Multinacional sul-africana pretende explorar petróleo na região sul de Moçambique, mas habitantes e operadores turísticos de Inhambane dizem que o projeto vai destruir o ecossistema. Decisão ficará nas mãos do Governo.
Durante o processo do estudo de impacto ambiental, foram realizadas consultas públicas pela empresa Golden Associados Moçambique Limitada. Entretanto, vários operadores turísticos e a população reprovaram o projeto.
Gabriel Cossa, um dos operadores turísticos de Vilankulo, na provícia de Inhambane, diz que o projeto de exploração de petróleo só vai causar destruição e pobreza, porque poucas pessoas terão emprego.
"Se forem destruí-lo, Vilankulo e Inhassoro não vão existir mais. Vai ficar uma pobreza absurda e os senhores da Sasol não vão empregar nem metade dos trabalhadores que foram empregados pelo turismo e a pesca", argumenta este operador.
"Projeto odioso"
Paul Seal, outro operador turístico, afirma que a área em que se pretende implementar o projeto é muito importante para o desenvolvimento do turismo, por ser único ao nível nacional. Por isso, defende que o Governo não pode aceitar qualquer justificação dos consultores.
"Esta área é muito importante para o desenvolvimento sustentável da população. Por isso, o Governo deve retirar o seu apoio neste projeto odioso para muitos cidadãos estrangeiros e nacionais", defende.
Cipriano Neto, residente em Vilankulo, acredita que os turistas não vão querer visitar uma zona onde haverá poluição marinha: "Este projeto vai danificar as espécies marinhas, subverter o turismo. Se não conquistamos o turista, ele vai para outro sítio - sem vibrações, sem óleo, sem derrame de combustível".
A Sasol não comentou a contestação de operadores turísticos e da população durante as consultas públicas.
Cresce rejeição a novo projeto da Sasol em Inhambane
Decisão nas mãos do Governo
Januário Mucavele, representante da Sasol, diz que a aprovação do projeto vai depender do Governo, depois de receber o relatório final das consultas públicas elaborado pela empresa contratada, até dezembro próximo. O relatório deveria ter chegado às mãos do Executivo em setembro.
"Esta é apenas uma fase inicial do estudo e a informação que estamos a recolher deles vai informar o relatório que o consultor que a Sasol contratou, a Golden, vai elaborar e submeter ao Governo para a sua apreciação e possível aprovação", explica.
Lote Simione, representante do Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, sem avançar muitos detalhes, afirma que o Governo está a aguardar o relatório para poder ser analisado e tomar uma decisão sobre o projeto.
China em África: maldição ou benção?
A China quer mudar a sua imagem: de país explorador das matérias-primas africanas, para agente de desenvolvimento. Fazemos uma viagem pela história das relações sino-africanas.
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Parceiros igualitários?
A China leva estradas asfaltadas, grandes estádios de futebol e internet de banda larga para África. Ao mesmo tempo, pede ao continente petróleo e outras matéria-primas. A China já é o maior parceiro comercial de África. Até 2020, o país pretende duplicar o volume de negócios para 400 mil milhões de dólares. Os críticos temem que haja apenas um vencedor nestes negócios: a China.
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TAZARA: o primeiro grande projeto
A cooperação sino-africana começou nos anos 50 e 60. Como sinal da fraternidade socialista, a China financiou a construção de uma linha ferroviária que transportava o cobre da Zâmbia para a cidade portuária da Tanzânia, Dar es Salaam. O projeto baseava-se na amizade inter-étnica e no trabalho solidário. A ferrovia chamda TAZARA " Tanzania-Zambia Railway" funciona até aos dias de hoje.
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Chegaram para fazer negócios
Com a estratégia "Go Global", na década de 90, o Governo chinês muda a sua política para África, começando a apoiar empresas do próprio país a fazerem negócios com o continente. O objetivo: proteger os recursos naturais estratégicos e promover o desenvolvimento económico da China. Ou seja, ter África como um parceiro de negócios e mercado para os bens de consumo chineses.
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Críticas do Ocidente
Com a nova política, a China garante para si campos de petróleo e as minas de metais preciosos, não tendo medo de trabalhar com regimes autoritários e corruptos. O país não é bem visto na Europa e nos Estados Unidos. A China só estaria interessada na exploração de recursos naturais, mas não no bem das pessoas, é a crítica do Ocidente.
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Infraestruturas como moeda de troca
A China também faz negócios com o Presidente do Sudão, Omar al-Bashir, procurado pelo Tribunal Penal Internacional por genocídio. O país está a tornar-se o mais importante investidor na indústria de petróleo sudanês. Além disso, a empresa chinesa de petróleo estatal financia a construção da barragem de Merowe, no norte do Sudão.
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Oferta de 150 milhões de euros à União Africana
As boas relações com a África são bem pagas pela China. Em 2012, o país financiou a construção da sede da União Africana, em Adis Abeba. "A China vai ajudar os países africanos a ampliar a sua força e independência", disse o chefe da delegação chinesa na cerimónia de abertura.
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Líder do mercado de telecomunicações
Duas empresas chinesas dominam o mercado africano de telecomunicações: a ZTE e a Huawei. Foi a essas empresas que Governos de todo o continente fizeram as suas grandes encomendas. Na Etiópia, a Huawei e a ZTE constroem uma rede de 3G para todo o país por 1,7 mil milhões de dólares. Na Tanzânia, empresas chinesas instalaram cerca de 10 mil quilómetros de cabos de fibra ótica.
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Concorrentes desagradáveis
As esperanças de melhores oportunidades em África não atraem apenas as grandes empresas, mas também milhares de cidadãos comuns chineses . Eles abrem pequenas lojas onde vendem produtos chineses baratos: utensílios de cozinha, jóias, dispositivos elétricos. "Muitos comerciantes africanos não estão satisfeitos com a nova concorrência", diz o economista queniano David Owiro.
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À espera de novos postos de trabalho
Seja no comércio de retalho ou na construção de estradas "os africanos raramente lucram com investimentos chineses. As empresas trazem os seus próprios trabalhadores", diz Owiro. Agora, na África do Sul, onde a China acaba de inaugurar uma fábrica de camiões, isso pode mudar. O Governo sul-africano elogia o projeto como um marco para a industrialização africana e espera novos postos de trabalho.
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De exportador a agente de desenvolvimento?
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, ofereceu dois mil milhões de dólares para um fundo de desenvolvimento para África durante a sua visita ao primeiro-ministro da Etiópia, Hailemariam Desalegn, em maio de 2014. A liderança chinesa quer abrir um novo capítulo nas relações China-África, passando de país explorador das matérias-primas para agente de um desenvolvimento sustentável.
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Medo pela reputação
"A China teme pela sua reputação no mundo", diz Sun Yun do centro de pesquisa norte-americano "Brookings". As alegações nos média de que a China só estaria interessada nas matérias-primas de África levaram a esta mudança. O Governo publicou recentemente uma lista dos programas de ajuda ao desenvolvimento, que inclui 30 hospitais, 150 escolas, 105 projetos de energia e água renováveis.
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O charme chinês
Para promover a sua missão em África, a China lançou uma grande campanha mediática. Os meios de comunicação do Governo para o estrangeiro focam claramente os negócios, África é retratada como o continente próspero. Algo que contrasta com décadas de cobertura negativa dos meios de comunicação ocidentais.