechar mais cedo.
Foto: DW/A. Semedo
Férias escolares antecipadas
Cabo Verde antecipou as férias escolares do ensino pré-escolar, básico e secundário para o dia 23 de março, como medida de contenção à Covid-19. As universidades também suspenderam todas as aulas e outras atividades formativas. Foram ainda estabelecidas medidas "excecionais e temporárias" para o funcionamento de creches, com a possibilidade do teletrabalho para os pais.
Foto: DW/A. Semedo
Informar com urgência a população
Campanhas de sensibilização e de esclarecimento à população sobre a Covid-19 estão a ser realizadas pelas autoridades em Cabo Verde. Carros passam informações à população sobre o que é a Covid-19, as formas de transmissão e como prevenir a doença. Estas viaturas circulam nos centros das cidades e bairros para reforçar a comunicação.
Foto: DW/A. Semedo
Transportes urbanos com lotação a 50%
Os transportes urbanos e interurbanos, como taxis e "hiaces", já estão a sentir os efeitos da Covid-19. A lotação passou para metade, com impacto direto no rendimento dos condutores. A medida visa aumentar o distanciamento entre os passageiros e evitar o contágio. "Hiacistas" e taxistas pedem apoio ao Governo para colmatarem as perdas, como a suspensão de impostos ou a facilitação de créditos.
Foto: DW/A. Semedo
Praias interditadas em todo país
As autoridades interditaram o acesso às praias do país para evitar a aglomeração de pessoas e, consequentemente, prevenir o contágio e a disseminação da Covid-19. A proibição durará enquanto se mantiver o plano de contingência a nível nacional decretado pelo Governo. A polícia está a patrulhar as zonas balneares para garantir o cumprimento da interdição.
Foto: DW/A. Semedo
Acesso limitado aos locais públicos
Mercados, bancos, farmácias, lojas e outras instituições estão a limitar a entrada de pessoas para prevenir a Covid-19, o que tem levado à criação de filas à porta destes espaços. Nos mercados da Praia, por exemplo, foi proibida a entrada de crianças e as vendedeiras com mais de 65 anos devem ficar em casa. Feiras e vendas de animais vivos são agora proibidas. Algumas lojas chinesas já fecharam.
Foto: DW/A. Semedo
Corrida aos supermercados
O anúncio do plano de contingência para a prevenção e controlo da Covid-19 e do primeiro caso da doença no país, disparou as compras em Cabo Verde. O medo de ficar sem alimentos levou as pessoas a comprarem grandes quantidades de comida e produtos de higiene. O Governo alertou a população para não açambarcarem os produtos e reforçou a fiscalização contra a especulação de preços.
Foto: DW/A. Semedo
O medo de ficar sem gás butano
O anúncio do primeiro caso de Covid-19 no país levou os cidadãos à compra desenfreada de gás butano para armazenamento, temendo a sua falta no mercado. Vários postos de venda ficaram sem este combustível para atender à elevada procura. Entretanto, as empresas de combustíveis garantem à população que têm stocks de gás suficiente para abastecer o mercado, afastando um cenário de escassez.
Foto: DW/A. Semedo
Faltam materiais de proteção individual
A falta de máscaras e álcool em gel no mercado tem deixado os cidadãos muito preocupados. A procura por estes produtos aumentou drasticamente com o registo do primeiro caso de Covid-19 no país. A empresa de medicamentos Inpharma passou a produzir álcool em gel para abastecer o país e já garantiu o fornecimento de máscaras às farmácias. Porém, a venda destes produtos está a ser racionada.