O principal banco de fomento brasileiro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) oferece financiamentos para projetos no Brasil e no exterior.

Até o início de julho, no entanto, os contratos com países como Angola e Cuba eram mantidos sob sigilo pela instituição financeira.

Empréstimos secretos concedidos a Angola e Cuba

O procedimento despertou suspeita como sinaliza o deputado Rubens Bueno, que cobrou explicações. “Empréstimos secretos concedidos a outros países como Angola e Cuba. E que cerceiam o princípio da publicidade. Estes empréstimos poderão ser conhecidos pelos brasileiros apenas em 2027. Notas técnicas, memorandos e correspondências foram classificados como secretos desde 2012.”O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, tentou explicar...“Porque os bancos de exportação de diversos países não fazem uma revelação detalhada? Por razões de litígio comercial por razões de segredo, de cautela... por razão de segredo e defesa do setor privado, em defesa da competitividade da sua empresa. Portanto, não é uma matéria tão simples”.

A explicação não convenceu e, diante da pressão, o BNDES revelou detalhes sobre os financiamentos de projetos em Angola.

BNDES privilegiou Angola ?

Em volume de recursos, o país africano foi o que mais recebeu do banco brasileiro entre 2007 e 2015.

No total, foram quase três mil milhões e meio de dólares para projetos de empresas como a Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão.

As companhias já são alvo da operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na estatal Petrobrás e que prendeu importantes executivos dos grupos.Agora, os parlamentares do Brasil querem saber se há ligação entre o esquema na petroleira e os financiamentos do BNDES em Angola, como explica o deputado José Rocha. “Estamos solicitando toda esta documentação ao BNDES e, sendo necessário, faremos estas diligências...se for o caso de ir a qualquer deste países - Cuba, Angola e Venezuela – inclusive visitar o investimento feito, como foi feito e a que custo foi feito”.

O deputado José Rocha é relator da comissão parlamentar criada para investigar os financiamentos do BNDES em Angola.