Após Adalberto Costa Júnior ter confirmado, esta sexta-feira, que a UNITA não vai aceitar os resultados anunciados pela CNE, eclodiram vários protestos no país. Para este sábado, estão agendadas várias manifestações.
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Esta sexta-feira (26.08), após as declarações de Adalberto Costa Júnior sobre os resultados eleitorais provisórios apresentados pela Comissão Nacional de Eleições, e que dão a vitória ao MPLA com 51% dos votos, eclodiram protestos de apoio à UNITA em alguns pontos do país, nomeadamente, nas províncias de Benguela, Zaire e Cabinda.
Nas redes sociais, circulam vídeos que mostram a adesão que estes protestos têm tido, apesar da UNITA continuar a apelar à calma no país.
Esta manhã, na província de Benguela, alguns ativistas que participavam em mais um protesto contra os resultados eleitorais no município do Lobito foram detidos.
Na sua página do Facebook, a organização não-governamental OMUNGA denuncia que os ativistas estão a ser "torturados" pela polícia nacional de Angola e apela à calma a todos os cidadãos.
Também em Luanda, a polícia nacional reprimiu, este sábado, os manifestantes que se preparavam para marchar do Largo da Independência até ao perímetro do Palácio Presidencial, na Cidade Alta, em Luanda. Vários jovens foram detidos e agredidos.
Já na noite de sexta-feira, vários manifestantes tentaram protestar na capital angolana. Isabel dos Santos, filha do antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos recorreu à sua página do Twitter para partilhar isso mesmo.
Em Cabinda, relata o nosso correspondente Simão Lelo, centenas de jovens saíram à rua para manifestar o seu contentamento por, após o discurso de Adalberto Costa Júnior, entenderem que ainda há esperança para a UNITA. No entanto, a manifestação ficou marcada por alguns atos de vandalismo.
Na rotunda da República, no Cabassango, a população acabou mesmo por destruir a imagem de João Lourenço e queimar as bandeiras do MPLA que lá se encontravam, substituindo-as pela bandeira da UNITA.
Num outro ponto da cidade, mais especificamente, ao lado do governo provincial, houve inclusive intervenção da polícia, que acabou por disparar tiros para dispersar os manifestantes.
São vários os vídeos sobre a agitação nas ruas de Cabinda que circulam nas redes sociais.
Cenário semelhante na província do Zaire, como mostra um vídeo partilhado no Twitter por Florindo Chivucute, fundador da organização Friends of Angola.
As autoridades policiais apelaram, entretanto, aos grupos organizados que pretendem organizar atividades sábado e domingo, a "uma contenção por respeito à figura do antigo Chefe de Estado", que será enterrado, este domingo, em Luanda.
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Autoridades em prontidão
Depois da polícia, também o ministro do Interior Eugénio Laborinho apelou à "calma e serenidade" no período pós-eleitoral, afirmando que as autoridades estão prontas para responder a possíveis alterações da ordem pública.
Eugénio Laborinho foi questionado pelos jornalistas quando se encontrava nas cerimónias fúnebres sobre manifestações convocadas pelas redes sociais, mas desvalorizou eventuais protestos.
"Temos de aceitar os resultados que a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) anunciou. É hábito e acontece sempre, quem perde nunca aceita os resultados, eu só apelo a que haja serenidade, haja acalmia, haja ponderação porque nós estamos aqui para garantir a ordem e segurança pública", sublinhou o ministro.
Eugénio Laborinho disse que não há preocupações quanto a tensões na rua "porque as forças estão em prontidão", e garantiu que haverá intervenção policial em qualquer "situação anormal".
"Sem haver eleições, já havia alterações da ordem, agora neste momento em que estamos é possível que haja, mas estamos prontos para responder", reforçou.
Angola: As eleições em imagens
Esta quarta-feira é dia de Angola decidir quem será o próximo Presidente e os deputados da Assembleia Nacional. A DW compilou as imagens desta manhã de eleições, no dia em que 14 milhões de angolanos vão às urnas.
Foto: Adolfo Guerra/DW
Longas filas no dia de decidir
As mesas de voto só abriram às 07h00, mas as filas para votar nas eleições mais disputadas de sempre em Angola começaram a formar-se bem cedo. Cabe aos eleitores decidir se "a força do povo" continua do lado do MPLA, mantendo no poder o partido que governa o país desde a independência, ou se dizem "sim" ao apelo de mudança da oposição liderada pela UNITA.
Foto: John Wessels/AFP
Oito partidos na corrida
Além dos rivais Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), concorrem Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Partido de Renovação Social (PRS), Aliança Patriótica Nacional (APN), Partido Nacionalista para a Justiça (P-NJANGO), Partido Humanista de Angola e a coligação Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE).
Foto: António Cascais/DW
Madrugar para votar
Aos 79 anos, Adélia Namalange exerce hoje o seu direito de voto pela quinta vez. A idosa chegou às 5h00 à assembleia de voto número 9658, no município do Lobito, em Benguela, e esperou duas horas pela abertura das urnas, no dia que 14 milhões de angolanos decidem o futuro político do país.
Foto: Daniel Vasconcelos/DW
João Lourenço apela ao voto: "É Angola que ganha"
"Acabámos de exercer o nosso direito de voto, é rápido e é simples", disse João Lourenço, na assembleia de voto n.º 105, em Luanda, convidando os eleitores a fazerem o mesmo. No meio de uma enorme confusão de jornalistas que queriam registar o momento, o candidato do MPLA salientou que todos saem a ganhar: "É a democracia que ganha, é Angola que ganha."
