Covid-19: Retoma das aulas é adiada na Guiné-Bissau
Iancuba Dansó (Bissau)
11 de julho de 2020
O Governo da Guiné-Bissau adiou para uma data a indicar a retoma das aulas escolares. Segundo o Ministério da Educação, nenhuma escola do país está em condições de implementar o distanciamento social.
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A decisão de protelar a retoma das aulas na Guiné-Bissau, que estava prevista para segunda-feira (13.07), surgiu depois de uma reunião entre os ministérios da Educação e da Saúde Pública e o Alto Comissariado de Luta contra a Covid-19. Segundo um comunicado oficial, o encontro visou "avaliar os resultados da primeira fase de estudos sobre o distanciamento social nas escolas".
O Ministério da Educação guineense refere que os dados da comissão que fez estudos sobre o distanciamento social nas instituições de ensino indicam que "nenhuma tipologia de escolas está em condições de implementar o distanciamento social".
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A Alta Comissária contra a Covid-19, Magda Robalo, disse que os trabalhos vão continuar para que as dificuldades sejam ultrapassadas.
"Estamos a trabalhar com o Ministério da Educação para identificar as lacunas e as possibilidades de ultrapassar as barreiras e as probabilidades de retomar as aulas em ambiente seguro", disse.
"Se não houver as condições para se retomar as aulas em ambiente de segurança, nós não vamos recomendar que as aulas possam ser retomadas, porque estão em risco a vida e a saúde dos nossos estudantes e de toda a população", acrescentou a alta comissária.
Docentes preparados
Apesar do adiamento do reinício das aulas, António João Bico, que representa os quatro sindicatos dos professores da Guiné-Bissau, garante que os docentes não têm objeção à retoma das aulas desde que sejam criadas as condições.
"Quando essas condições forem criadas, os sindicados vão informar a todos - funcionários das escolas e professores - para retomarem os seus lugares. Os sindicatos não têm nenhuma objeção para a retoma das suas atividades", sublinhou.
Segundo o Ministério da Educação, pesaram mais na decisão de não retomar as aulas, a "insuficiência de salas de aula, o número excessivo de alunos por turma, a falta de carteiras individuais, a insuficiência de professores em caso da implementação do distanciamento social [nas salas de aula] e a falta de condições higiénico-sanitárias para a retoma das aulas presenciais", diz o comunicado.
À DW África, Luís Nancassa, antigo presidente do Sindicato Nacional dos Professores e conhecedor do sistema de ensino guineense, afirmou que não concorda com a retoma das aulas.
"Para mim, seria um início das aulas, que, sinceramente, não sei se vai ter o caráter de aula. Dar aulas em um ou dois meses e dizer que os alunos aprovaram, para mim, é caricato", afirmou.
Aos alunos, só o funcionamento das aulas interessa. Iaia Dabó, da Confederação das Associações dos Alunos das Escolas Públicas e Privadas (CAAEPP) da Guiné-Bissau, avança com a proposta.
"É pegar e dividir no meio os alunos das escolas privadas, requisitar as escolas públicas que não estão a funcionar. Depois criar condições para que os alunos tenham acesso à água e gel desinfetante, lavar as mãos e assistir às aulas normalmente", disse.
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Como manter os cuidados de higiene em campos de refugiados e bairros de lata é um grande desafio na pandemia. Mas alguns países e organizações estão a lutar para manter esses locais seguros e limpos.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Pilick
Zâmbia
Algumas pessoas ficam semanas sem acesso à água potável em muitas partes do mundo. O vale de Gwembe foi profundamente afetado pela seca nos últimos dois anos. Atualmente, o UNICEF está a apoiar a reabilitação e a perfuração de 60 poços para reforçar a lavagem das mãos nos pontos de distribuição de água durante a pandemia do novo coronavírus.
Foto: UNICEF/UNI308267/Karin Schermbrucker
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Várias estações de água foram instaladas em locais públicos do Quénia para fornecer a água limpa à população. Em Nairobi, para impedir a propagação da Covid-19, um menino segue as instruções de como lavar as mãos adequadamente numa estação de água em Kibera.
Foto: UNICEF/UNI322682/Ilako
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O Iémen abriga cerca de 3,6 milhões de pessoas deslocadas internamente. Com grande parte do seu sistema de saúde e saneamento destruído pela guerra, esses deslocados são altamente vulneráveis ao novo coronavírus. Voluntários treinados pelo UNICEF estão a orientar a população sobre como evitar que a doença se espalhe.
Foto: UNICEF/UNI324899/AlGhabri
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Foto: UNICEF/UNI326167/Albam
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Os efeitos a longo prazo dos desastres naturais também são um fator de risco. Nas Filipinas, as casas de banho públicas, como as vistas aqui, num centro de evacuação na cidade de Tacloban, tornaram-se um terreno fértil para a propagação do vírus. O saneamento tornou-se ainda mais crucial. A região sofre com os efeitos posteriores do tufão Haiyan há anos.
Foto: UNICEF/UNI154811/Maitem
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Foto: UNICEF/UNI156134/Noorani
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Foto: Goonj
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Voluntários de vários grupos de pessoas com deficiência também se envolvem ativamente na distribuição de desinfetantes pela cidade de Dhaka. Roman Hossain distribui desinfetantes e informa outros membros da sua comunidade sobre a importância de lavar as mãos regularmente.
Foto: CDD
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Há uma necessidade urgente de reduzir os impactos da crise da Covid-19 em Huehuetenango, na Guatemala, para além da crise alimentar já existente, causada pela seca de 2019. As comunidades indígenas esperam todos os dias para coletar seus alimentos e kits de higiene básica, onde também obtêm informações e recomendações para prevenir a Covid-19 nos idiomas locais.