Covid-19: Robôs na linha de frente no Ruanda
21 de junho de 2020Na sua apresentação, o próprio robô já diz a que veio.
"Estou pronto para começar o meu novo trabalho aqui no centro de tratamento, juntamente com os meus quatro irmãos, para ajudar a mitigar a contaminação cruzada da Covid-19 e reduzir o risco para os profissionais de saúde na linha de frente da luta contra o Covid-19", fala o robô.
A equipa de autómatos adquirida pelo Ruanda e composta por cinco unidades tem a função de monitorizar os sinais vitais dos doentes nos centros de tratamento de doentes com Covid-19. Dados como temperatura, ritmo cardíaco e níveis de oxigénio são transmitidos aos médicos e enfermeiros que trabalham à distância.
Testar e tratar rápido
De acordo com o Ministério da Saúde do Ruanda, um robô pode medir as temperaturas de 200 pacientes em apenas um minuto. Isso acelera o processo de testes e o tratamento. Mas a tecnologia não é barata: cada robô custa cerca de 30.000 dólares.
O ministro da Saúde do Ruanda, Daniel Ngamije, espera reforçar a prontidão e a eficiência no combate à pandemia do coronavírus.
"Estes robôs vão facilitar o nosso trabalho, ajudando os médicos, enfermeiros e outros prestadores de serviços nos centros de tratamento onde os doentes com Covid-19 estão a ser tratados", garante.
A introdução dos robôs ocorre numa altura em que o Ruanda está a levantar parcialmente as medidas restritivas. Espera-se que o país flexibilize ainda mais as medidas ao tentar encontrar um equilíbrio entre a economia e a saúde dos cidadãos.
Ao longo deste processo, o setor da saúde do país poderá precisar de mais trabalhadores na linha de frente para fazer face a um eventual aumento do número de casos de Covid-19. Os robôs prestarão uma assistência valiosa, considera o ministro.
"Há certas tarefas que vinham sendo asseguradas pelos prestadores de cuidados de saúde, como a verificação da temperatura e outros testes de saúde, e que serão realizadas por estas máquinas, fazendo com que os profissionais de saúde se concentrem noutras tarefas, como a monitorização da forma como um doente está a recuperar-se", descreve o ministro Daniel Ngamije.
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Muitos ruandeses estão otimistas com a realização do trabalho pelos robôs. Charles Ndushabandi é um morador de Kigali.
"Penso que é uma decisão muito boa, porque estes profissionais de saúde, uma vez que pegam a Covid-19, podem facilmente transmití-la à população. Mas agora que são os robôs a fazer o trabalho, a população também está mais segura", avalia.
O Ruanda foi o primeiro país da África Oriental a registar casos de infeção pelo coronavírus. Desde então, tomou medidas rigorosas para travar a propagação do vírus. Charles diz que devem ser utilizados todos os meios necessários para que o país se veja livre da Covid-19.
"Neste caso é como na guerra, tens que usar todas as ferramentas à sua disposição. Assim, o Governo fê-lo no interesse de salvaguardar a população e também no combate à doença muito rapidamente, para que as pessoas possam voltar ao seu trabalho", considera.
Embora a economia do Ruanda tenha sido atingida pela pandemia do coronavírus, os números do Ministério da Saúde mostram que o país ainda não registou quaisquer mortes devido à Covid-19.