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ConflitosRepública Centro-Africana

República Centro-Africana: Crianças sonham com futuro melhor

Killian Ngala
17 de abril de 2024

Mais de um milhão de pessoas, incluindo muitas crianças, tiveram de fugir das suas casas na República Centro-Africana e refugiar-se nos Camarões. Nem todos perderam a esperança. Alguns decidiram regressar à terra natal.

Crianças refugiadas partem num autocarro de regresso à República Centro-Africana
Foto: Etienne Mainimo/dpa/picture alliance

A República Centro-Africana mergulhou num conflito em 2013, quando rebeldes, conhecidos como Seleka, destituíram o Presidente François Bozize.

Os rebeldes, predominantemente muçulmanos, desencadearam a violência contra cristãos, levando jovens a organizarem-se numa milícia conhecida como anti-Balaka.

O ciclo de violência persiste e o conflito já obrigou milhares de pessoas a procurar refúgio nos países vizinhos como Camarões, Chade e República Democrática do Congo.

"Não sei se posso voltar porque já não temos família na República Centro-Africana. Só eu e a minha mãe é que estamos aqui nos Camarões", relata Zakia, de 14 anos.

A jovem e a mãe Yolanda, cujo nomes foram alterados pela DW para proteger a sua privacidade, fazem parte dos mais de 325.000 refugiados da República Centro-Africana que vivem nos Camarões.

Segundo dados das Nações Unidas, desses, 2.500 decidiram regressar à sua terra natal.

Refugiados do campo de Gado-Badzere preparam-se para regressar à República Centro-AfricanaFoto: Etienne Mainimo/dpa/picture alliance

Medo de regressar

Mas voltar a casa não está nos planos de Yolanda. "Os rebeldes invadiram a minha casa. Violaram-me e violaram a minha filha de 14 anos. Como eu era cristã antes de me converter ao Islão, tornei-me um alvo da Seleka e também dos anti-Balaka. Ambos os lados me vêem como uma ameaça", conta.

Já Abdel Aziz, estudante do ensino secundário, está entre os 600 deslocados que deixaram o campo de refugiados de Gado-Badzere, na região leste dos Camarões, rumo à República Centro-Africana.

Com a mãe fugiu da guerra há cinco anos. Apesar das dificuldades, o jovem de 16 anos está determinado a continuar a estudar. Diz que quer fazer parte da solução para a crise no seu país.

"Quero tornar-me um agente da polícia de investigação criminal para ajudar a combater os crimes na sociedade, como a guerra na República Centro-Africana", diz.

Zakia também não deixou os sonhos de lado. No futuro, como conselheira tutelar, quer orientar e fazer a diferença na vida de outras jovens que, tal como ela, passaram por situações de guerra.

Após mais de uma década de violência, um em cada cinco dos 5,5 milhões de habitantes da República Centro-Africana está deslocado. Mas na determinação de Abdel Aziz e Zakia reside a esperança de um futuro melhor.

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