Foto: AP Photo/picture alliance
Adalberto Costa Júnior critica processo
O líder da UNITA votou no bairro 28 de Agosto, em Luanda, onde foi fortemente aplaudido pelos eleitores presentes. "Fiquei satisfeito e votei no meio do meu povo e constatei que a votação está a ser feita sem cadernos eleitorais aos fiscais, apenas um caderno eleitoral na mesa", afirmou Adalberto Costa Júnior, que defendeu mais uma vez a afixação dos resultados nas assembleias de voto.
Foto: John Wessels/AFP
Manuel Fernandes "plenamente" confiante na vitória
Manuel Fernandes, o candidato da coligação Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), votou esta manhã no Bairro Militar, em Talatona, Luanda. Depois de votar, manifestou "plena confiança" no resultado eleitoral do atual terceiro partido com mais assentos no parlamento angolano.
Foto: Borralho Ndomba/DW
"Grande expetativa" de Nimi Ya Simbi é ganhar eleições
Nimi Ya Simbi, candidato da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), votou em Viana, um dos mais populosos municípios de Luanda. Minutos depois, Nimi disse que a sua "grande expetativa é ganhar as eleições." O líder da FNLA acredita que o seu partido "vai vencer" as eleições, "porque quem vai para o combate não vai para perder", tendo enaltecido o cumprimento do seu dever cívico.
Foto: Nelson Francisco Sul/DW
Benedito Daniel exorta à afixação das atas
O candidato do Partido de Renovação Social (PRS) exerceu o seu direito de voto no Instituto Superior Politécnico do Bita, em Luanda. Após votar, Benedito Daniel manifestou um "sentimento de alegria e de dever cumprido", exortando à afixação das atas sínteses nas assembleias. Disse também esperar que a CNE possa corresponder às expetativas dos eleitores.
Foto: DW/M. Luamba
Bela Malaquias insite em "humanizar" Angola
A líder do Partido Humanista de Angola (PHA), Florbela Malaquias, manifestou um "sentimento de realização" após votar e reiterou a promessa de humanizar Angola, "que se encontra completamente desumanizada em todos os sentidos", sublinhou a única mulher a liderar um partido político em Angola, depois de votar no bairro do Maculusso, distrito urbano da Ingombota, em Luanda.
Quintino Moreira, líder da Aliança Patriótica Nacional (APN), sem assento no Parlamento angolano, manifestou-se "otimista" em relação à obtenção de uma "bancada parlamentar vasta", para que não haja maiorias absolutas na "casa das leis", afirmou esta manhã, depois de depositar o seu voto numa assembleia de voto, em Talatona, perto da capital angolana.
Foto: Borralho Ndomba/DW
Dinho Chingunji contra "Votou, Sentou"
O candidato do Partido Nacional para a Justiça em Angola (P-Njango) considerou hoje as eleições como "ocasião soberana" para escolha dos governantes e exortou os eleitores a esperarem os resultados em casa, contrariando o movimento "Votou, Sentou". Chingunji, que votou no município do Kilamba Kiaxi, em Luanda, exortou "os cidadãos a regressarem para as suas casas e a esperar pelos resultados".
Foto: Borralho Ndomba/DW
CNE diz que está tudo a funcionar
A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) anunciou que as 13.238 assembleias de voto espalhadas pelos 164 municípios angolanos "estão abertas e em perfeito funcionamento" e "não há registo de qualquer incidente" que possa beliscar a votação. Também foram constituídas 45 mesas de voto no estrangeiro, para as quais foram recrutados 105.952 membros.
Foto: António Cascais/DW
UNITA denuncia irregularidades no Bengo
No Bengo, a UNITA chamou os jornalistas para denunciar supostas irregularidades na votação. De acordo com o partido do "galo negro", a CNE local está a proibir que os delegados de lista suplentes exerçam o direito de voto nas assembleias para as quais estão destacados, contrariando, desta forma, uma circular da própria Comissão Nacional de Eleições.
Foto: António Ambrósio/DW
Queixas de eleitores em Cabinda
A votação em Cabinda está a decorrer com alguma normalidade, mas com várias queixas por parte dos eleitores que dizem desconhecer as suas mesas de voto. Os cidadãos são obrigados a percorrer longas distâncias para votar, já que foram colocados em pontos longínquos da província e da capital. E há delegados de lista de partidos que não foram credenciados.
Foto: Simão Lelo/DW
Delegados monitorizam processo
Delegados de lista dos partidos políticos controlam o processo de votação no Bairro da Cuca, em Luanda, a capital. Durante a campanha eleitoral, o polémico movimento "Votou, Sentou", propalado por alguns partidos e membros da sociedade civil, também pediu aos eleitores para permanecerem nas imediações das assembleias de voto.
Foto: Manuel Luamba/DW
O voto da diáspora em Portugal
O ator Daniel Martinho, a viver há cerca de 40 anos em Portugal, foi ao Consulado Geral de Angola em Lisboa votar, feliz por ser a primeira vez que foi dada à comunidade radicada no exterior a possibilidade de exercer o direito de voto. "Era uma aspiração que nos incomodava", contou à DW. "É uma forma de contribuirmos para um país melhor, porque nós na diáspora também fazemos Angola", precisou.