Candongueiros da província de Luanda exigem que o Governo crie alternativas para o abastecimento dos transportes públicos. Se a crise dos combustíveis continuar, taxistas prometem paralisar atividades na sexta-feira.
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A Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA) ameaça paralisar as atividades na próxima sexta-feira (10.05) caso se mantenha a escassez de combustíveis que se regista em Angola.
A crise continua a gerar filas intermináveis e especulação de preços e os "candongueiros" da província de Luanda exigem ao Governo a criação de alternativas para o abastecimento dos transportes públicos, de modo a garantir a mobilidade da população:
Em declarações à DW África, o presidente da ANATA, instituição que defende os direitos dos operadores de táxi em Angola, disse que as autoridades angolanas têm 24 horas para dar resposta à preocupação.
Geraldo Wanga afirma que as enchentes nos postos de abastecimentos está causar transtornos aos operadores de táxi. "Infelizmente trabalha-se das 05h00 às 14h00 e fica-se nas bombas das 14h00 às 23h00. No dia seguinte tem que se ter disposição física e mental para começar com atividade às 05h00, isso se conseguir abastecer o carro. Há casos em que um indivíduo chega perto do posto de abastecimento e o combustível acaba", lamenta Geraldo Wanga.
Despedimentos compulsivos
Segundo o presidente da ANATA, a paralisação visa, por outro lado, exigir das autoridades do país mais seridade e responsabilidade nos seus atos. "Podemos até suportar a escassez de combustível. A dificuldade de mobilidade ninguém vai suportar porque as consequências são grandes", sublinha.
"Há pessoas que estão a ser despedidas compulsivamente pelo facto de consequentemente, numa só semana, faltarem três vezes ao serviço devido à falta de táxis, causada pela escassez dos combustíveis", revela.
O taxista Geraldo Wanga esclarece que não estão a pedir combustíveis de graça. "Estamos a pedir que, em todos os municípios da província de Luanda, o executivo crie condições de ter postos de abastecimento exclusivo para os transportes públicos, de modo a garantirmos a mobilidade de pessoas e bens".
Se a crise dos combustíveis continuar e se o governo não criar condições que os candongueiros exigem, a paralisação vai prolongar-se até ao fim da próxima semana.
"Segunda-feira vamos retomar as atividades por ser o primeiro dia de trabalho da semana, para não prejudicarmos os nossos pobres e sofredores irmãos angolanos, para não terem duas faltas na segunda-feira. Vamos trabalhar segunda e terça-feira e na quarta, quinta e sexta-feira vamos paralisar outra vez, se as condições não forem resolvidas", explica.
Mesmo sem a Sonangol, Isabel dos Santos ainda tem um império empresarial
A mulher mais rica de África, filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, foi exonerada da liderança da petrolífera estatal angolana. Mas continua a ter uma grande influência económica em Angola e Portugal.
Foto: DW/P. Borralho
Bilionária angolana diz adeus à Sonangol
A 15 de novembro, Isabel dos Santos teve de renunciar à presidência do conselho de administração da Sonangol. Em meados de 2016, o seu pai, o então Presidente José Eduardo dos Santos, nomeou-a para liderar a companhia petrolífera estatal. A nomeação era ilegal aos olhos da lei angolana. O novo Presidente angolano, João Lourenço, estava, por isso, sob pressão para demitir Isabel dos Santos.
Foto: picture-alliance/dpa
Carreira brilhante à sombra do pai
Isabel dos Santos, filha de José Eduardo dos Santos e da sua primeira mulher, a jogadora de xadrez russa Tatiana Kunakova, nasceu em 1973, em Baku. Durante o regime do seu pai, no poder entre 1979 e 2017, Isabel dos Santos conseguiu construir um império empresarial. Em meados de 2016, a liderança da Sonangol, a maior empresa de Angola, entrou para o seu currículo.
Foto: picture-alliance/dpa
Conversão aos princípios "dos Santos"
Isabel dos Santos converteu o grupo Sonangol, sediado em Luanda (foto), às suas ideias. Nomeou cidadãos portugueses da sua confiança para importantes cargos de gestão e foi muito criticada pela ausência de angolanos em posições-chave na empresa.
Foto: DW/N. Sul d'Angola
Presença firme nas telecomunicações
Mesmo após o fim da sua carreira na Sonangol, Isabel dos Santos continua forte no meio empresarial: possui 25% da UNITEL desde o seu lançamento, em 2001, a empresa tornou-se a principal fornecedora de serviços móveis e de internet em Angola. Através da UNITEL, dos Santos conseguiu estabelecer vários contactos comerciais e parcerias com outras empresas internacionais, como a Portugal Telecom.
Foto: DW/P. Borralho
Redes móveis em Portugal e Cabo Verde
Isabel dos Santos detém a participação maioritária na ZON, a terceira maior empresa de telecomunicações de Portugal, através de uma sociedade com o grupo português Sonae. Também em Cabo Verde, dos Santos - com uma fortuna estimada em 3,1 mil milhões de dólares, segundo a revista Forbes - está presente nas telecomunicações com a subsidiária UNITEL T+.
Foto: DW/J. Carlos
Expansão com a televisão por satélite
Lançada em 2010 por Isabel dos Santos, a ZAP Angola apresenta-se como o maior fornecedor de televisão por satélite no país. Desde 2011, a ZAP está presente também em Moçambique, onde conquistou uma parcela importante do setor. Em Moçambique, a empresa compete com o antigo líder de mercado, a Multichoice (DSTV), da África do Sul.
Foto: DW/P. Borralho
Bancos: o segundo pilar do império
Atrás das telecomunicações, o setor financeiro é o segundo pilar do império empresarial de Isabel dos Santos. A empresária detém o banco BIC juntamente com o grupo português Américo Amorim - o empresário português conhecido como "o rei da cortiça" que morreu em julho de 2017. É um dos maiores bancos de Angola, com cerca de 200 agências. É também o único banco angolano com agências em Portugal.
Foto: DW/P. Borralho
Com a GALP no negócio do petróleo
Também no petróleo, dos Santos fez parceria com Américo Amorim. Através da empresa Esperanza Holding B.V., sedeada em Amesterdão, a empresária angolana está envolvida na Amorim Energia que, por sua vez, é a maior acionista da petrolífera portuguesa GALP. A GALP também administra os postos de gasolina em Moçambique (na foto) e em Angola onde, curiosamente, compete com a Sonangol.
Foto: DW/B.Jequete
Supermercado em Luanda
Em 2016, abriu em Luanda o Avennida Shopping, um dos maiores centros comerciais da capital angolana. Várias empresas do império dos Santos operam neste centro comercial, como o Banco BIC, a ZAP e a UNITEL. Assim, a empresária beneficia em várias frentes do crescente mercado de bens de consumo em Luanda.
Foto: DW/P. Borralho
350 milhões de dólares em supermercados
Uma das maiores lojas do Avennida Shopping é o hipermercado Candando. É operado pelo grupo Contidis, controlado por Isabel dos Santos. Nos próximos anos, deverão ser construídos em Angola vários Candando. No total, a Contidis quer investir mais de 350 milhões de dólares nas filiais.