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Covid-19: Sissoco Embalo pede compreensão dos guineenses

Lusa
1 de setembro de 2021

Guineenses têm vindo a contestar restrições impostas para travar a propagação do coronavírus. Esta quarta-feira, o líder do PUN acusou as autoridades de "violentar a população sob o pretexto" de combater a pandemia.

Primeiro-ministro Nuno Gomes Nabiam e Presidente Umaro Sissoco Embaló.Foto: Presidency of Guinea-Bissau

O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, pediu nesta quarta-feira (01.09) a compreensão dos cidadãos perante "as medidas necessárias" decretadas pelo Governo como forma de controlar a terceira vaga da pandemia da Covid-19 "que está a matar pessoas todos os dias".

O Presidente guineense disse que tem escutado os apelos de diferentes franjas da população, no sentido de mandar suspender as medidas decretadas pelo Governo, nomeadamente a proibição de circulação das pessoas, o fecho dos mercados e locais de culto.

"Há um surto grande desta terceira vaga [da pandemia], todos os dias há gente a morrer. A população tem de compreender que a posição do Governo é para o seu bem. Há coisas que mesmo estando de acordo ou não, há um fórum próprio para fazer o meu pronunciamento, mas há separação de poderes", sublinhou Embaló.

O líder guineense disse que, para já, o decreto do Governo, que instituiu o recolher obrigatório das 20h00 às 05h00, vai prevalecer e uma avaliação da situação será feita no próximo dia 11 entre todas as autoridades do país.

Violentar o povo

Em conferência de imprensa, Idrissa Djaló, cujo partido não tem representação parlamentar, mas bastante ativo no cenário político guineense, afirmou que a Guiné-Bissau "vive num autêntico estado de terror" com "forças de ordens armados até aos dentes" nas ruas a "violentarem a população".

Idriça Djaló, líder do PUNFoto: DW/B. Darame

O líder do PUN disse que as medidas que estão a ser tomadas pelas autoridades "no lugar de ajudarem a população, cerceiam as liberdades" por não levarem em conta que a maioria da população "trabalha no duro ou vende algo para arranjar comida".

"Em vez de as autoridades ajudarem a população que anda a pé com pertences na cabeça, porque não há transporte público, estão a violentá-la. É um total desrespeito à população", observou Idrissa Djaló.

Como forma de conter o alastramento de casos de Covid-19, as autoridades guineenses decretaram no passado dia 27 e durante 15 dias o estado de calamidade sanitária, impondo, além do recolher obrigatório, medidas como a proibição de circulação entre localidades e ainda o encerramento de locais de culto e de venda.

Guineenses contestam o decreto

Vários setores da sociedade guineense têm criticado as medidas, frisando que afetam diretamente as mulheres.

Para o político, a situação das mulheres perante as medidas decretadas pelo Governo "é que mete mais pena" por serem, disse, o "principal sustento das famílias" guineenses.

Sociedade Civil contesta o recolher obrigtório e o fecho dos mercadosFoto: Iancuba Dansó/DW

O líder do PUN critica ainda a forma como as autoridades têm estado a forçar a saída de fiéis nos lugares de culto religioso.

"Com este uso desproporcional e musculado da força contra a população estamos a viver uma autêntica tragédia que nos foi imposta pelas autoridades da Guiné-Bissau (…) Nem as alimárias são tratadas desta forma", notou Idrissa Djaló.

O dirigente diz que não pretende minimizar as consequências da pandemia provocada pela Covid-19, mas também considera desnecessária a resposta que tem sido dada pelas autoridades no combate à doença.

A Guiné-Bissau regista um total de 119 óbitos e 5.799 infetados desde o início da pandemia.

Covid-19: Recolher obrigatório vigora na Guiné-Bissau

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